Entenda a relação entre saúde do coração e respiração

por Nicole Witek

A cada sete minutos, no Canadá…
A cada 30 segundos nos Estados Unidos…
A cada  minuto no Brasil…

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Morrer do coração, infelizmente, se tornou muito comum e por isso as doenças cardíacas se tornam o campeão mundial da matança.

O Brasil aparece em 9º lugar na lista dos países cuja população morre mais em números absolutos por doenças cardíacas, que representam  um conjunto de doenças que abrange os problemas dos vasos do organismo, principalmente as artérias coronarianas (que nutrem o músculo cardíaco), as carótidas (que alimentam o cérebro) e as artérias que levam o sangue para as pernas.

As causas são reconhecidas: genética, diabetes, pressão arterial alta, fumo, estresse etc.

Se considerarmos mecanicamente o coração como uma bomba, parece que ele não tem a força suficiente para distribuir o volume do sangue para o corpo todo. O diafragma é o seu grande auxiliar nesse papel, atuando em conjunto com as contrações musculares, que o ajudam para que o sangue volte para cima, em direção ao coração, lutando assim contra a força da gravidade.

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Isso demonstra que é necessário que o diafragma tenha seu papel completo de pistão dentro do abdômen.

O médico aconselha que a pessoa faça esporte ou alguma atividade que fortaleça o músculo-coração. Temos uma vida tão sedentária que se tornou imprescindível dedicar tempo à prática de esportes, onde vamos mexer todas as articulações, trabalhar cada músculo, inclusive, o coração.

Essa atividade esportiva tem vantagens que não discutirei. Não é disso que quero conversar. Quero apontar o fato que, durante a prática de esporte, o ritmo respiratório é aumentado e a frequência respiratória e cardíaca aumentadas.

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Primeira pergunta:

Se ao nascer, como a filosofia do yoga disse, eu tenho um crédito, um número de respirações, uma dosagem para gastar ao longo da minha vida, uma dosagem que vai definir minha duração nessa encarnação, porque eu esvaziaria minha conta de maneira acelerada?

Segunda pergunta:

Durante a prática de esporte a amplitude respiratória é menor. Precisamos inspirar pelo nariz e pela boca ao mesmo tempo, acelerando o ritmo… O diafragma não tem tempo de ajudar o coração porque sua atividade se torna impedida pela velocidade  da respiração.

Se o diafragma ajuda na volta do sangue para o coração, nesse caso o que sobra para ajudar o sangue a voltar para cima são as contrações musculares nas pernas. Será que tirando o auxilio do diafragma, o coração não cansa mais?

Terceira pergunta:

Como o sangue tem dificuldades para subir de novo em direção ao coração, este força para cumprir seu papel. A função de nosso coração?  Fazer com que a troca gasosa nos pulmões aconteça com rendimento e que os 5 litros de sangue estejam limpos e carregados de oxigênio, num ritmo razoável, para que as células respirem. Quero dizer, para que nosso esportista não sufoque.

Será que essas dificuldades não prejudicam ainda mais o funcionamento do coração?

Quarta pergunta:

Praticar esporte, aumentando os ritmos respiratórios e cardíaco tem como finalidade fortalecer o músculo cardíaco e ao mesmo tempo usar as substâncias que o estresse lança na corrente sanguínea (adrenalina, cortisol, açúcar, etc.). Menos mal. Estamos reduzindo um risco. Mas parece que o diafragma, mais uma vez foi esquecido. Não foi?

Sobra aqui um paradoxo: encorajar a prática de esporte para fortalecer o coração e ao mesmo tempo reduzir o trabalho do diafragma correndo o risco de enfraquecer o corpo…

Na frente de um dilema desse tamanho, só posso encorajar a prática de uma atividade física… com bom senso, sem exagerar. Essa prática será acompanhada de uma consciência aguçada dos processos respiratórios.

Mas, longe da prática do esporte, precisamos lembrar de nossa respiração como se fosse uma poupança e gastar com muita cautela, propiciando uma respiração lenta e profunda. Essa atenção permitirá que o ritmo seja mais lento, que a respiração seja mais ampla, oxigenando cada célula. Atuando assim, estaremos atentos à nossa poupança e ao número de respirações que nos foram outorgadas ao nascer.

Pensando nessa conta ou nessa contabilidade, parece interessante lembrar que tem muitas atividades que não precisam ser atléticas. Basta ter prazer em praticar uma atividade sem buscar um desempenho competitivo, como nadar, caminhar, dançar, atirar flecha, tiro ao alvo, entre outras, que relaxam, afastando o estresse, ampliam a respiração, propiciam um compasso mais tranquilo e até permitem a suspensão momentânea para a concentração.

Lutar contra os males do sedentarismo é ótimo, mas precisamos lembrar que atrás das atividades aceleradas da respiração, do coração, está o sistema nervoso. Atrás do sistema nervoso está o cérebro, atrás do cérebro está a mente. Nossa mente precisa tanto de calma e tranquilidade como longevidade para direcionar nossas energias para nossas metas profundas.

Terminando a atividade fisica, voltando para nosso ritmo mais tranquilo, é importante lembrar de poupar nossa 'conta-respirações', ampliando e respirando de uma maneira mais lenta e mais completa.