Sinto-me excluída ao sair com meu marido e seus amigos. O que faço?

por Anette Lewin

"Assim, não gosto deles, nem de suas conversas e sempre falando do passado que tiveram juntos. Isso tem causado muita discussão entre mim e meu marido, pois ele quer que eu os aceite; e eu acredito que eles não gostem de mim ou que não façam questão de minha presença. Já tentei uma aproximação, mas sempre fico meio sem saber o que falar, pois não tenho afinidades com eles. Meu marido acha que sinto ciúme e os amigos dele também, mas aí é que mora o problema, pois confio no meu marido, sei que ele não sai com eles para me trair. Tenho certeza disso. Só que esta situação fazendo com que eu sinta raiva dessas pessoas, já que eles têm me julgado muito mal e meu marido os ajudou nesse pensamento, chegando a me chamar de doente – ciúme doentio."

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Resposta: Recentemente, respondi o e-mail de um leitor falando sobre sua dificuldade em fazer com que a esposa aceite seu constante relacionamento com sua família de origem – veja aqui.

Podemos entender o e-mail de hoje como algo muito próximo à reflexão já feita, mas acrescento algumas considerações.

Pessoas que cresceram juntas têm, em geral, uma relação com o passado que é frequentemente relembrada quando se encontram. Principalmente aqueles momentos que foram significativos ou ganham significado especial quando examinados sob as lentes do presente.

Quem não se divertiu, riu muito ou se emocionou ao olhar para trás e perceber que, sim, aconteceram coisas pitorescas em suas vidas?

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Pois é… mas o significado de nossas vivências para nós mesmos certamente é muito diferente do que o significado de nossas vivências para os outros. O compartilhamento de experiências vivenciais tem certamente um colorido bem mais intenso do que o relato de uma experiência. Mesmo que esse relato seja feito por um exímio narrador … Todos que frequentam redes sociais estão cansados de desdenhar a foto do cachorrinho do outro e achar que sua recente viagem à Europa interessará a todos os "amigos". Em suma, a maioria de nossas experiências costuma interessar apenas a nós mesmos ou a quem a dividiu conosco. Com raras exceções.

Voltando à nossa leitora, que se diz incomodada em ter que frequentar a roda de amigos do marido.

Bem, é perfeitamente compreensível que histórias que ela não viveu não sejam interessantes para ela. Principalmente na segunda, terceira ou quarta vez que é obrigada a escutá-las. Assim como a esposa de nosso outro leitor que provavelmente não se sentia bem em escutar histórias familiares das quais não participou. Duas, três ou mais vezes.

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Quatro dicas para não se sentir excluída da vida social do marido:

1ª) Bem, como já foi dito, ninguém é obrigado a participar do que não gosta simplesmente por que se casou. Mas como aqui falamos de um grupo social e não de relações familiares antigas, excluir-se totalmente não seria o mais adequado. Afinal, compartilhar ideias com outras pessoas que estão formando novas famílias é importante; ter uma rede de relacionamentos ajuda a: encontrar novos empregos quando o antigo é perdido; socializa os filhos quando eles chegam; permite-nos comemorar sucessos e dividir as aflições que a vida nos apresenta.

2ª) O que as mulheres como nossa leitora costumam fazer nessas situações é juntar-se com as outras mulheres do grupo, caso os amigos do marido já namorem ou sejam casados. Sim, a história do "clube do Bolinha" e" clube da Luluzinha" volta a acontecer depois do casamento. Homens e mulheres continuam a se interessar por coisas diferentes e, por que não, se sentem à vontade quando estão em grupos divididos por sexo.

3ª) Caso, porém, você seja a primeira que casou e esteja meio órfã de parceria feminina, tente encontrar temas que possam interessar a todos, como por exemplo, viagens, compra de um novo apartamento, programas culturais, etc. Certamente será um tanto quanto difícil interromper aquele monte de gargalhadas histéricas regadas a cerveja mas, não custa tentar, não é?

4ª) E, como ensina o bom senso, negocie com seu marido programas que incluam apenas vocês dois e faça com que eles sejam agradáveis, divertidos e até ousados. Assim, daqui a alguns anos você estará dando boas gargalhadas com ele e sentindo que sim, o passado, apesar e por causa de todos os desafios que proporcionou, valeu a pena.