A ciência do absoluto e o castigo do tempo

por Roberto Goldkorn

Há cerca de 40 anos ouvi uma palestra sobre um espírito chamado Ramatis, que falava como foi a vida em Marte.

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Sai dali meio cético e comentei com amigos estudiosos de astrofísica. Eles riram muito, e garantiam tratar-se de uma farsa monumental.

Por quê? Simples. Em Marte não há água! Essa é a condição sine qua non para a existência de qualquer tipo de vida.

Bem, alguns anos se passaram e na década de 90 descobriu-se que há água em forma de gelo em Marte. Isso já seria uma baita descoberta. Mas os físicos ainda juravam diante de seu altar científico que seria preciso água em estado líquido e pela pressão atmosférica em Marte isso era literalmente impossível. Não é mais. As últimas descobertas da sonda marciana mostram cachoeiras imensas com… água líquida.

Estamos chegando perto.

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Em 1979 foi lançado o livro Sugar Blues que causou grande agito. Nesse livro o autor (William Dufty) colocava o açúcar refinado no mesmo patamar que a cocaína: Viciante, narcótico e tóxico!

A comunidade científica prontamente saiu em defesa do açúcar dizendo: Não há provas científicas de que o açúcar causa dependência química ou seja nocivo além do já conhecido efeito engordativo.

As mais recentes descobertas científicas mostram o contrário: o açúcar é uma droga perigosa, pode causar câncer e outras doenças nefastas.

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A lista é grande e a cada dia a ciência de ontem é desmentida pela ciência de hoje que por sua vez será destronada pela ciência de amanhã.

Isso não quer dizer que o conhecimento tradicional, mais empírico e intuitivo esteja sempre certo. Não.

O que é importante para não perdermos a sanidade, é evitar o dogmatismo, seja ele exercido em nome da ciência ou da ideologia.

As frases: “Está cientificamente provado!”. “Eu tenho certeza absoluta!”; “Isso não é científico!”; “O que vocês estão falando é completamente absurdo!”. São na verdade expressões de uma cultura religiosa-dogmática, pré-psicopata, altamente anticientífica.

A esquizofrenia ou bipolaridade de alguns pseudocientistas, que negam tudo aquilo que não tem aval “científico” e ao mesmo tempo só acreditam no conhecimento científico limitado a que têm acesso, é uma das grandes debilidades do conhecimento.

Do ponto de vista espiritual os muitos dos antigos inquisidores ou seus simpatizantes, hoje vestem jalecos brancos.

Ao invés de empunhar a antiga bandeira da fé religiosa o fazem em nome da fé científica.

Da mesma forma que negavam às pessoas o direito da livre crença, negam agora o direito ao livre pensar.

Assim como seus ferozes modelos de batina brandindo a cruz, agora empunham resultados de estudos científicos, verdadeiros ou falsos mas nunca definitivos.

Se negam e negam aos que os ouvem o direito da percepção diacrônica do conhecimento.

Essa visão e ação sectária, fascistoide é míope de nascença, embora seus portadores se achem portadores da luz.

Não compreender de um lado a volatilidade de qualquer saber, e de outro a própria limitação da mente humana ao tentar medir e pesar o mundo, é estar doente.

Devemos muito à ciência enquanto processo que instiga a busca do saber.

Mas manter a mente aberta pairando acima de questões fechadas e vereditos definitivos e uma fantástica vitamina para a lucidez e o segredo da eterna juventude.