Como deve ser o ambiente favorável ao idoso

por Elisandra Vilella G. Sé

Neste sábado, 27 de setembro, comemora-se o Dia Nacional do Idoso e 1º de outubro o Dia Internacional do Idoso. Esse texto é uma homenagem a eles e a essas duas datas.

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Todas as pessoas desejam envelhecer no próprio lar. A importância do lar para as pessoas idosas tem sido muito discutida na literatura gerontológica. A maioria das pessoas gostariam de continuar vivendo em sua própria casa, mesmo durante as alterações que possam surgir com uma velhice frágil.

É importante lembrar que, o que caracteriza um lar não é somente o ambiente físico, mas também as preferências colocadas em cada espaço na forma de objetos, do design, das atividades desenvolvidas, dos relacionamentos e da funcionalidade. Diz respeito aos artefatos físicos, sensoriais, climáticos e funcionais que nos circundam no dia-a-dia. O que se entende por lar aqui também se estende à residência, incluindo comunidade, bairro, vizinhança, amigos, etc…

Morar na casa que sempre morou ou com uma história de toda uma vida, pode ser uma estratégia de otimização de competências para o processo de adaptação à velhice.

Isso nos dá um senso de normalidade diante da descontinuidade experimentada por múltiplas perdas pessoais associadas a disfunções relacionadas ao avanço da idade. Todo lar e seus pertences são dotados de significação ao longo da vida que contribui para o bem-estar percebido e para a qualidade de vida. Ambientes favoráveis são aqueles capazes de ajustar às capacidades e preferências dos idosos, fornecendo a eles um melhor controle do ambiente, autonomia, independência, eficácia, privacidade, dignidade e familiaridade.

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Docilidade ambiental

O pesquisador e gerontólogo Lawton fala em ambientes amigáveis para os idosos e criou o conceito de docilidade ambiental. Ambientes amigáveis resulta na oferta de recursos físicos e psicossociais de natureza compensatória para favorecer a saúde física, a funcionalidade e o bem-estar psicológico de pessoas idosas. O conceito de docilidade ambiental significa que, à medida que as competências da pessoa declinam e o comportamento depende de fatores externos, torna-se necessário criar programas para melhorar o ambiente dos idosos para que possam viver mais dignamente e com mais segurança e bem-estar.

São doze os princípios da docilidade ambiental:

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1. Assegurar a privacidade.

2. Dar oportunidades para interação social.

3. Dar oportunidades para exercício de controle pessoal, liberdade de escolha e autonomia.

4. Personalização do tratamento, de objetos e locais.

5. Facilitar a orientação espacial.

6. Assegurar a segurança física.

7. Facilitar o acesso a equipamentos e o funcionamento na vida do dia-a-dia.

8. Propiciar um ambiente estimulador e desafiador.

9. Facilitar a discriminação de estímulos visuais, tácteis e olfativos.

10. Planejar ambientes na medida do possível bonitos e agradáveis.

11. Tornar o ambiente flexível para o atendimento de novas necessidades.

12. Tornar o ambiente mais familiar através de referências históricas, objetos familiares, arranjos tradicionais de mobiliário e contato com a natureza.

Dicas para compensar perdas sensoriais:

– Aumentar a iluminação e o contraste, especialmente quando os estímulos forem sutilmente detalhados e apresentados com pouco contraste de luz e sombra.

– Evitar ofuscamento e exposição a raios ultravioletas.

– Utilizar mais contrastes de cor em situações que envolvem discriminação sutil.

– Evitar apresentação simultânea de estímulos muito parecidos em situações que exijam discriminação refinada.

– Fornecer correção ótica e condições especiais de iluminação, em situações que envolverem visualização à curta distância.

– Evitar tarefas concorrentes, para prevenir distração, uma vez que os mais velhos têm uma diminuição em sua capacidade de inibir informação irrelevante.

– Evitar exposições prolongadas a ruídos.

– Diminuir ruídos de fundo

– Oferecer estímulos claros, redundantes, ricos em contexto, como por exemplo com desenhos, pistas, adesivos, etiquetas.

– Usar óculos e lupas para tarefas que exigem enxergar bem de perto; cuidar da iluminação, quer acomodando bem a cabeça e os ombros, quer providenciando lâmpadas de leitura (em casa) ou lanternas (fora).

– Ao atravessar uma rua, usar o comportamento dos outros como guia.

– Usar aparelhos para surdez, fones de ouvido, amplificadores de campainha e de telefone.

– Olhar de frente para as pessoas enquanto conversa, avisá-las que não ouve bem; perguntar imediatamente quando não escutar ou não entender o que foi dito.

– Andar mais devagar, usar bengala, calçar sapatos confortáveis, de solado mais grosso e com sola antiderrapante, evitar chinelos (com e sem meias).

– Usar capachos e tapetes com a parte inferior emborrachadas.

– Usar cadeiras e sofás dos quais seja fácil se levantar.

– Usar grades protetoras na cama, barras de apoio no box do banheiro, elevadores de vaso sanitário e corrimões em todas as escadas; instalar travas e alarmes para ficar mais tranqüilo dentro de casa (mas deixar uma chave com alguém para casos de emergência).

– Usar protetores de ouvido se o entorno for muito barulhento, tais como condicionadores e aquecedores de ar.

– Andar em ruas bem iluminadas e pouco acidentadas.