Volta às aulas: hora de deixar os brinquedos virtuais de lado

por Andréa Jotta – psicóloga do NPPI

Celulares, tabletes, televisão, videogames, i-pod´s. Do videogame ao computador: desde então, vendo TV ou baixando músicas, códigos de jogos, ou qualquer outro mistério virtual, parece que nessas férias nossos pequenos passaram conectados muito mais tempo do que gostaríamos, mergulhados no virtual.

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O contexto das grandes cidades com espaços ao ar livre reduzidos, a violência, e os adultos cansados e impacientes compõe a fórmula ideal para os excessos que normalmente acontecem nos períodos de férias.

Quem viajou com crianças, também não ficou livre dos brinquedos tecnológicos. Nada mais fácil do que viajar horas de carro com as crianças ligadas em seu filme de DVD preferido. As reclamações que antes começavam na primeira meia hora, aplacadas como o famoso “já estamos chegando”, só começam se o filme acabar ou o DVD portátil, adquirido por R$200,00 em qualquer lojinha de importados chineses, travar.

Assim, parece que a tecnologia agrada aos pequenos, mas também facilita muito a vida dos adultos. Já não discutimos mais as diferenças de infância entre pais e filhos, pois sabemos que o mundo mudou muito e parece que ainda vai mudar bastante nos próximos tempos. Que a relação dos adultos e das crianças é diferente, em relação aos brinquedos e aparelhos tecnológicos, já parece fácil entender, mas não podemos esquecer que algumas regras, valores e éticas, podem e devem ser mantidos, apesar dessa visível diferença.

Por exemplo, mesmo que essas crianças tenham excedido seu tempo de lazer virtual durante as férias escolares, isso não quer dizer que tenham adquirido o direito de aumentar seu uso quando a vida pós-férias é retomada. Também não adquiriram o direito de serem mal educados, berrarem, ou desrespeitarem os adultos e os amiguinhos, só porque não querem sair ou emprestar o joguinho ou o computador.

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As crianças abusaram mesmo do uso de brinquedos tecnológicos nesse período, e os adultos fizeram pequenas concessões quanto a esse uso excessivo, afinal, nada mais tranquilo e gostoso do que fechar 3 ou 4 meninos em um quarto num torneio de videogame. Agora, tentem imaginar o que aconteceria com esse mesmo quarto, e com esse mesmo adulto (coitado) caso resolvesse fechar esses mesmos 3 ou 4 meninos nesse mesmo quarto, só que sem o videogame!!!

Então, como vemos, os abusos acontecem, na medida em que os dois lados envolvidos nessa relação obtêm algum lucro com o arranjo estabelecido. Ok, não se sintam culpados por isso, pois uma boa relação é aquela na qual todos obtêm algum ganho, e, acredite, muitos adultos fizeram igual a você.

Mas, veja bem, isso não significa, que as crianças já estão aptas a determinar o tempo que podem ficar no virtual. Ainda são os pais – que cuidam das crianças (ou o adulto presente) – que determinam essa medida.

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Com a volta às aulas, mesmo sob raios, trovões e muita malcriação, os combinados anteriores terão que ser retomados, para que no novo momento a relação seja equilibrada.

As férias acabaram e do mesmo modo que temos que ‘voltar da praia’, mesmo sendo ela muito divertida, temos que voltar do ciberespaço, mesmo ele sendo muito divertido. E não vale chorar, espernear, gritar ou ser mal educado por isso. Nenhum pai ou mãe deixou seu filho na praia, só porque ele teve esse tipo de comportamento, certo? Então, por que largá-lo no virtual, quando surgir a birra?

Volta às aulas: hora de deixar os ‘brinquedos virtuais’ de lado

por Andréa Jotta – psicóloga componente do NPPI

 "… mesmo que essas crianças tenham excedido seu tempo de lazer virtual durante as férias escolares, isso não quer dizer que tenham adquirido o direito de aumentar seu uso quando a vida pós-férias é retomada"

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Televisão, videogames, MP3, i-pod´s, DS, PSP, celulares e computadores. Do videogame ao computador: desde então, vendo TV ou baixando músicas, códigos de jogos, ou qualquer outro mistério virtual, parece que nessas férias nossos pequenos passaram conectados muito mais tempo do que gostaríamos, mergulhados no virtual.

O contexto das grandes cidades com espaços ao ar livre reduzidos, a violência, e os adultos cansados e impacientes compõe a fórmula ideal para os excessos que normalmente acontecem nos períodos de férias.

Quem viajou com crianças, também não ficou livre dos brinquedos tecnológicos. Nada mais fácil do que viajar horas de carro com as crianças ligadas em seu filme de DVD preferido. As reclamações que antes começavam na primeira meia hora, aplacadas como o famoso “já estamos chegando”, só começam se o filme acabar ou o DVD portátil, adquirido por R$200,00 em qualquer lojinha de importados chineses, travar.

Assim, parece que a tecnologia agrada aos pequenos, mas também facilita muito a vida dos adultos. Já não discutimos mais as diferenças de infância entre pais e filhos, pois sabemos que o mundo mudou muito e parece que ainda vai mudar bastante nos próximos tempos. Que a relação dos adultos e das crianças é diferente, em relação aos brinquedos e aparelhos tecnológicos, já parece fácil entender, mas não podemos esquecer que algumas regras, valores e éticas, podem e devem ser mantidos, apesar dessa visível diferença.

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Por exemplo, mesmo que essas crianças tenham excedido seu tempo de lazer virtual durante as férias escolares, isso não quer dizer que tenham adquirido o direito de aumentar seu uso quando a vida pós-férias é retomada. Também não adquiriram o direito de serem mal educados, berrarem, ou desrespeitarem os adultos e os amiguinhos, só porque não querem sair ou emprestar o joguinho ou o computador.

As crianças abusaram mesmo do uso de brinquedos tecnológicos nesse período, e os adultos fizeram pequenas concessões quanto a esse uso excessivo, afinal, nada mais tranquilo e gostoso do que fechar 3 ou 4 meninos em um quarto num torneio de videogame. Agora, tentem imaginar o que aconteceria com esse mesmo quarto, e com esse mesmo adulto (coitado) caso resolvesse fechar esses mesmos 3 ou 4 meninos nesse mesmo quarto, só que sem o videogame!!!

Então, como vemos, os abusos acontecem, na medida em que os dois lados envolvidos nessa relação obtêm algum lucro com o arranjo estabelecido. Ok, não se sintam culpados por isso, pois uma boa relação é aquela na qual todos obtêm algum ganho, e, acredite, muitos adultos fizeram igual a você.

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Mas, veja bem, isso não significa, que as crianças já estão aptas a determinar o tempo que podem ficar no virtual. Ainda são os pais – que cuidam das crianças (ou o adulto presente) – que determinam essa medida.

Com a volta às aulas, mesmo sob raios, trovões e muita malcriação, os combinados anteriores terão que ser retomados, para que no novo momento a relação seja equilibrada.

As férias acabaram e do mesmo modo que temos que ‘voltar da praia’, mesmo sendo ela muito divertida, temos que voltar do ciberespaço, mesmo ele sendo muito divertido. E não vale chorar, espernear, gritar ou ser mal educado por isso. Nenhum pai ou mãe deixou seu filho na praia, só porque ele teve esse tipo de comportamento, certo? Então, porque largá-lo no virtual, quando surgir a birra?