Copa do Mundo: não vale a pena ser favorito

por Renato Miranda

Em véspera de Copa do Mundo é natural que expectativas em torno de quais seleções possam vir a ser campeã dominem as discussões sobre o assunto. O Brasil como anfitrião e pela sua história em Copas naturalmente é um dos grandes favoritos.

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A pergunta é: vale a pena ser favorito, mostrar força e com isso gerar otimismo e ao mesmo tempo intimidar adversários?

Resposta objetiva: não!

Explico: quando se trata de competição de alto nível, principalmente, ao menos as equipes tradicionais se apresentam com times fortes, em consequência, assumir favoritismo contra equipes fortes é um perigo. Principalmente quando se trata de futebol, um esporte que não é incomum acontecer surpresas em relação a resultados.

Por outro lado, assumir favoritismo é em pressuposto, aumentar pressão psíquica e ao mesmo tempo tendência em desmobilização psicofísica (distração mental, treinamentos sem intensidade, perturbação na concentração, motivação e outros). Além disso, a pretensa alegação de que assumir favoritismo aumenta a autoconfiança é arriscar cair em seu excesso e com isso desprezar "perigos" iminentes neste caso, derrotas inesperadas.

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Algumas Copas anteriores nos mostram o quanto o favoritismo é perigoso. Lembremos 1982, 1998 e 2006 para citar algumas!

Ademais a pretensão da intimidação, em função do apoio da torcida e do próprio favoritismo, simplesmente é desacreditar na alta qualidade de equipes de alto nível, portanto, mais perigo!

Ao contrário, prefiro que nossos atletas (e aqui falo de nossa Seleção) criem um cenário (estratégias) que não instiguem ou provoquem os adversários e ao mesmo tempo não oportunizem desmobilização psicofísica. Ou seja, criar um ambiente cuidadoso, concentrado e dissimulado em relação à própria força a fim de gerar certo mistério e com isso favorecer a vitória. Com adaptação dos escritos de Jerry Linch (psicólogo do esporte) proponho algumas estratégias.

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Cinco estratégias que favorecem a vitória:

1º) Liberdade do pensamento da vitória: Pensar a todo momento no jogo final, em ser campeão e algo do tipo que gera ansiedade e, ao contrário do que muitos pensam, não gera otimismo! O que proporciona otimismo é trabalhar e planejar para enfrentar todas as situações possíveis em cada jogo.

2º) Esconder a força: Quando se quer impor a força diante um adversário é preciso enganá-lo. É dizer que o time está cansado, quando está bem fisicamente, apontar o adversário como forte e com grandes chances, "mostrar" certa insegurança e outras possibilidades. De fato, neste caso, a equipe se sente exatamente ao contrário. Ou seja, muito forte! Esse é um cenário em que tudo que se puder fazer para refletir uma vulnerabilidade (falsa!) vale a pena.

3º) Flexibilidade é força: Já escutou a frase: "Não temos que nos preocupar com a maneira de jogar de ninguém, o adversário é que tem que se adaptar ao nosso jogo!" É justamente o contrário, para vencer é preciso ser flexível. Para cada tipo de adversário uma tática… Uma surpresa!

4º) Manter a motivação do grupo: confiar nas próprias forças, acreditar no plano de ação e na liderança do técnico é estratégia para a motivação da equipe. Para isso, treinos de qualidade e demonstração de conhecimento do tipo de desafio são fundamentais. Além disso, manter a consciência que a verdade da condição da equipe o adversário só conhecerá no campo de jogo!

5º) Nobreza e concentração: em um ambiente altamente competitivo e de muita repercussão midiática e emocional como é a Seleção Brasileira de futebol, o relacionamento interpessoal da equipe (todos os membros!), com mídia e torcedores é um exercício de educação e maturidade profissional. E mais, adversários devem ser enfrentados com vigor, mas ao mesmo tempo com lealdade e disciplina. Lembre-se: uma atitude indisciplinada pode por tudo a perder. Um atleta profissional tem de ser um nobre!

Por outro lado, cada jogador precisa se conscientizar que cada gesto em campo com qualidade só é possível de se realizar com total concentração. Além disso, treinos práticos e específicos de concentração para as diversas situações de jogo são fundamentais.

Estratégias simples – como é simples o jogo de futebol – não garantem a vitória, mas apontam o caminho!

Estratégias psicológicas

Exercicío da polaridade:

– Liberdade da vitória;

– Força e Relaxamento;

– Rigidez e Flexibilidade;

– Vulnerabilidade e Força;

– Aparência e Enigma.