Tratamento naturopático para amebíase

por Gilberto Coutinho

 

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As amebas (do gr. amoibe) são protozoários, organismos microscópicos unicelulares, caracterizados pela ausência completa de cílios ou flagelos, sem clorofila, que vivem na água doce, em solos úmidos e mares ou como parasitas, podendo parasitar o intestino do homem, órgão que pode ser parasitado por diferentes espécies de amebas.

Cerca de oito espécies desse protozoário podem ser encontradas no organismo humano, sendo que a Entamoeba gengivalis vive na cavidade bucal (uma das causadoras da gengivite), e as demais parasitam o intestino grosso.

A Entamoeba histolytica é o agente causador (etiológico) da amebíase, única espécie que, em determinadas situações, é capaz de desenvolver atividade patogênica (doença). As demais amebas são destituídas de tal atividade. A mais antiga dentre as espécies descobertas é a Entamoeba coli (descoberta por Grassi, em 1879) que, ao contrário da E. histolytica, não é prejudicial ao homem.

A amebíase constitui um grave problema de saúde pública; além de ocasionar quadros de colite amebiana disentérica, causada pela E. histolytica, pode também levar ao óbito, anualmente, cerca de 100.000 pessoas, sendo, portanto, considerada a segunda causa de mortes por parasitoses. Muitos casos de infecções assintomáticas são também registrados.

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Quadros detectados de amebíase sintomática, denominada colite não disentérica, foram provocados pela Entamoeba dispar (Brumpt, 1925), pois as investigações não revelaram invasão da mucosa intestinal, o que levou a idéia de que essa espécie não ocasionaria doença como a E. histolytica. Um elevado número de casos de amebíase assintomáticos fez Brumpt, em 1925, sugerir a existência de outra espécie, a E. dispar. Em 1977, a OMS – “Organização Mundial de Saúde” – reconhece a E. dispar como espécie capaz de infectar o organismo humano.

Apesar do crescente número de infecções provocadas pela E. dispar, a amebíase continua sendo definida como infecção sintomática ou assintomática causada pela E. histolytica.

Conceituação

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A amebíase é uma enfermidade parasitária (protozoose), endêmica nos países quentes, causada pelo protozoário E. histolytica, que pode ser contraída pela ingestão de cistos de amebas, frequente nas zonas intertropicais, embora haja também casos isolados nas regiões temperadas.

Classificação

Quase todas as espécies do gênero Entamoeba vivem no intestino grosso de humanos ou de animais, com exceção da E. moshkoviskii, que é de vida livre. As espécies de amebas pertencentes ao gênero Entamoeba foram classificadas em quatro grupos diferentes, segundo o número de núcleos presentes no cisto (cápsula protetora de alguns protozoários) maduro ou pelo desconhecimento ou inexistência desses cistos. A Entamoeba coli parasita o intestino humano, a E. muris parasita roedores, a E. gallinarum parasita aves domésticas; essas três espécies apresentam cistos com oito núcleos. O grupo histolytica: E. histolytica (homem), E. dispar (homem), E. ranarum (sapo e rã), E. invadens (cobras e répteis) e E. moshkoviskii (vida livre), apresentam cistos com quatro núcleos. Entamoeba de cisto com um núcleo compreende: E. polecki (porco, macaco e, eventualmente, humanos) e E. suis (porco, para alguns sinonímia de E. polecki). Entamoeba cujos cistos não são conhecidos ou não possuem cistos: E. gengivalis (humanos e macacos).

Ciclo biológico e patogênico

O ciclo biológico da amebíase inicia-se pela ingestão de alimentos e água contaminados por cistos maduros. Tais cistos passam pelo estômago, sobrevivendo à ação dos sucos gástricos (embora o ácido do estômago possa destruir os trofozoítos, formas vegetais de um protozoário, não afeta os cistos), alcançam a região final do intestino delgado ou início do intestino grosso, onde, então, ocorre o desencistamento, com a saída do metacisto (forma multinucleada que emerge do cisto), mediante uma pequena abertura na parede cística. Em seguida, o metacisto passa por sucessivas divisões nucleares e citoplasmáticas, originando-se quatro e depois oito trofozoítos metacísticos. Tais trofozoítos seguem para o intestino grosso e passam a colonizá-lo.

