Plenitude: sem preparo, é melhor

Por Samanta Obadia

Não há preparo para a felicidade nem para a dor; todos nós as sentimos como expectativas ansiosas, o que nos remete a outro lugar, afastado das sensações. Há uma dualidade de mundos em cada um de nós. Um, onde tudo o que acontece nos impressiona, e outro, onde criamos as coisas que nos pressionam. O mais preocupante é que tendemos a nos ocupar mais do segundo mundo.

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Em nossas fantasias, saímos do nosso próprio olhar para desejar o olhar do outro, negando assim os nossos desejos e sentidos, para viver, ilusoriamente, a vida dos outros. Uma real perda de tempo!

A única forma saudável de viver é estar presente no mundo integralmente com os meus sentidos e com a minha consciência, percebendo o que se passa em mim diante do contato que tenho com o que está do lado de fora. Há uma alegria e uma liberdade imensa nesta presença que nos confere um bem-estar inigualável.

Contudo, nos prendemos ao mundo de nossas ideias, de nossos preconceitos, de nossas fantasias e expectativas. Um lugar triste porque inexistente, um canto vazio que só é preenchido com ansiedades destrutivas que nos matam o tempo do ser no agora.

Estar na vida que se apresenta não é um movimento fácil, mas é possível e extremamente prazeroso. Comece por ativar algo simples em você, como sentir o ar entrando em suas narinas, perceber o gosto da água em sua boca, inalar o cheiro do mar ou sorrir diante da alegria do outro.

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Tente e não caia na tentação do invente!
Rime e sinta a poesia do som da linguagem ouvida.

Afinal, como filosofou o sábio Carlos Drummond de Andrade:
“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade”.