Descubra o seu’ talento essencial’

Por Ana Beatriz B. Silva

Quando ouvimos ou utilizamos a palavra talento, logo nos vem à mente algo subjetivo de conteúdo positivo e que serve para designar a expressão do que existe de melhor em cada um de nós. No entanto nem sempre foi assim, esta história teria se iniciado na Grécia: Anacreonte foi presenteado com cinco talentos por um soberano da época. A partir daí, o talento tornou-se uma importante moeda grega que logo depois passou a ser utilizada também pelos romanos. Desta forma, o talento era uma moeda de metal como as moedas de ouro que surgiram mais tarde.

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É interessante como alguns acontecimentos se repetem na história da humanidade. Assim como as moedas de ouro, que perderam lugar e status para o PIB (Produto Interno Bruto) dentro da economia padrão, o talento também deixou de ser moeda metal visível e palpável. No entanto seu status nos dias atuais desfruta de forças jamais imagináveis.

Na ‘Era da Economia do Conhecimento’, talento passa a significar uma série de aptidões naturais do ser humano, todas elas classificadas com qualidades presentes desde a mais tenra idade ou mesmo adquiridas com extrema facilidade em idades mais avançadas quando comparadas à população geral.

Então basta ter talento para gerar riqueza? Não, não é bem assim. Ter talento é um bom começo, mas talento todos nós temos! Se talento expressa o que há de melhor em nós, para descobrirmos nosso ou nossos talentos primeiro devemos saber muito bem quem somos. Sócrates já nos dizia isso há muito tempo atrás: “conhece-te a ti mesmo”.

Cada ser humano é único e tem um talento essencial para expressá-lo nesse mundo. Podemos ter alguns talentos e com empenho expressá-los todos. Já o talento essencial é aquele que justifica nossa existência, é a resposta que silencia os nossos porquês mais diversos. Ele transcende nossa vida, na forma que estamos acostumados, ele nos abre conexões universais.

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Nem sempre descobrimos facilmente nosso talento essencial, principalmente sozinhos, mas nunca devemos desistir de alcançá-lo. Isto também não impede que exerçamos outros talentos desde que eles tenham energia de conexão entre os mais diversos setores sociais. Afinal, somos fragmentos de um todo – UNO -, criador e detentor de um conhecimento universal.

Desta maneira podemos definir realização pessoal como ato de descobrir os próprios talentos e poder expressá-los no mundo em que vivemos. A realização pessoal, onde todas as demais estão incluídas (profissional, afetivo, familiar, social), gera um estado de felicidade que repercute no corpo, na mente e no espírito.

Agora podemos definir com precisão o que é RIQUEZA e como podemos gerá-la na ‘Era da Economia do Conhecimento’, onde poucos recursos naturais restam para serem explorados e o recurso inesgotável e gerador de lucro é produção de conhecimentos inovadores e revolucionários.

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A riqueza gerada pelo conhecimento é muito mais do que produzir dinheiro e acumular bens materiais. Esta riqueza é, antes de tudo, um estado de bem-estar e começa pela constatação das potencialidades infinitas do universo e do ser humano. Podemos gerar riqueza por estar em sinergia com o mundo externo (os relacionamentos, o respeito aos bens naturais) e com o mundo interno (harmonizando pensamentos, sentimentos e atitudes). Esta Riqueza faz a diferença e é capaz de atravessar os tempos através de seu legado para as próximas gerações. É a única verdadeira Riqueza e que levamos tanto tempo para perceber e aprender.

Estava tudo aí, o material externo e o interno para que gerássemos a riqueza de fato. Mas somente quando o material externo escasseou pudemos reparar e extrair nosso ouro interno: o talento e a organização deste por cada ser humano. Como diz o ditado popular “antes tarde, do que nunca”, então mãos à obra.

Vivemos em uma economia que é movida a talento. Ele é capaz de gerar boas, novas e ousadas idéias e são estas que, transformadas em produtos ou serviços, geram riquezas ou promovem mudanças que podem mudar o mundo para melhor.

Investir no talento é condição fundamental para as empresas não se tornarem organizações estagnadas. O investimento feito em tecnologia, máquinas, sistemas operacionais são necessários e muito importantes, no entanto, o mais valioso dos investimentos é aquele que se aplica em profissionais talentosos. No setor da informática isto é uma verdade que vem sendo consolidada nos últimos anos e podemos constatar este fato pela afirmação de Steve Ballmer, o homem responsável pela contratação de novos funcionários da Microsoft: “a coisa mais importante que fizemos é contratar as melhores pessoas”. Para a Microsoft o seu maior ativo é a sua talentosa força de trabalho. Seu objetivo explícito é contratar pessoas pelo que elas podem fazer no presente e principalmente num futuro próximo (5-10 anos) e não pelo que fizeram.

Hoje os especialistas admitem que os talentos podem ser de vários tipos e que devemos ter a habilidade de identificar e desenvolver os mais expressivos e valorizados em cada pessoa. Talento é quase o “Santo Graal” no mundo das empresas. As histórias de sucesso profissional em geral são bem parecidas. São enredos que descrevem alguém que identificou algo que sabe fazer bem e canalizou este dom para sua vida profissional e, principalmente, percebeu que essa sua qualidade tinha grande valorização no mercado de trabalho.

Desvendar aquilo que se faz com competência e de forma diferenciada pode ser fruto de um longo processo de autoconhecimento. Por esta razão que educadores e psicólogos preconizam que este processo seja matéria presente em todas as fases do processo educacional de cada indivíduo. Afinal de contas com o tempo todos nós teremos que administrar nossas personalidades, é o que podemos chamar de “persona-economia”.

A meu ver, na busca do autoconhecimento e da descoberta do talento essencial é necessário que se percorra os seguintes caminhos:

1. Sonhe;
2. Saiba mais seus pontos fortes e fracos;
3. Tenha determinação, disciplina e persistência;
4. Estabeleça uma união inseparável entre idéias e ações;
5. Mantenha sempre a mente aberta para a próxima realização;
6. Não esqueça do todo.

Assim, para termos direito a esse talento, desenvolvê-lo e utilizá-lo temos que fazer a nossa parte, o que vem ao encontro do poema “Receita de Ano Novo” do talentoso Carlos Drummond de Andrade: “Para ganhar um Ano Novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo”.