Saiba que alimentos fazem bem à saúde dos olhos

por Jocelem Salgado

10 de julho é o Dia Nacional da Saúde Ocular. Hoje vamos conhecer um pouco sobre algumas doenças que afetam nossa visão e também quais são os principais alimentos e nutrientes que auxiliam na manutenção de uma vista saudável.

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A visão é um dos cinco sentidos humanos e a responsável pela detecção da luz, formação e interpretação das imagens.

Os olhos são os primeiros integrantes desse sistema sensorial. No interior desses órgãos existe uma estrutura denominada retina, onde se inicia a percepção visual. Essa estrutura vai ser responsável pela transmissão dos dados captados por meio de um nervo conhecido como nervo óptico. No cérebro se inicia então o processo de interpretação desses dados e formação das imagens.

Doenças que afetam a saúde ocular:

Degeneração macular relacionada à idade

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É causada por um ferimento na mácula, uma área pequena, localizada no fundo de nossos olhos, responsável pela percepção de detalhes. Se essa estrutura não funciona corretamente, ocorrerá embaçamento e escurecimento no centro de nossa visão. Essa doença prejudica tanto a visão de perto quanto a de longe, dificultando e impedindo a realização de diversos trabalhos, porém ela não afeta a visão periférica e não causa cegueira total. Está muito relacionada com o envelhecimento, que é considerado a principal causa. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia estima que cerca de 2,9 milhões de brasileiros com mais de 65 anos de idade sofram com essa patologia que pode ser tratada com uma associação de vitaminas e sais minerais, raios laser ou intervenções cirúrgicas. No mundo todo se estima que cerca de 30 milhões de pessoas sofram de degeneração macular relacionada a idade.

Glaucoma

É uma doença de difícil percepção que afeta tanto homens quanto mulheres em proporções iguais. Nessa doença, a pressão do liquido que se encontra no globo ocular se eleva progressivamente, inibindo a irrigação sanguínea, o que provoca a morte das células nervosas, causando perda progressiva da visão. É uma doença que se desenvolve durante meses ou anos não possuindo sintomas aparentes. Geralmente a visão vai piorando até que começa a prejudicar o centro do campo visual, levando à cegueira irreversível. Existem vários tipos de glaucoma: o congênito, o primário de ângulo fechado, o secundário e o primário de ângulo aberto, sendo esse último mais frequente.

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Estudos apontam que pessoas com histórico familiar para a doença tenham 6% mais chance de a contraírem assim como aquelas que sofrem de diabetes; há uma correlação entre glaucoma e hipertensão arterial. Nos dias de hoje, aproximadamente 90 milhões de pessoas no mundo sofrem com a doença que afeta, de modo geral, pessoas acima dos 35 anos de idade. No Brasil sabe-se que há cerca de 900 mil portadores da doença sendo que cerca de 720 mil são assintomáticos.

Retinopatia diabética

As pessoas diabéticas apresentam maior probabilidade de desenvolverem doenças oculares, entretanto as doenças que causam danos à retina constituem a principal ameaça à saúde dos olhos dos diabéticos, que a partir dos 20 anos de idade começam a sofrer modificações na estrutura. A retinopatia diabética é assim o efeito do diabetes à retina. O diabetes leva ao aumento da quantia de glicose no sangue devido à falta de insulina, hormônio que regula essa função.

Estudos apontam que após 10 anos de doença, cerca de 50% apresentam danos à retina, considerando que aos 30 anos de doença, a incidência de problemas na estrutura se eleva para 90%. Duas formas de retinopatia diabética são conhecidas, a não proliferativa (RDNP) e a proliferativa (RDP), sendo que a última pode ocasionar uma perda visual mais severa por atingir tanto a visão central quanto a periférica. Estudos mostram também que a faixa etária em que a doença é mais frequente é de 30 a 65 anos, sendo que as mulheres são mais susceptíveis que os homens. Em pacientes dependentes da insulina, cerca de 40% sofrem de retinopatia diabética, incidência decai para 20% em pacientes não dependentes.

Catarata

Estudos apontam que a catarata é a principal causa de cegueira no mundo, afetando cerca de 50% de toda a população cega, seguida pelo glaucoma. Ela é caracterizada pela opacificação do cristalino, o que impede que as imagens cheguem à retina de forma clara e sua principal causa é o envelhecimento. a incidência em pessoas entre 40 e 49 anos é de 2,5% subindo para 68,3% em idosos acima de 80 anos. Entretanto, existem outras causas como traumatismo ocular, diabetes, utilização de alguns medicamentos como corticoides, além de doenças genéticas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que até 2020 cerca de 40 milhões de pessoas no mundo serão vitimas da doença. No Brasil são detectados cerca de 100 mil novos casos por ano.

Alimentação e visão

É evidente a existência de uma relação entre alimentação e saúde ocular. A vitamina A é extremamente necessária para a manutenção de uma visão saudável, já que é um dos componentes do pigmento visual conhecido como rodopsina. O nutriente também auxilia na produção de muco, necessário para manutenção da umidade em nossas membranas mucosas.

