Compulsão alcoólica: como lidar com o binge drinking?

por Danilo Baltieri

"Fico intervalos de quinze dias ou mais sem beber. Estes intervalos variam de 21, 40, 60, 70 ou até mesmo 100 dias sem beber. Mas quando bebo, tomo umas 15 latas de cerveja em 12 horas. Tenho 45 anos. Em longo prazo, de que forma isto pode comprometer minha saúde?"

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O que é binge drinking?

Resposta: “Binge Drinking” é um beber episódico, durante o qual uma grande soma de bebidas é consumida em um curto período de tempo. A definição mais popular para esse termo é “o consumo de mais do que 60 gramas de álcool etílico por um adulto do gênero masculino em uma mesma ocasião”.

Previamente, segundo alguns autores, esse termo pressupunha o quadro de consumo “fora de controle” de bebidas alcoólicas durante dois ou três dias, ou mesmo em um final de semana. Outros pesquisadores definiam como o consumo de mais do que 60 gramas de álcool etílico por homens e mais do que 50 gramas de álcool etílico por mulheres em um mesmo momento. Tais bebedores podem ou não se sentir intoxicados durante esses episódios, dependendo da duração do período de consumo continuado.

Hoje, o National Institute of Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA) define “binge drinking” como o padrão de beber bebidas alcóolicas que provoca uma concentração alcoólica sanguínea igual ou acima de 0.8 g/L. Isso significa, em um adulto típico, um consumo de 70 gramas de etanol ou mais para homens ou de 56 gramas ou mais para mulheres em um período de 2 horas.

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Outros termos como “beber periódico de alto risco” ou “beber pesado episódico” também podem ser utilizados.

De qualquer forma, o consumo pesado de bebidas alcoólicas (você bebe, de forma episódica, cerca de 170 gramas de álcool em 12 horas, dependendo da concentração alcoólica da cerveja consumida) pode trazer efeitos bastante nocivos para a sua saúde.

Beber pesado: danos e riscos

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O álcool etílico é uma substância tóxica que pode causar danos à quase qualquer sistema orgânico. De fato, um corpo crescente de evidências epidemiológicas tem demonstrado, de modo consistente que o “beber pesado episódico” está associado a uma gama significativa de situações adversas tais como: danos à saúde física, comportamento sexual de risco, gravidez indesejada, infarto agudo do miocárdio, overdose alcoólica, quedas, violência (incluindo brigas, violência doméstica e homicídios), acidentes de trânsito, problemas psicossociais (ex. na família e trabalho), comportamento antissocial e dificuldades escolares, tanto em jovens como na população em geral.

Além disso, o “beber pesado episódico” está associado a um aumento da mortalidade por todas as causas de doenças cardíacas e está relacionado a um risco maior para transtornos psiquiátricos, câncer e doenças gastrointestinais. Além disso, frequentes episódios de desintoxicação podem induzir aberrante plasticidade neuronal, provocando alterações nas atividades cognitiva e afetiva.

Recomendo a leitura do seguinte artigo científico:

1. Farke, W., & Anderson, P. (2007). Binge drinking in Europe. Adicciones, 19(4), 333-339.

2. Stephens, D. N., Ripley, T. L., Borlikova, G., Schubert, M., Albrecht, D., Hogarth, L., & Duka, T. (2005). Repeated ethanol exposure and withdrawal impairs human fear conditioning and depresses long-term potentiation in rat amygdala and hippocampus. Biol Psychiatry, 58(5), 392-400.