Carboidrato não engorda, mas sim o acompanhamento

por Adriana Kachani

É incrível a quantidade de pessoas que recebo no meu consultório questionando se devem comer carboidratos. Agora, com esta coluna no Vya Estelar, outros tantos me escrevem diariamente que não consomem carboidratos porque eles engordam. Existe ainda a turma que não come carboidratos à noite. Aliás uma atitude engraçada: durante o dia, o consumo é liberado – independente de quanto se come – à noite, eles viram seres extremamente perigosos, como se microvilões estivessem de braços cruzados esperando o horário fatídico das 18h00 para atacar…

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Sempre questiono essas pessoas o que realmente elas estão querendo dizer quando falam sobre carboidratos. Normalmente estão se referindo a alimentos do grupo dos energéticos: trigo e seus derivados, como farinha, pão, macarrão. Entram ainda neste grupo todos os cereais, tais como arroz, milho, aveia, cevada e outros. E não vamos nos esquecer dos tubérculos: batata, mandioca, mandioquinha, cará, inhame, abóbora… Mas são justamente esses alimentos a base da pirâmide alimentar, o instrumento de trabalho mais importante das nutricionistas do mundo todo! Sendo eles a base da pirâmide, devem ser a base da nossa alimentação.

Os energéticos, como o próprio nome diz, fornecem as energias para nossos esforços cotidianos: andar, correr, subir escadas, brincar, fazer ginástica… Mas também fazem nosso coração bater, o pulmão "respirar", o cérebro funcionar – o que justifica seu consumo à noite também. Quando estamos dormindo, toda a "máquina", que é nosso organismo, precisa continuar trabalhando. Costumo comparar os alimentos energéticos a gasolina de um carro. Se não tivermos uma quantidade suficiente de energéticos durante à noite, como vamos realizar nossas funções vitais de respiração, batimento cardíaco e outros?

Não podemos desprezar também outros usos desse grupo de alimentos. Seu alto teor de fibras, responsáveis pela motilidade intestinal e formação do bolo fecal. Fibras esstas que "aprisionam" colesterol e os fazem ser eliminados pelas fezes. Os energéticos contém também um teor muito alto de vitamina B6, responsável, entre outras coisas, pela modulação do humor, uma vez que é precursora de neurotransmissores importantes para não ficarmos deprimidos ou não termos compulsões alimentares. Tudo a ver com o controle da dieta não é mesmo?

Continuo a afirmar que carboidratos são inofensivos. Como o nome já diz, são moléculas de carbono que se juntam com moléculas de água. Isso quer dizer carbonos hidratados. Este é o nutriente mais abundante na Terra, visto que é um dos produtos finais da fotossíntese. Ou seja, todo alimento do reino vegetal possui carboidrato, porém, um carboidrato integral, ou seja, na sua versão original os carboidratos não foram refinados pela indústria, estão ainda meio escurinhos e "feinhos", mas sem dúvida alguma, na sua versão mais saborosa e rica em nutrientes já citados anteriormente.

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Até aqui estamos falando dos alimentos energéticos quando consumidos na sua forma original. Vale lembrar, que culturalmente temos o hábito de aperfeiçoar as preparações, o que significa, quase sempre, adicionar gordura – essa sim, muito rica em calorias, mas que confere um paladar muito melhor a todos os alimentos. Quem estipulou que após cozinhar o macarrão é absolutamente necessário jogar um pouco de gordura – seja azeite, óleo ou manteiga – para deixá-lo mais soltinho? O molho, que contém um teor alto de água, se encarregará sozinho disso. Depois temos que levar em conta também qual o tipo de molho que iremos adicionar: um molho ao sugo pode ser bem leve, ao contrário do molho branco ou quatro queijos, repleto de gorduras.

O mesmo raciocínio vale para todos os outros alimentos do grupo. O pão, por si só, não engorda. Mas o que vamos passar sobre ele? O arroz, ele é integral ou é o refinado? Este arroz ele é simples, ou você adicionou legumes em cubos (ótima opção)? Ou é um risoto, com creme de leite e queijo parmesão? É uma bolacha integral, com fibras ou uma bolacha recheada cheia de gorduras trans?

Precisamos saber separar o "joio do trigo". E viva o carboidrato!

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