Sua carência no organismo constitui a principal causa da cegueira evitável durante a infância. A deficiência de vitamina A pode provocar também a cegueira noturna (dificuldade de enxergar à noite) e a xeroftalmia caracterizada pelo ressecamento dos olhos. Sendo assim, o consumo de alimentos que sejam fontes deste nutriente é extremamente necessário para a saúde de nossa visão. As principais fontes alimentares de vitamina A pré-formada (retinol) são os produtos de origem animal como fígado, leite integral e derivado, ovos e óleo do fígado de peixes. Nos vegetais não encontramos a forma pré-formada da vitamina, entretanto alguns desses alimentos são ricos em carotenoides (ao qual se destaca o betacaroteno) que além de possuírem a função de dar pigmentação aos vegetais e atividade antioxidante, também são substancias com atividade pró-vitamina A, ou seja, após a ingestão são transformadas pelo nosso organismo em vitamina A. As principais fontes vegetais são assim, exemplares de coloração laranja e vermelha como cenoura, abóbora, pêssegos, mangas, mamão, damasco, pimentões e pimentas.

Os carotenoides luteína e zeaxantina são também substâncias com benefícios à visão comprovados cientificamente, pois são encontrados em grandes porções na retina e na mácula e estão amplamente relacionados à proteção contra danos oxidativos e contra os efeitos nocivos da luz, protegendo assim nossos olhos de doenças como a catarata e a degeneração macular relacionada à idade. Em estudos realizados com pessoas que apresentavam mácula saudável e pessoas que apresentavam alto risco de desenvolvimento de degeneração macular constatou-se que uma alimentação rica em luteína e zeaxantina pode retardar o curso da doença. Estes carotenos específicos, também conhecidos como xantofilas, são pigmentos com coloração amarela e alaranjada, as quais muitas vezes são mascaradas pela coloração verde da clorofila e são encontrados nos alimentos, principalmente em vegetais folhosos verde-escuros como brócolis, espinafre, escarola, couve de Bruxelas, salsa, rúcula e almeirão. Podem também ser encontrados em alimentos de origem animal como na gema de ovos, no salmão e nas conchas de crustáceos.

Nossa retina é uma estrutura bastante susceptível à ação dos radicais livres devido à intensa exposição aos raios luminosos e a níveis elevados de oxigênio, o que estimula a produção dessas moléculas. Os danos causados por esses radicais à estrutura são uma possível causa para o desenvolvimento da degeneração macular relacionada a idade. Desse modo, as substâncias antioxidantes presentes nos alimentos quando consumidas reagem com os radicais, prevenindo danos celulares à estrutura em questão. Em um estudo realizado pelo Instituto Nacional dos Olhos, órgão do governo norte-americano, foi comprovada a eficiência de uma suplementação com vitaminas C e E, betacaroteno e zinco em barrar a progressão da degeneração macular. O consumo dessas substâncias podem reduzir em até 25% os riscos de desenvolvimento da patologia. Os danos oxidativos também podem contribuir para o desenvolvimento do glaucoma, desse modo, o consumo de antioxidantes também pode ajudar na prevenção do glaucoma primário de ângulo aberto.

Em outro estudo, foi detectado que a vitamina C tem alguma influência na diminuição da progressão da catarata em mulheres com menos de 60 anos. A vitamina C é obtida através da dieta, com a ingestão de alimentos como frutas e hortaliças frescas, principalmente aquelas com caráter ácido, como laranja, limão, abacaxi, acerola etc. Já a vitamina E é amplamente encontrada em vegetais verdes-escuro gérmen de trigo, sementes oleaginosas e óleos vegetais. Alimentos de origem animal ricos neste nutriente são a gema de ovo e o fígado de boi. O zinco, entretanto, é encontrado principalmente em alimentos de origem animal como ostras, camarão, carnes, peixes e fígado. Os alimentos vegetais com níveis significativos são o gérmen de trigo, castanhas, cereais, legumes e tubérculos; já vegetais folhosos e frutas são pobres neste micronutriente.

Ácidos graxos ômega 3

O ômega 3 é um acido graxo poliinsaturado presente na retina e extremamente necessário para o desenvolvimento da visão em crianças. Estudos provaram que recém-nascidos que não receberam quantidades adequadas desse composto apresentaram menor capacidade visual em comparação àqueles que receberam.

Outro estudo realizado com indivíduos acima de 60 anos que apresentavam degeneração macular em estágios iniciais e intermediários mostrou que uma alimentação rica nesse nutriente estava amplamente associada a um menor risco de progressão da doença. As principais fontes alimentares de omêga 3 são os peixes em geral como arenque, cavalinha, salmão, anchova, truta, bacalhau, sardinha e atum. Estes últimos quando enlatados também são eficientes, além do óleo de canola; do fígado de peixes; sementes oleaginosas como linhaça e chia; nozes, castanhas e amêndoas. Por este entre tantos outros benefícios proporcionados, vale a pena inserirmos ômega 3 em nossa dieta.

Receita: suco de cenoura funcional

Ingredientes:

4 cenouras sem cascas
1 maçã
1 laranja
1 copo de suco de limão
Açúcar mascavo
Meio litro de água

Modo de fazer: bata a cenoura, a maçã e a laranja no liquidificador junto com a água e o suco de limão. Utiliza o açúcar mascavo para adoçar. Consuma preferencialmente logo após o preparo.