Quando vale a pena estudar e trabalhar no exterior?

por Roberto Santos

"Meu dilema é parecido com o que li em uma das perguntas da Cyber Carreira. Tenho 28 anos e quase sete anos de experiência profissional. Porém, estou com algumas dúvidas sobre que caminho seguir, pois tenho muita vontade de fazer mestrado profissional no exterior (ainda não tenho nada em vista, mas gostaria de me aplicar para algum curso e tenho condições de pagar), pois sempre tive vontade de ter uma experiência no exterior e por algumas escolhas que fiz, acabei não fazendo um intercâmbio na época da faculdade. Ao mesmo tempo, não sei se essa seria a escolha certa: largar tudo e ter essa experiência que também enriqueceria o meu currículo. Além disso, se surgisse a oportunidade, gostaria de morar um tempo no exterior trabalhando na minha área – sou formada em administração e pós-graduada em Inteligência Estratégica e Competitiva. Será que devo seguir esse meu desejo de estudar e trabalhar no exterior o tempo que for, e depois, se eu voltar ao Brasil, tentar me recolocar no mercado de trabalho? Ou devo continuar aqui e fazer um mestrado profissional no Brasil? Fico no aguardo da sua opinião. Grata"

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Resposta: De fato, dilemas sobre caminhos a seguir na carreira são os mais comuns nesta coluna – alguns mais simples e outros mais complexos, mas todos são subjetivos demais para se fazer uma avaliação objetiva, isto é, para quem o está vivendo, o dilema é sempre difícil.

Dilemas são complicados porque não são como problemas que solucionamos quando encontramos sua causa. Os problemas são desvios de algo que deveria acontecer e não acontece – algo mudou nas condições que criam o desvio que chamamos de problema. Se encontramos a causa-raiz que provocou a mudança e a reparamos, o desvio se corrige e deixa de ser um problema. Dilemas são diferentes, pois não há uma solução única; temos caminhos alternativos que carregam seu prós e contras, quando optamos por 'A', conseguimos seus benefícios, mas também suas desvantagens e daí mudamos para o caminho 'B' para descobrir suas vantagens, mas teremos que conviver com seus efeitos colaterais.

Em seu dilema você tem equacionadas as variáveis de uma equação semelhante. Ao partir para uma experiência de trabalho e acadêmica no exterior você "enriqueceria seu currículo", além de realizar um sonho que está adormecido desde os tempos da faculdade. Por outro lado, nesta hipótese, você teria que "largar tudo e ter esta experiência" e sua carreira profissional ficaria "congelada". Você tem até uma solução intermediária (paliativa?) de reforçar seu CV com um mestrado profissional no Brasil. A solução para o dilema está apenas dentro de você – suas motivações, sonhos, aspirações devem ter uma voz ativa nesta discussão pois são os elementos que devem ser pesados na equação.

Do lado positivo, você é jovem, tem os recursos para a viagem e curso no exterior, tem esse sonho adiado, o mercado valoriza experiência e cursos no exterior. Do lado negativo, você perderá os lances emocionantes da política brasileira e talvez alguma oportunidade de promoção onde trabalha, o convívio com amigos e familiares – largar tudo? Excetuando-se o terceiro fator, o tudo parece pouco diante dos pontos positivos, não? Eu costumo sugerir um "zoom-out" de sua carreira/vida – como olhá-la com o binóculo ao contrário. Nesta imagem, você está com 45 anos – aonde poderá ter chegado com o caminho 'A' ou 'B'? Nenhum esforço local, chefe legal, projeto interessante, ou mestrado profissional local… poderá substituir o que a realização de um sonho poderá lhe trazer – isso, sem contar com as vantagens objetivas de um carimbo no passaporte e no CV, com experiência profissional e acadêmica de sucesso nesta fase de sua carreira.

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Como fica seu dilema quando você introduz a variável SONHO?