Adaptar-se à atividade física exige paciência, perseverança e respeito ao ritmo do corpo

por Renato Miranda

Uma das grandes dificuldades daquelas pessoas que iniciam um programa de exercício físico é de se adaptarem aos mesmos.

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Principalmente durante o primeiro mês, o iniciante sente desconforto muscular e possivelmente algumas dores, sonolência durante parte do dia, percebe os membros inferiores e superiores como se estivessem “pesados” além de apresentar algum tipo de pequenos distúrbios no sono e alimentação.

Isso se explica através dos estudos sobre estresse. Quando você se encontra em um determinado nível de condicionamento físico (em nosso exemplo vamos considerar um nível ruim, pois geralmente é esse o nível daqueles que iniciam um programa de exercício), seu organismo está adaptado àquele determinado padrão de esforço e, por conseguinte tem um referido padrão de condicionamento que é pressuposto, suficiente para suprir às demandas da rotina diária.

1ª) Fase de alarme

Segundo os estudos sobre estresse, este cenário descrito acima é conhecido como fase da norma (padrão). Ao iniciar os treinamentos, há um verdadeiro choque interno no organismo na tentativa de se adaptar e resistir a essa nova exigência. Surge então um processo intenso de adaptação de órgãos e músculos. Esse processo é chamado de fase de alarme do organismo. É nessa fase que a pessoa é acometida pelas reações descritas no início do texto. A duração da fase de alarme é variável conforme cada organismo, tipo de treino, período e capacidade pessoal de recuperação e outros.

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Além disso, na fase de alarme ainda não é possível a pessoa observar progresso concretos em seu desempenho, muito embora seja o início de um processo de melhoria geral do organismo. Porém, é necessário muito critério no treinamento para definir as cargas de exigência do mesmo e observar um período de descanso, representado pelo intervalo entre um treino e outro, além de uma rigorosa alimentação.
        
Para o praticante, é estritamente importante sua paciência e perseverança, pois é no período da fase de alarme que se projeta o sucesso do treinamento. Após essa fase, o organismo começa a gerar resistência ao treinamento e promove uma adaptação ao mesmo. É quando as dores musculares desaparecem e o corpo resiste com tranquilidade aos esforços solicitados durante os treinamentos. A pessoa começa a dormir melhor, mais profundamente e descansa mais rápido entre um treino e outro.    

2ª) Fase de resistência

É durante a fase de resistência que a pessoa começa a perceber os resultados do treinamento, como por exemplo, emagrecimento, aumento da força e resistência muscular, aumento da capacidade orgânica (menos cansaço para treinar e fazer as tarefas do cotidiano) e também melhora da condição psicológica: melhoria do humor, maior motivação e concentração para realização de tarefas, alegria espontânea e aumento da disposição geral.

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A fase da resistência é concretamente reconhecida após três meses de treino de uma forma geral, evidentemente vai depender de cada pessoa e tipo de treinamento. Mas o mais importante é diagnosticar o desempenho da pessoa nos treinamentos. A partir do momento em que a pessoa está facilmente resistindo às demandas de cada treino e a frequência cardíaca é um bom indicador, ou seja, nesse caso há pouca alteração da frequência cardíaca durante o treinamento. Neste sentido, é hora de providenciar outro choque no corpo.

Isso quer dizer que a pessoa está totalmente adaptada ao exercício e, portanto, seu novo padrão (norma) de condicionamento para evoluir precisa passar por outro processo de alarme, em outras palavras, o treinamento necessita ser modificado para que possa vir a ser mais exigente e com isso projetar uma nova e maior resistência, refletindo um desempenho ainda mais superior.

Novamente o organismo passará por uma fase de alarme e consequentemente, baseado no controle do treinamento, com o tempo uma nova resistência e adaptação a uma nova rotina de treino trará desenvolvimento psicofísico para o praticante e assim os programas de treinamento vão se alterando conforme a evolução da pessoa.

Ressalta-se que quando mais resistente e melhor se encontrar o atleta (praticante) maior será o período e os desafios para que o mesmo possa criar um novo padrão (norma) de desempenho. Num outro sentido, melhorar o condicionamento psicofísico será cada vez mais desafiador. E é primordial que as cargas de treino aumentem somente quando a pessoa estiver completamente adaptada e resistente aos exercícios, caso contrário nós estaremos providenciando uma terceira fase que é totalmente indesejável: o esgotamento.

Por fim, vale a pena ter em mente que o segredo da boa saúde é a manutenção de uma rotina de exercícios criteriosa e paciente e deixar os resultados surgirem com naturalidade e com a sabedoria do ritmo de nosso corpo.