Ciclos: por que temos dificuldade com o início, o meio e o fim?

por Cristina Balieiro

Uma das características mais importantes do *princípio Feminino é o respeito aos ciclos.

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Tudo, absolutamente TUDO, na vida tem começo, meio e fim. Como é difícil aceitar isso!

Nossa cultura, controladora, voluntariosa, beirando a onipotência, nos faz acreditar que, se quisermos, podemos “dominar e vencer” os ciclos…

E essa falsa crença é uma das fontes principais de frustração, sensação de fracasso e baixa estima que vejo em tantas pessoas no consultório. E essas são pessoas que buscam ajuda. Imaginem quantas sentem isso, sob uma “capa de invulnerabilidade e potência”!

A sabedoria está em se pôr de acordo com os ciclos, fluindo e não brigando com eles, porque essa é uma luta condenada, inexoravelmente, ao fracasso!

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Mas, por que tanto dificuldade com os ciclos?

Nas coisas que queremos e que gostamos, não suportamos o FIM.
Queremos eternidade naquilo que é finito por que vivo.
Nem tudo precisa morrer completamente, como um relacionamento, por exemplo, mas se chegou o tempo, a forma de se relacionar precisa morrer, para que nasça uma nova forma. E se não morre o que precisa, vem a rigidez, o novo não nasce e a vida se vai…
Salve Shiva – Deus hindu da dança e da destruição – isso significa renovar e transformar…

Muitas vezes o que não suportamos é o MEIO. O meio dá trabalho, implica em um cotidiano que pode parecer chato e sem a excitação do começo ou o drama do fim.

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O meio é a construção, é o cuidar amoroso (e muito trabalhoso) para que as coisas se sustentem e se mantenham no tempo que for preciso: é viver o processo.
Salve Vishnu – Deus hindu da preservação

Outra vezes,  o que mais tememos é o COMEÇO. O começo implica no desconhecimento do que “aquilo” vai ser ou se tornar e morremos de medo de não ter controle sobre isso. O novo e o surpreendente nos apavoram, o que em certo sentido é loucura, pois está aí a aventura de viver!
Salve Brahma – Deus hindu da criação

Que assim como no hinduísmo nós aprendamos a honrar e celebrar os ciclos como sagrados, como Deuses: eles são matéria-prima do pleno viver.

Tudo tem começo, meio e fim, para que haja sempre um recomeço e a Vida se renove.

* forma Feminina de experimentar o mundo: o Divino, (o Mistério, o Sagrado)