Viver sem dor? Que tal?

Por Oscar D’Ambrosio

Imagine uma pessoa que não sente nenhuma dor física, seja a queimadura na língua por um café muito quente ou um corte em um acidente com uma faca de cozinha. A situação, aparentemente bizarra, é a sustentação do interessante filme ‘Painless’, dirigido por Jordan Horowitz (2018/EUA).

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O protagonista vive obcecado pela possibilidade e encontrar o motivo dessa anomalia e, é claro, a cura.  Envolve-se com cientistas honestos e não tanto, assim como com usuários e traficantes de drogas. Mas o que muda a sua vida é conhecer o amor, representado pela carismática atriz Evalena Marie.

Outras possibilidades de vivenciar a existência  

Essa relação não é uma paixão infantil, mas uma ‘distração’ em sua meta de cura que o faz conhecer outras possibilidades de vivenciar a existência, inclusive pensando em ajudar crianças que sofrem desse ou de outros males semelhantes. Em última, análise o aceitar-se diferente o faz se aproximar do mundo.

Viver sem dor, que poderia parecer uma benção, é tratado como uma maldição. E a procura por maneiras de se livrar dela não conduz inicialmente a uma redenção, mas a um mergulho num inferno de dores psicológicas e de frustração, talvez muito pior do que a questão meramente física. O discutir esses diferentes tipos de dores, da causada por uma simples queda à gerada pela derrota da ciência e da tecnologia ao lidar com o diferente, já torna o filme imprescindível.

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Fonte: Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie.