Entenda a influência dos relacionamentos amorosos no uso de álcool e drogas

Da Redação

Na literatura científica, há diversos estudos que mostram que o casamento é um forte fator protetor do uso e abuso de álcool e outras drogas. No entanto, qual é a associação entre os diferentes tipos de relacionamentos (por exemplo, ser casado ou morar com um parceiro sem estar casado) e o consumo destas substâncias?

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Estudo recém-divulgado pelo CISA – Centro de Informações sobre Saúde e Álcool procurou responder esta pergunta. A pesquisa revela que a qualidade do relacionamento, a adoção dos padrões comportamentais do parceiro e a interação entre essas duas variáveis estão associadas ao uso de álcool e outras drogas por jovens adultos. Além disso, a pesquisa indica que os relacionamentos amorosos exercem um importante mecanismo de regulação dos padrões de uso dessas substâncias no início da vida adulta.

O estudo acompanhou 909 estudantes do ensino fundamental e médio de dez escolas públicas norte-americanas por até dois anos após o término do ensino médio. Entrevistas pessoais e questionários foram utilizados para avaliar o consumo de substâncias psicotrópicas. A pesquisa considerou os seguintes tipos de relacionamentos: casamento, coabitação sem casamento, namoro sem coabitação e ser solteiro. Também foram investigados o uso de drogas pelo parceiro, a qualidade do relacionamento e a interação entre essas duas variáveis.

As principais conclusões foram:

– Os três tipos de relacionamentos (casamento, coabitação sem casamento e namoro sem coabitação) apresentaram associações com redução do beber pesado*;

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– Os casados, em comparação aos que apenas namoravam, registraram uma frequência significativamente menor de episódios de beber pesado;

– A interação entre a qualidade do relacionamento e o uso de drogas pelo parceiro foi considerada estatisticamente significativa para o beber pesado e o uso de maconha.

Quando um dos parceiros nunca bebia ou bebia pouco, esse considerava seu relacionamento de melhor qualidade quando seu parceiro fazia menos uso pesado de álcool. Por outro lado, quando o parceiro bebia frequentemente, o indivíduo considerava seu relacionamento de melhor qualidade quando havia um maior consumo pesado de álcool. De acordo com os autores, o estudo indica, assim, que o consumo de álcool por um indivíduo pode ser influenciado pelo comportamento de seu parceiro e isso refletiria em sua percepção sobre a qualidade do relacionamento.

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Outro resultado importante diz respeito aos fatores de riscos para o uso frequente de substâncias psicotrópicas entre os jovens solteiros. O ganho de autonomia trazido pela vida adulta e a influência exercida por um parceiro podem representar uma maior exposição ao consumo de álcool e outras drogas.

Além disso, o fato de os solteiros passarem mais tempo em eventos sociais, com o objetivo de encontrar um parceiro e estabelecer um relacionamento social, possivelmente aumentaria a frequência do beber ou do uso de drogas.

* Definido como o consumo de quatro ou mais doses-padrão de álcool** para mulheres e cinco ou mais doses para homens.
** Uma dose-padrão de bebida alcoólica (350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 50 ml de destilado) equivale, aproximadamente, a 12 g de álcool puro.

Título: Romantic Relationships and Substance Use in Early Adulthood: An Examination of the Influences of Relationship Type, Partner Substance Use, and Relationship Quality.
Autores: Fleming BC, White HR, Catalano FR.
Fonte: J Health Soc Behav, 2010