Entenda a dislipidemia: aumento anormal de gorduras no sangue – Parte II

por Gilberto Coutinho

Começo a segunda e última parte deste texto falando sobre a profilaxia e a terapêutica para o aumento anormal de gordura no sangue. Para ler a primeira parte (clique aqui)

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Profilaxia e terapêutica

Os alimentos ricos em colesterol ou capazes de predispor à formação ou acúmulo do colesterol no organismo devem ser evitados: gorduras de origem animal, leite integral, queijos gordurosos, frituras, ovos, frutos do mar (com exceção de peixes). Diversas margarinas vegetais e outras gorduras utilizadas em produtos de panificação (pães, biscoitos, bolos, doces, etc.) podem conter gorduras trans que, além de aumentarem o mal colesterol, diminuem o bom colesterol.

O hábito de consumo de gorduras saturadas predispõe o organismo a produzir uma quantidade maior de ácidos biliares, que contribuem para o surgimento do câncer do cólon e da próstata. A vitamina C (ácido ascórbico) muito melhora a eficácia da quitosana – explico mais abaixo.

O octacosanol é uma substância extraída do óleo de gérmen de trigo, rica em vitamina E, apresenta propriedades antioxidantes, contribui para aumentar a força muscular, a resistência física e a vitalidade, pode ser empregado no combate da fadiga crônica; algumas pesquisas sugerem que tal substância melhora a utilização do oxigênio pelo organismo e contribui para baixar o colesterol sanguíneo. O ômega-3 auxilia no combate do colesterol, aumenta o HDL colesterol e reduz a agregação plaquetária. O ômega-6 ajuda a baixar o colesterol e combate a agregação plaquetária.

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As fibras solúveis (gomas: aveia, goma guar, legumes e cevada; pectina: maçã, morango e frutas cítricas) contribuem também para baixar os níveis de colesterol no sangue.

Quitosana

A quitosana é um aminopolissacarídeo derivado da quitina (polissacarídeo) presente na carapaça dos crustáceos (siris, caranguejos e camarões), fibra de origem animal semelhante à celulose e outras fibras alimentares (de origem vegetal). As fibras da quitosana apresentam uma elevada afinidade por lipídios (gorduras), os quais, uma vez ligados à sua estrutura, não podem ser absorvidos pelo organismo mediante a ação das enzimas digestivas e, consequentemente, são eliminados nas fezes juntamente com as fibras do quitosana.

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A quitosana contribui para baixar o colesterol total e o LDL (colesterol ruim), além de aumentar o HDL (bom colesterol); pode auxiliar na prevenção da aterosclerose e das doenças cardiocirculatórias, no entanto sua administração diminui a absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), seu consumo deve ocorrer horas após o uso terapêutico da quitosana. A quitosana mostrou-se tão efetiva quanto as melhores drogas redutoras de colesterol disponíveis. A vitamina E apresenta efeito anticoagulante, o que contribui para diminuir a aderência e a agregação plaquetária.

O composto orgânico lecitina encontra-se em alguns alimentos, sendo a soja uma de suas fontes naturais mais ricas. Tal composto é utilizado pelo organismo para construir grande parte dos tecidos cerebrais e nervosos. Sua deficiência no organismo predispõe à exaustão dos nervos, portanto é recomendado como tônico nervoso. A lecitina é uma gordura que tem a propriedade de dissolver outras gorduras do organismo. Sua deficiência na dieta, associada ao aumento do consumo de alimentos ricos em colesterol, contribui para aumentar os índices dessa gordura no sangue.

Quando o colesterol se encontra em excesso no organismo, e na falta da lecitina para convertê-lo em energia (é a lecitina que transforma o colesterol em energia), torna-se pernicioso. A lecitina contribui para controlar o excesso de colesterol, beneficia a pele e auxilia o organismo a queimar as gorduras. É empregada como tônico nervoso, fortalecedor da memória, previne e combate o acúmulo de gorduras no organismo, arteriosclerose, cirrose hepática e varizes.

Uma das melhores maneiras de prevenção e combate à aterosclerose consiste na adoção de hábitos alimentares saudáveis e balanceados, com ingestão limitada de manteiga, creme de leite, carne gordurosa, ovos, sal e açúcar. O colesterol é também responsável pelo desenvolvimento de pedras na vesícula biliar.

Carnes vermelhas e manteiga devem ser consumidas com moderação; preferir leite desnatado, queijos brancos ou light; consumir vegetais ricos em ácido fólico, vitaminas B3 (niacina, baixa o colesterol e triglicerídios e aumenta HDL colesterol), B6 (piridoxina, pode inibir a agregação plaquetária) e B12 (encontrada no espinafre, abóbora, milho, soja, cenoura, banana, laranja e gérmen de trigo); vegetais (pelo menos três variedades por refeição); deve-se dar preferência a cereais integrais, evitar doces, açúcares, cereais refinados, batata e refrigerantes, dar preferência a peixes ricos em ômega-3 (salmão, anchova, atum e sardinha), e a azeite e óleos vegetais (canola, soja, milho, girassol, etc.).

A alcachofra (Cynara scolymus) apresenta propriedades protetoras e regeneradoras do fígado, além das coleréticas (que ativam a produção e a secreção da bílis, efeito útil no tratamento da hepatite e de outras doenças do fígado, mediante o efeito “descongestionante”), que auxiliam na diminuição dos níveis de colesterol e triglicérides. O açafrão-da-índia (Curcuma longa) apresenta efeitos de proteção hepática e coleréticos, indicado no combate dos distúrbios hepáticos e da vesícula biliar e do aumento dos níveis de colesterol. O dente-de-leão (Taraxacum oficinalle) e o cardomariano (Silybum marianum) também são considerados um dos melhores remédios para o fígado.

Considerações finais

A automedicação é um hábito muito perigoso. Segundo a “Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)”, estima-se que, no Brasil, essa prática seja responsável por cerca de 30% dos casos de intoxicação.

Além desse problema, utilizar medicamentos por conta própria pode causar dependência, efeitos colaterais graves, reações alérgicas e até morte; por isso, é preciso combater a automedicação e somente fazer uso de remédios e medicamentos sob a orientação e a prescrição de um profissional da área de saúde, após uma minuciosa avaliação clínica.