Vamos resgatar aqueles comportamentos ‘mesquinhos’?

por Regina Wielenska

Um prato bastante popular e substancioso da culinária espanhola, a tortilla, pode se fazer com restos de batata frita e ovo batido.

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Os franceses apreciam o pain perdu, equivalente da boa e velha rabanada dos portugueses.

Um pirão preparado com caldo de cabeça e espinha de peixe pode ficar bom demais.

Pudim de pão se faz com sobras, obviamente, de pão.

O arroz de forno na segunda-feira junta restos de arroz e frango do almoço do dia anterior.

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Talo de beterraba refogado é uma delícia.

Banana madura e com manchas certamente pode virar bolo.

Sobras de folhas e de cascas de legumes, se bem temperadas e fervidas, são transformadas em sopa cremosa, um agrado ao estômago nos dias frios.

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Mas por que falo desse reaproveitamento de alimentos? O Brasil atravessa séria crise econômica, o desemprego grassa, os preços sobem no mercado, o dinheiro ficou curto. Sinto que é hora de retomarmos práticas que eram correntes três ou quatro gerações passadas.

Atualmente poucos valorizam as sobras de alimentos in natura ou já preparados. Na verdade estamos jogando muito dinheiro fora quando desperdiçamos alimentos. Há gente que sente vergonha de pedir ao garçom que coloque numa embalagem pra viagem o que sobrou do almoço. Eu costumo dizer: ou se aproveita a quentinha no dia seguinte (em casa mesmo) ou a refeição deverá ser doada imediatamente a quem estiver nas ruas, em condição de precariedade. Jamais o destino da comida deveria ser o lixo.

Luz acesa sem necessidade, água limpa da máquina de lavar roupa sendo jogada fora, roupa boa sendo abandonada por que saiu de moda. Isso não pode passar em brancas nuvens, é hora de repensarmos nossas práticas, revermos o (des)respeito que temos pelos recursos naturais e manufaturados.

Vamos resgatar aqueles comportamentos que nos pareciam mesquinhos?

Espertos eram nossos bisavós. Com tão pouco de recurso material deram educação aos filhos, forjaram gente de caráter, com maior tolerância à frustração, trabalhadores e engenhosos. Está mais do que na hora de fazermos o que eles faziam, surfar com sabedoria os tempos de escassez.