Luiz Alberto Py revela suas crenças

por Luiz Alberto Py

Hoje vou terminar de falar sobre minhas crenças, assunto iniciado no texto anterior – clique aqui e leia.

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7. Gosto de acreditar que somos, todos nós, manifestações de Deus. Quando aceito a idéia de que Deus tudo sabe e tudo sente, imagino que, para saber exatamente o que sinto, Ele deve estar tão dentro de mim como se fosse eu mesmo. Gosto de pensar que Ele é de fato eu mesmo. E não apenas eu mesmo como todos os outros seres que viveram, vivem e ainda viverão. Ele é todos nós e nós todos somos Ele. Em diferentes momentos, ou ao mesmo tempo, pois para Ele o tempo não é barreira. Esta idéia me protege da inveja e do ódio, pois se sou, fui ou serei meu próximo, como e porque odiá-lo ou invejá-lo? Somos todos um só, diferentes manifestações do poder divino; diferentes ondas de um mesmo oceano.

8. Adoro viver e sei que sou feliz. Minha felicidade nasce da percepção de que ela é interna e imediata, portanto de que não depende de situações ou de acontecimentos, mas da minha forma de conviver com eles. Sei que a vida é sofrimento e saber disso me conforta quando estou sofrendo, porque me sinto igual a todo mundo em vez de me sentir perseguido pelo destino.

9. Aprendi que quanto mais pessoas amarmos, por mais pessoas sofreremos. Em compensação, por mais pessoas nos alegraremos. Quanto mais amigos, mais enterros, mais esperas angustiadas em corredores de hospitais, porém mais casamentos, mais festas, mais comemorações.

10. Comemoremos. Tudo é motivo para se comemorar. Quando imagino um cego readquirindo subitamente a visão ou um paralítico milagrosamente voltando a se movimentar penso na alegria e na comemoração por mudanças tão espantosas. Todo dia, pela manhã, ao acordar, somos um cego recobrando a visão e um paralítico recuperando seus movimentos. Cada amanhecer pode ser um momento de comemoração pelo milagre da vida e pela alegria da saúde.

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11. Acredito na força do amor. Creio que o amor é a energia que move a vida. Penso que o amor se expressa pela construção, em oposição ao ódio que se manifesta através da destruição.

12. Acredito na bondade. Penso que somos todos equipados com uma capacidade inata para querer bem às crianças e um instinto que nos leva a protegê-las. Esta capacidade e este instinto podem ser observados na natureza, no comportamento dos animais. As espécies que não os tinham em intensidade suficiente não puderam sobreviver por incapacidade de promover sua continuidade. Acho que somos intrinsecamente bons, embora reconheça que por defeitos inatos ou por desvios no crescimento muitas pessoas acabam por ser mais más do que boas.

13. Acredito na solidariedade. A sobrevivência do frágil ser humano em um ambiente hostil se deveu à capacidade para o trabalho em comum, ao talento para a formação de grupos capazes de juntos e solidários enfrentarem os perigos em situações onde o homem era tanto caça quanto caçador e disto dependia sua sobrevivência. Sem solidariedade não teríamos resistido ao ambiente desfavorável.

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14. Acredito no valor da vida e na prevalência da morte. A vida é tudo, mas a morte sempre chega.

15. A morte é minha companheira. Depois de certa idade penso nela todos os dias e isto me ajuda a cada vez mais valorizar a vida e o tempo que me resta para viver. Na minha idade não há tempo a perder. O futuro chegou e tudo o que antes eu podia deixar para fazer um dia terei que fazer agora ou aceitar que não farei mais. A idade me ajuda a não me enganar adiando o que não deveria ser adiado e que agora não pode mais ser deixado para depois. Na minha idade o depois não existe, só existe o já.