Café verde pode ser aliado da boa forma

por Jocelem Salgado

O café é a segunda bebida mais consumida no mundo, após a água. Principalmente pelo seu aroma agradável, sabor e a coloração marrom/preta resultantes de diversas modificações químicas proporcionadas pelo processo de torragem.

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Dentre as diversas espécies de café, as variedades *Arábica e Robusta representam, respectivamente, cerca de 60 e 40% da produção mundial.

Além das diferenças de manejo e cultivo, estes dois tipos de café são distintos quanto composição química e característica da bebida. A infusão do café Robusta apresenta flavor mais intenso, maiores teores de antioxidantes e cafeína. No entanto, em termos de bebida, o aroma e a qualidade do café Arábica são superiores a variedade Robusta, segundo apreciadores.

Apesar de o café ser consumido primordialmente devido ao seu flavor (sensação fisiológica da interação do paladar e olfato) e propriedades estimulantes, pesquisas têm indicado que o consumo de café está associado a benefícios à saúde, incluindo, a redução na incidência de diversas doenças crônico-degenerativas, como câncer, desordens cardiovasculares, diabetes e doença de Parkinson. Dentre os compostos existentes no café, a cafeína e os ácidos clorogênicos têm sido listados como os principais responsáveis pelos efeitos benéficos observados.

Estudos recentes têm demonstrado que os teores desses ácidos, bem como de cafeína, são maiores no café verde, em virtude de não sofrerem torragem, e por conta disso não são expostos a altas e drásticas temperaturas durante o processo de torrefação empregadas para torrar os grãos. A perda dos ácidos clorogênicos pode chegar até a 95% dependendo do processamento aplicado, sendo a variedade Robusta a mais rica em cafeína e ácidos clorogênicos.

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Dentre os estudos envolvendo o café verde têm se destacados nos últimos anos as pesquisas direcionadas ao combate da obesidade e diabetes, porém seus efeitos benéficos foram também avaliados sobre a hipertensão (pressão alta), inflamação e doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.

Apesar de suas implicações sobre a redução de risco de doenças, o café verde, tem ganhado adeptos principalmente dentre os consumidores que desejam controlar ou perder massa corporal.

Onde encontrar o café verde?

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No mercado, o extrato de café verde pode ser encontrado integrando à composição de **algumas bebidas, ou sob a forma de cápsulas e pós, (porém não se iluda do efeito benéfico com o consumo dessas cápsulas, pois não há ainda nenhuma comprovação que tenha um embasamento cientifico). Além disso, o efeito do consumo de café verde somente como aliado no emagrecimento só é valido mediante a uma reeducação alimentar acompanhada da prática de exercícios físicos.

Compostos presentes no café verdes aliados da boa forma

Alguns estudos têm implicado que os ácidos clorogênicos, podem aumentar a atividade lipolítica (quebra da molécula de gordura) do organismo, induzindo assim a perda de gorduras e consequentemente o peso excedente. Há indícios também de que a ingestão deste extrato possa retardar a liberação do açúcar no sangue (um benefício importante aos diabéticos), bem como seu acúmulo, fatores que também reduziriam o ganho de peso.

Os altos teores de cafeína presentes no café verde podem ser igualmente responsáveis pela perda de gordura. Ao oferecem maior dificuldade de digestão, substâncias termogênicas como a cafeína, requerem que o organismo consuma maior quantidade de energia, o que consequentemente acelera o metabolismo, aumenta a temperatura corporal e induz a uma maior queima de gordura.

Porém fique atento! A ingestão do café verde deve ser realizada com cautela e moderação. Ao conter duas vezes mais cafeína do que o café tradicional, o uso exacerbado deste suplemento ou bebida, pode também induzir a arritmias, aumento da ansiedade, insônia, gastrite, úlceras e nervosismo. Por isso consulte um médico ou nutricionista antes de fazer uso do produto.

É importante ressaltar que as pesquisas sobre os efeitos do café verde sobre a hipertensão foram realizadas com o produto descafeinado, uma vez que a cafeína deve ser evitada por quem sofre de pressão alta.

Apesar dos resultados promissores, ainda são necessários mais estudos que comprovem a eficácia do consumo do café verde, seja na perda de peso ou na redução de risco de diabetes, hipertensão e ou doenças neurodegenerativas.

* Os cafés existentes no supermercado, como por exemplo, Pilão, são em geral blend (misturas) de café. Isto é, contém em sua composição diferentes proporções (a critério da marca ) de café arábica e robusta – também conhecido como conilon. No entanto, há no mercado, principalmente na linha de produtos gourmet, produtos que ofereçam somente um dos tipos de café, basta ficar atento às rotulagens.

** No Brasil o uso do extrato de café verde ainda é incipiente e limita-se às bebidas da rede Starbucks. No entanto, em outros países o consumo é mais difundido estando presentes em chás e sucos. A Nescafé inclusive lançou nos EUA café verde instantâneo. Infelizmente, por enquanto, os brasileiros estão limitados ao consumo das bebidas do Starbucks e produtos importados, ou às cápsulas e pós de café verde existentes nas farmácias do país.