Como lidar com o resultado negativo e motivar-se para enfrentar nova maratona de estudos?

por Marta Relvas

Conhecer o funcionamento do sistema nervoso central, especificamente o cérebro humano em seus aspectos evolutivos, muitas das vezes pode nos dar "pistas" de como se administrar situações emocionais quando tudo aparentemente dá errado.

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Nós humanos criamos expectativas, pois temos um artefato cerebral estrutural anatômico e fisiológico na parte superior do encéfalo ou telencéfalo, denominado córtex pré-frontal, que nos habilita e capacita para tal tarefa cognitiva.

Todos os animais vertebrados possuem esta área cerebral, porém o único que recebeu mais uma e fina camada de células neurais especializadas foram os humanos. Pois é, daí o grande abismo, se é que se pode ser tratado assim, entre a razão e a emoção.

Num outro aspecto neurofisiológico, nossos cérebros são constituídos por estruturas emocionais e de recompensa, denominada de sistema límbico, local onde residem nossas relações afetivas e emocionais intrínsecas, inconscientes, e não acessamos. Só nos promovem reações neuroendócrinas orgânicas e nos deixam vulneráveis ao estresse quando ocorrem emoções negativas.

A existência humana é pautada em acertos e erros, querer e não querer, viver ou morrer. Nós humanos somos os únicos animais capazes de identificar nossos desejos e sonhos. E quase sempre tentamos conquistá-los dentro dos nossos padrões previamente modelados pelos aspectos biogênicos, psicogênicos e sociogênicos no contexto de nossas existências. Quando estes desejos não acontecem da maneira esperada, muitas das vezes transformamos estas emoções negativas em sentimentos de frustrações.

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Como superar resultado desfavorável no Enem?

E uma situação que pode causar o maior índice de frustração em um jovem é quando os resultados do Enem não são favoráveis às suas expectativas. Vejamos abaixo como os jovens tornam-se vulneráveis à esse sentimento de frustação:

O ritual de passagem da educação básica para a educação superior não é uma caminhada fácil, pois demanda aprendizados cognitivos, emocionais e contextos sociais de oportunidades, que nem sempre são acessíveis. Mas os sonhos existem! Todos querem conquistar o tão sonhado diploma de "doutor" e serem respeitados como "tal" no mercado de trabalho e na sociedade.

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Vamos entender o que acontece com o nosso cérebro quando gatilhos emocionais são disparados e perdemos o controle emocional e nos frustramos diante da situação?

Essas reações são saudáveis por incrível que pareça! Sinal de que o corpo reage aos estímulos.

O medo é químico e acontece nos circuitos cerebrais, nas trocas neuroquímicas entre as células neurônios e na zona que nos protege involuntariamente do perigo, as amígdalas cerebrais. Desde que seja direto e real, é perfeitamente normal se proteger. A questão é:

 

O medo te estimula a continuar ou te paralisa diante do ocorrido?

Ao sentir-se ameaçado, o indivíduo acelera o metabolismo, o corpo lança uma corrente de hormônios vasoconstrictores e aceleradores de frequências cardíacas, aumentando assim, nossas expectativas diante da situação.

Aqui deixo algumas dicas para se usar mais as estruturas cognitivas a favor do planejamento de suas ações em busca da autonomia de bons resultados.

Considere os 5 " R"

1 – Reflitir sobre os erros que foram cometidos para solucioná-los.

2 – Recodificar e reaprender novos conceitos, novas ideias, organizar informações de modos diferentes a fim de que assimilar melhor os contextos dos conteúdos.

3 – Reforçar o que é sempre importante lembrar e saber no decorrer dos estudos, conforme os conteúdos trabalhados.

4 – Rever e reestruturar o que já aprendeu e revisar sempre.

5 – Recuperar o que foi aprendido, usando a memória por meio de dicas, lembrando dos conteúdos anteriores, exemplificando.

Considerações finais:

O cérebro tem um mecanismo que esvazia a si mesmo para aprender mais, ele é analógico e fiel escudeiro para nos promover as novas aprendizagens. Então, como diz o ditado popular: "Bola para frente"!

Caso não consiga superar o sentimento de frustração, busque ajuda com profissionais que cuidem da saúde emocional do cérebro e da mente.

Consulta bibliográfica:

Relvas, Marta P. Sob o Comando do Cérebro – entenda como a Neurociência está no seu dia a dia. Editora WAK, 2014, Rio de Janeiro.