Como conciliar o cuidado com pais idosos e a própria vida

por Tatiana Ades

Anos atrás, com a chegada da aposentadoria, conquistava-se a tão sonhada liberdade: "Agora sim, filhos já criados, aposentada, sou livre para trabalhar em outra atividade ou curtir a vida com meu companheiro ou sozinha: posso viajar, dormir sem despertador… Não tenho mais responsabilidades, a não ser com a minha pessoa e a de ser feliz".

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Na sociedade atual essa "fantasia" está se desfazendo, pois a geração dos 50 aos 60 depara-se com uma nova realidade: alcançada a aposentadoria assume a responsabilidade de ter de cuidar dos pais que nessa altura, já ultrapassam os 70/80 anos. Eles tornam-se mãe ou pai dos próprios genitores e, em muitos casos, abdicam-se da tão esperada liberdade para tomar conta de quem tomou conta deles enquanto foi necessário. Nada mais justo.

Mas o aumento da faixa etária da população coloca em risco o equilíbrio emocional dessa geração cinquentona chamada de "sanduíche", visto que muitos ainda têm responsabilidade parcial ou integral com filhos que ainda não saíram de casa ou não se emanciparam profissionalmente.

Essa longevidade é um grande avanço! E é um grande prazer compartilhar emoções e vivências com os pais idosos.

O problema não são os pais que limitam a realização desses filhos, às vezes já cansados, mas a falta de amparo social ao idoso. Para famílias com boa condição econômica, esse problema fica diluído com a contratação de bons cuidadores sob o olhar atento desses familiares.

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Mas como lidar com essa situação quando não se tem a possibilidade de contratar pessoas especializadas para cuidar deles?

Como equilibrar liberdade com responsabilidade?

Devemos abdicar de nós mesmos para nos tornarmos apenas cuidadores?

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Devemos esquecer de nossos sonhos? De nossos planos?

NÃO!

Devemos, sim, aprender a conciliar as tarefas: a de cuidar dos pais e a de ser feliz.

Não se acanhe em colocar a família toda em alerta. Afinal, sobrinhos, netos, noras, etc. todos são responsáveis pelo bem-estar do idoso. Você não está sozinha nesse trajeto. Divida responsabilidades, estipule rodízios e exija sua parcela de independência.

Provavelmente você não conseguirá realizar todos os seus sonhos, mas te garanto que conseguirá viver uma grande parte deles.

VIVA! Concretize seus planos, saia com seus amigos, viaje, seja feliz!

Sendo feliz, você cuidará de seus pais com mais amor e com mais alegria. E eles, com certeza, se beneficiarão dessa sua felicidade.