Como superar a frustração de uma paixão não correspondida?

por Anette Lewin

"Depois de uma reflexão muito longa e dolorosa, percebi que criei uma situação que só existia para mim. Apaixonada por alguém que só tinha atitudes de coleguismo por mim, acabei me frustrando, pois criei a expectativa de que poderia ser correspondida. Não consigo me desfazer desse sentimento de perda. Mas não se perde o que nunca se teve. O que fazer para melhorar este quadro?"

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Resposta: A reflexão é um dos instrumentos importantes no autoconhecimento. Usada como instrumento único, porém, ela pode se tornar uma armadilha que cria novas angústias ao invés de aliviar as antigas.

Esse pode ser o seu caso. Você passou pelas agruras da reflexão, viu o que não quis ver, mas não consegue colocar um ponto final na questão.

A própria reflexão pode ter se tornado um círculo vicioso do qual você não consegue escapar. Explico: quando você diz "mas não se perde o que nunca se teve ", está dando um jeitinho de negar uma perda que existiu. É claro que você perdeu algo! Você mesma afirma que seu sentimento é de perda! Você perdeu a ilusão da conquista para a realidade da impossibilidade. Só que quando você conclui que "não se perde o que nunca se teve" , levanta, ainda que inconscientemente, a possibilidade de recomeçar a batalha da conquista. Afinal, se você nunca teve algo, vale o risco de tentar conquistar. Mas se você já teve e perdeu, seria bobagem insistir no que percebeu que não dá certo, não é?

Assim, a primeira coisa a ser feita é assumir a perda, chorar por ela, e tentar, não mais refletindo mas agora agindo, buscar novas conquistas.

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Livrar-se de pensamentos que invadem sua cabeça pode não ser muito fácil, mas tente entender que a reflexão só se completa na ação.

Se você transformar o resultado de sua reflexão em atitude, ao invés de ficar só refletindo mais e mais, estará caminhando numa direção mais lúcida e menos dolorosa. Tomar atitude não significa correr desesperadamente atrás de uma nova pessoa que substitua a que você perdeu. Significa fazer coisas que você tem vontade, descobrir seus verdadeiros prazeres e evitar repetir a armadilha que a faz pensar que o outro é o único responsável por qualquer sensação boa que você possa ter. O outro tem que ser visto como um parceiro, um complemento, não como o centro de sua vida.

O processo de conquista do outro está intimamente vinculado ao processo de autoconhecimento. Fica mais fácil conquistar alguém quando a gente sabe o que tem a oferecer.

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Assim, dedique-se algum tempo a você mesma para que, quando alguém interessante aparecer novamente em sua vida, você possa oferecer conscientemente a ela o que descobriu sobre você, ao invés de ficar esperando passivamente que lhe dê o que você julga essencial para a sua sobrevivência afetiva.

Costuma funcionar melhor.