Burnout pode ser motivo para pedir demissão?

Por Roberto Santos

A busca de qualidade de vida no trabalho é cada vez mais importante para os profissionais e o quanto ela é possível de ser encontrada depende do binômio indivíduo x trabalho ou o equilíbrio almejado entre vida pessoal e profissional.

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Do lado positivo dessa equação encontramos organizações consideradas por seus membros como um ótimo lugar de se trabalhar, geralmente traduzido em altos índices de engajamento. Do lado oposto, encontramos organizações com altos índices de rotatividade – não conseguem reter seus melhores talentos – e altos índices de “burnout” como causa daquela rotatividade ou de sérios problemas de saúde.

“Burnout” é aquele nível mais alto de fadiga física e principalmente psicológica que afeta um número crescente de pessoas. O “burnout” tem três componentes ou sintomas: a exaustão (perda de energia), cinismo (perda de entusiasmo) e a ineficácia (perda de autoconfiança e capacidade de desempenho), mas não significa que a pessoa experimente os três simultaneamente para sofrer sérias consequências desse desgaste psicológico extremo.

As causas mais comuns ou prováveis do “burnout” são o assédio moral, cargas de trabalho irrealistas, liderança tóxica e/ou estressada, baixo nível de controle sobre o trabalho, poucos recursos organizacionais, maus tratos e clima com baixo apoio social, dentre outras. Sempre há que se considerar os dois lados – o indivíduo e a organização, mas o mais comum é o burnout ser provocado por variáveis organizacionais que o colaborador pouco pode fazer.

Empresas com altos índices de “burnout” e rotatividade são como áreas de alto risco de infecção. Notam-se pessoas desmotivadas e até mesmo infelizes com seu trabalho. E aqueles que acabaram de entrar não demoram muito tempo para serem contagiados pelos mesmos sintomas. E os efeitos são drásticos. A performance é prejudicada, os funcionários não ficam muito tempo na empresa e os que ficam correm o risco de ter a própria saúde prejudicada devido ao estresse e excesso de trabalho.

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Se você acredita estar em um ambiente de trabalho como esse, é importante fazer uma avaliação objetiva de como isso tem lhe afetado e se está prejudicando seu desempenho, sua motivação, sua vida fora do trabalho e, principalmente, sua saúde. Veja, a seguir, algumas perguntas que você pode fazer para si mesmo antes de tomar uma decisão sobre seu atual emprego:

Seu trabalho te inspira a ser a melhor versão de você?

O melhor ambiente de trabalho é aquele que oferece a oportunidade de aprendizado e desenvolvimento e que estimula os profissionais a darem o melhor de si. Bons líderes trabalham com sua equipe em prol do crescimento profissional de cada colaborador e dedicam esforços para que o ambiente de trabalho seja harmônico e produtivo. E o resultado desses fatores se reflete em funcionários motivados e engajados, melhores índices de performance e bons resultados nos negócios.

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Um cenário contrário a esse não só prejudica o próprio desenvolvimento profissional, como também o crescimento da empresa. Nesse caso, você têm duas opções: tentar ser o impulsionador da mudança ou pensar em si mesmo e buscar novas oportunidades em outro lugar.

A empresa para qual você trabalha está alinhada aos seus valores e interesses?

Ter os mesmos valores e interesses que a empresa é essencial para encontrar significado e propósito no seu trabalho. Se há divergências nesse quesito, o grande prejudicado nesse processo pode ser você.

Quando alguém não se enquadra na cultura da empresa, existe a possibilidade de esse profissional não conseguir o apoio que julga necessário para realizar seu trabalho com excelência e, consequentemente, sua performance é afetada. Nesse caso, os danos não se limitam ao período atual, mas eles podem ser prolongados por toda a carreira desse profissional.

Se você já se sente vítima do “burnout” e não se encaixa na cultura da empresa, talvez seja a hora de encontrar opções antes que sua saúde e sua vida familiar sejam prejudicadas.

Como você se vê no futuro dentro dessa organização?

Faça o exercício de analisar o ‘grande plano’. Tire um tempo para avaliar todo o seu percurso dentro dessa organização, suas conquistas, seus erros e aprendizados e tudo o que colheu durante esse período. Após essa reflexão, tente imaginar como pode ser o futuro nessa organização. A resposta pode ser crucial para uma tomada de decisão. Se não houver nenhuma expectativa de crescimento ou suporte para seu desenvolvimento profissional, talvez seja o momento de correr atrás do próprio sucesso.

Qual o custo do “burnout” para você nesse momento?

O “burnout” não prejudica apenas a performance dos profissionais no trabalho. Seus danos vão bem além disso. Ela afeta a saúde física e mental, as relações, a motivação e, no longo prazo, a carreira como um todo. São muitas as perdas quando se chega ao “burnout” e é preciso avaliar quantas delas seu emprego atual vale.

Se tiver dúvidas sobre como o “burnout” tem afetado você, fale com pessoas próximas, como amigos e familiares, e peça feedback de como “avaliam” você atualmente.

Você pode ter se acomodado ou se conformado com uma situação altamente desmotivadora ou estressante, e não se dá conta do impacto em seus comportamentos e saúde. A visão de pessoas ao seu redor, que se importam com você, pode ser de grande ajuda no momento de tomar uma decisão. Fazer uma avaliação dessas antes de estar totalmente “contaminado” e desgastado permite fazer uma mudança planejada, para evitar decisões puramente emocionais.

Chefes incompetentes e tóxicos são um dos fatores principais que levam profissionais a exaustão e prejudicam a performance da equipe e da organização.

Fonte: www.revistadorh.com.br