Na maioria das vezes, aderem-se à mucosa intestinal, vivendo como comensais, alimentando-se de detritos e bactérias, quando, então, pode ocorrer uma disenteria grave, e as fezes ficam com aspecto de sangue e muco. Os trofozoítos alimentam-se de hemácias (células anucleadas e vermelhas do sangue) e destroem os tecidos no trato grastrintestinal. Sob certas circunstâncias, os trofozoítos podem desprender da parede intestinal e, no interior do intestino grosso (principalmente no cólon), sofrer desidratação e transformar-se em pré-cistos (inicialmente, em cistos mononucleados). Mediante sucessivas divisões nucleares, transformam-se em cistos tetranucleados, quando podem ser eliminados do organismo através de fezes normais. Em geral, tais cistos não são encontrados em fezes liquefeitas ou disentéricas.

Em certas situações, o equilíbrio parasito-hospedeiro pode ser afetado, e os trofozoítos passam a invadir, escavar e colonizar a submucosa intestinal, quando se tornam ativos, virulentos e hematófagos (nutrindo-se de sangue); multiplicam-se sucessivamente no interior de inúmeras pequenas úlceras e, posteriormente, podem alcançar, mediante a circulação sanguínea, outros órgãos e, assim, parasitá-los: fígado, pulmão, rins, baço, cérebro e pele, ocasionando um quadro de amebíase extraintestinal. Infecções bacterianas graves podem ocorrer caso a parede intestinal seja perfurada. Segundo pesquisas, estima-se que, em todo o mundo, uma pessoa em cada dez esteja infectada, na maioria das vezes de forma assintomática, e cerca de 10% dessas infecções progridem para estágios mais graves.

Transmissão

A amebíase ocorre pela ingestão de alimentos contaminados (sólidos e/ou líquidos, tais como verduras cruas, alface, agrião, frutas, morango, sucos, cremes etc.), por cistos maduros. Outra forma frequente de contaminação é mediante o consumo de água sem tratamento, contaminada por dejetos humanos e de animais. Os alimentos também podem ser contaminados por cistos transportados pelas patas de roedores e, inclusive, de baratas e moscas (capazes de regurgitarem cistos ingeridos). A falta de higiene domiciliar também muito contribui para a disseminação de cistos, consequentemente, da amebíase. É importante saber que, além dos “veículos” citados, os “portadores assintomáticos” que manipulam alimentos são, muitas vezes, considerados os principais disseminadores dessa protozoose.

Manifestações clínicas

As manifestações clínicas da amebíase podem ocorrer da seguinte forma: assintomática e/ou sintomática; amebíase intestinal (80% a 90% das infecções causadas pela E. histolytica são completamente assintomáticas, a infecção é detectada pelo exame de fezes; disentérica, colites não disentéricas, amebomas (tumorações) e apendicite amebiana. Complicações e sequelas da amebíase intestinal: perfuração, peritonites, hemorragia, invaginações, colites pós-disentéricas e estenoses/hipertrofias do intestino; amebíase extraintestinal; amebíase hepática (aguda não supurativa, abscesso hepático ou necrose coliquativa); amebíase cutânea; amebíase envolvendo outros órgãos: pulmão, cérebro, baço, rim etc.; complicações do abscesso hepático: ruptura, infecção bacteriana e propagação para outros órgãos.

Atualmente, diversos pesquisadores têm concluído que as amebas encontradas na amebíase assintomática seriam causadas pela E. dispar (conforme proposto, em 1919, por Brumpt), e não pela E. histolytica.