Bons hábitos de sono: como ajudar as crianças a adquiri-los

por Ceres Araujo

Na infância, com a maturação e desenvolvimento do sistema nervoso, o sono passa por modificações constantes. No recém-nascido observam-se ciclos de sono de 1 a 4 horas intercalados por 1 a 2 horas de vigília, independentemente do dia ou da noite, sendo o total de sono de 16 a 20 horas. No 3º mês de vida, o bebê já pode ser ensinado a dormir mais tempo à noite, tendo 2 períodos de sono durante o dia. No 2º e 3º ano de vida, o total de sono costuma diminuir para 12 horas, incluindo uma soneca durante o dia.

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A quantidade de sono tende a manter-se igual nos 3 anos subsequentes, mas sem a soneca diurna. Começa também a existir uma diferença entre as horas de sono durante a semana e as horas de sono no fim de semana. Na adolescência, a média de sono é de 9 horas, observando-se um esquema de horários irregulares. Privação de sono acarreta aumento de sonolência durante o dia e atraso do sono à noite.

Bons hábitos de sono garantem crescimento, estabilidade do metabolismo do organismo, regulação do humor, melhor controle sobre os impulsos, mais capacidade de lidar com situações de estresse, mais possibilidades de aprendizado… Bons hábitos de sono decorrem de adequados condicionamentos.

Os pediatras costumam orientar os pais a respeito da rotina de sono dos seus filhos. Sabe-se que quando a rotina estabelecida pelo médico foi seguida, os filhos conseguiram descansar no horário certo, o que também colabora para que os pais descansem o tempo necessário.  Rotinas são precisas ao longo do crescimento das crianças, adequadas às necessidades de sono delas.

Crianças estão dormindo menos

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Estudos atuais estão mostrando que as crianças estão dormindo menos, tendo mais dificuldade com o horário de ir para a cama e que seus pais são consumidos pelo tempo para conseguirem fazer com que os filhos adormeçam. Além disso, muitas crianças tem o sono “picado”: acordam durante a noite, várias vezes, e perambulam pela casa até a cama dos pais. Pais exaustos deixam a criança dormir junto a eles e muitos por nem perceberem a chegada das crianças. Em alguns casos, um dos pais deixa a criança em seu lugar e vai dormir na cama do filho. Maus hábitos de sono são instalados dessa forma e se tornam difíceis de serem modificados, com ônus sério para filhos e pais.  

Inúmeros fatores podem acarretar problemas com o sono da criança. A passagem do berço para a cama costuma alterar a rotina do sono, pois a maior liberdade dada pela saída livre, faz com que ela experimente exercer a autonomia recém-ganha. A fase de retirada da chupeta, a fase de pesadelos, a fase de sonambulismo, dores e resfriados também interferem com os hábitos de sono. São situações que devem ser apropriadamente atendidas para depois se voltar logo à rotina condicionada.

As dificuldade de fazer a criança dormir na hora certa são queixas frequentes dos pais. Muitas vezes de pais que, por terem muitas horas de trabalho, chegam às suas casas cansados, mas que se propõem, ainda, a brincar com seus filhos. Se a criança se excitar com as brincadeiras, e é o que geralmente acontece, fica difícil parar e ir dormir. Na cama, ela ainda pedirá que deitem junto, que deem a mão, que contem histórias etc com o intuito claro de prolongar a interação.

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Atualmente, com o acesso facilitado aos tablets e aos celulares, as crianças podem “dispensar” os pais, trocando-os pelos desenhos, vídeos, jogos e músicas. Excitam-se sobremaneira pelo écran junto a seus olhos, custam a dormir, fixadas nas imagens e muitas têm pesadelos.

Bons hábitos de dormir precisam ser instalados nos primeiros anos de vida e depois mantidos ao longo da infância com os devidos ajustamentos. Eles são importantes para garantir saúde física e mental e não podem ser desconsiderados pelos pais. Com frequência o condicionamento dos horários e formas de dormir constituem tarefa árdua para os pais, tarefa da qual eles não podem se alienar. O aspecto positivo dessa tarefa dos pais, vale lembrar, decorre do fato de que criança muda rápido, se exposta a atitudes estáveis e firmes dos pais em termos de educação. Isso pode ser um fator de motivação para que os pais não desistam dessa empreitada, visando a uma vida mais saudável para suas crianças e ao sossego deles.