Masturbação em excesso com vídeos na net pode fazer a pessoa perder a vontade de transar?

por Sandra Vasques

"Queria saber se ficar sem transar ocasiona algum problema? Tenho 23 anos, já transei algumas vezes, mas foram poucas. Tenho um problema sério: assisto muito filme pornô, me masturbo muito. Queria saber se devido a isso estou perdendo a vontade de transar?"

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Resposta: Ficar sem transar durante algum tempo é perfeitamente possível, muitas pessoas vivem sem sexo e nem por isso são infelizes. Mas parece que não é o seu caso, porque você está percebendo uma diminuição na vontade de transar e associanda aos filmes pornô e descrevendo isso como um sério problema.

Parece que a questão a ser resolvida não é a frequência com que assiste aos filmes, mas a sua dificuldade em se relacionar com alguém de verdade e não só com personagens fictícios. A maioria das coisas que é feita em excesso faz mal, inclusive masturbação. Esta, em si, não faz mal. Nem faz mal se masturbar diariamente, ou assistindo filmes pornô. Muitas vezes, falta um par e daí, existe essa alternativa, dentre outras, para se satisfazer. Mas, a maneira como esse prazer solitário vem acontecendo é que indica que pode haver problemas.

Estar junto a alguém para transar, desde que os dois estejam a fim, deveria ser algo bom e estimulante. Afinal, essa possibilidade promete troca de carícias, sensações gostosas, especiais e prazer. No entanto, nem sempre essa possibilidade traz essas reações, pois o medo, a insegurança e a ansiedade estão presentes. Medo de ser mal avaliado no desempenho, insegurança sobre a capacidade de satisfazer o outro, ansiedade como resultado dessa dupla terrível. Daí, o filme pornô, que traz uma relação pronta e bem-sucedida, na qual você pode fantasiar que faz parte, e obter prazer sem riscos, torna-se muito atraente. Mas o problema original não se resolve. Afinal, foi o medo de alguém de verdade para transar, que levou à busca do filme. O orgasmo pode acontecer, mas o problema continua, e então leva à necessidade de mais filmes. Fica uma roda viva.

Neste caso, é preciso resolver a dificuldade que levou a esse descompasso: enfrentar o medo e a insegurança. Pode ajudar muito, saber que sexo é algo que também se aprende, e aos poucos. Conhecer por meio de livros, revistas e conversas sobre o corpo e os lugares que são mais sensíveis ao toque, é apenas um começo.

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Estar ao lado de alguém e experimentar, é o segundo passo fundamental. Experimentar, não como alguém que faz experiências com um tubo de ensaio. Mas tocar e perceber a reação do outro, ser tocado e poder se deixar envolver pelas sensações, e se permitir assim, ir descobrindo os caminhos do prazer. O desempenho de cada um é a expressão de seu desejo, é algo próprio e muito especial.

O compromisso maior que se deve ter, é buscar o que deseja, respeitando, é claro, o limite do outro. E a cada encontro, o sexo pode ser melhor. Mas, mesmo que se queira, muitas vezes a ansiedade é maior e não permite a mudança de atitude. Se for esse o seu caso, busque ajuda psicológica, pois você merece poder viver ao vivo e em cores aquilo que vive, predominantemente, só na tela, ou melhor, na cela.