Brincadeiras infantis fazem bem ao cérebro

Por Marta Relvas

 O cérebro infantil em desenvolvimento é plástico, ou seja, capaz de reorganizar-se em padrões e sistemas de conexões sinápticas para melhor adequar o organismo em crescimento às novas capacidades intelectuais e comportamentais da criança.  Permite que a criança tenha uma qualidade de estímulos através do ato de brincar, pois as brincadeiras infantis são ferramentas fundamentais para o desenvolvimento de novas conexões neurais.

Continua após publicidade

Importante pensar e reconhecer que a escola é um espaço de múltiplos estímulos para o cérebro da criança, e é nela que se promove o desenvolvimento para a *autopoiese da aprendizagem, que se constrói em bases afetivas. A aprendizagem acontece à medida que os neurônios são estimulados e respondem a um potencial de ação.

No processo da aprendizagem as terminações nervosas captam os estímulos e levam para o sistema nervoso central. São estruturas especializadas que podem ser morfologicamente e funcionalmente diferentes.

Terminações nervosas motoras – promovem o movimento muscular, alcançam diferentes regiões por meio dos nervos espinais e cranianos. Sua junção entre as fibras musculares, recebem o nome de junções neuromusculares e são responsáveis pela prontidão das habilidades finas.

Terminações nervosas sensitivas e receptoras – localizam-se nas extremidades periféricas (dendritos) dos neurônios sensitivos, monitoram as condições do meio interno (corpo) ou externo (ambiente).

Continua após publicidade

As funções de ambas é perceber estímulos e convertê-las em potencial de ação. Os estímulos são diferentes formas de energia existentes no ambiente que precisam ser transformados em linguagem compreensível para o sistema nervoso.

A aprendizagem não está presente apenas nos neurônios e terminações nervosas, mas na neuroglia – o termo glia que significa cola, que na concepção inicial era apenas colar e dar sustentação aos neurônios. Sabe-se que neurônios não regeneram o material genético, no entanto, a Neurociência vem mostrando que as funções das neuróglias são muito amplas. Para cada neurônio, há cerca de dez células da glia, ao contrário do neurônio, apresentam uma grande capacidade de divisão celular.  

Tipos de células neuróglias que estão envolvidos na aprendizagem:

Continua após publicidade

Astrócitos – são numerosas e conferem a maior parte do suporte estrutural para os neurônios do sistema nervoso central. Localizam-se principalmente nas fendas sinápticas, absorvendo neurotransmissores, diferentemente dos neurônios, os estímulos dos astrócitos é só química.

Oligodentrócitos – estas aparecem enroladas ao redor dos axônios do sistema nervoso central, sendo responsáveis pela formação da bainha de mielina. E no sistema nervosos periférico  pelas células neurolemas (célula de Schawann), formando um cordão de isolamento da célula.

Ependimárias – revestem o interior dos ventrículos e o canal da central da medula espinal.

A aprendizagem é uma função integrativa, na qual se relacionam o corpo, a psique e a mente para que o indivíduo possa apropriar-se da realidade de uma forma particular. Levando em consideração este fato, entende-se que o ser humano faz, sente e pensa. Por isso, é importante não somente focalizar as funções cerebrais e sua relação com os processos cognitivos, mas também entender que cada indivíduo terá a sua forma particular de processamento de informação, que não depende somente do cerebral, mas também está ligado no psíquico.

O desenvolvimento cognitivo é entendido, como um processo que permanentemente se transforma como resultado de contínuas reestruturas que ocorrem nas diversas interações que a pessoa estabelece. Existem momentos wp_posts nos quais a estimulação permite que algumas funções apareçam e se desenvolvam.

Conhecer as conexões neurais é imprescindível para que sejam elaboradas atividades, que desenvolvam suas funções motoras, sensitivas e cognitivas. É de suma importância que os profissionais envolvidos na educação compreendam que a ação comportamental de seu educando é fruto de uma atividade cerebral dinâmica.
Educar é uma tarefa complexa e que requer de seus educadores, dentre os diversos fatores, a competência e a dedicação. O maior desafio, no entanto, é planejar uma educação capaz de preparar o educando para essas transformações. A neurociência irá contribuir para a ação pedagógica por compreender as estruturas e o funcionamento do Sistema Nervoso Central.

* A teoria autopoiética tem como ideia básica um sistema organizado autossuficiente. Este sistema produz e recicla seus próprios componentes diferenciando-se do meio exterior. O termo Autopoiese foi criado pelos biólogos chilenos Humberto Maturana e Francisco Varela. A teoria Autopoiética tem sido aplicada em Imunologia, na interação homem computador, sociologia, economia, filosofia e administração pública.