Dor muscular de origem desconhecida pode ser causada pelo ponto-gatilho

Da Redação

Quem já não sentiu, em momentos de maior tensão, seus músculos das costas, pescoço e face ficarem tensos e doloridos? Essa tensão pode se manifestar como uma dor persistente, que se localizada na cabeça freqüentemente é confundida com enxaqueca, também pode ser sintoma de uma disfunção temporomandibular (DTM) muscular por ponto-gatilho.

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Pouco conhecido, esse mecanismo de dor é caracterizado pela presença de áreas de tensão nos músculos do sistema da mastigação chamados de pontos-gatilho, que provocam dor à distância. Sem um diagnóstico rápido e preciso, a doença pode tornar-se crônica, aumentando a freqüência da dor e levando o paciente a inúmeros e frustrantes tratamentos.

De acordo com o professor e pesquisador Antônio Sérgio Guimarães, responsável pela equipe do Ambulatório de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial do Instituto da Cabeça, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a dificuldade em diagnosticar a DTM muscular por ponto-gatilho ocorre porque, de modo geral, o paciente se queixa de dor num local distante da origem da mesma. O paciente relata a queixa de dor na lateral direita da cabeça, por exemplo, e quando é examinado, nada é encontrado nessa área que possa gerar essa mesma dor. "Porém ao se pressionar uma área distante e tensa de um músculo na face, a dor pela qual o paciente reclama é provocada", explica.

Pontos-gatilho: mecanismos geradores

Normalmente, os mecanismos geradores desses pontos-gatilho estão associados à realização de movimentos repetitivos com a boca, tais como mascar chiclete, roer as unhas, bruxismo, alguma postura errada ao dormir ou trabalhar. "As instabilidades oclusais também parecem estar relacionadas à geração dessas áreas de tensão na musculatura da mastigação", complementa.

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Uma vez diagnosticada a DTM muscular por ponto-gatilho por meio de um exame clínico de palpação dos músculos de mastigação, a interrupção da dor é alcançada com a eliminação do ponto-gatilho, mediante a manipulação da área de tensão, com resfriamento e alongamento dos músculos, e calor ao final de cada sessão. Exercícios realizados pelo paciente em casa também são indicados.

Outros tipos de tratamento podem ser utilizados nesses casos, como manipulação e aplicação de aparelhos eletrônicos ou agulhamento seco desses pontos.

De acordo com o especialista, mais de 50% dos pacientes que procuram o Ambulatório de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial da Unifesp sofrem com a DTM muscular gerada por ponto-gatilho. Em 2006, o serviço diagnosticou cerca de 400 casos de pacientes com o problema.

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