Vida e morte dos pequenos empreendimentos

por Roberto Santos

Convidado pelo editor do Vya Estelar a explorar o tema acima, primeiro questionei se não seria um tanto mórbido falar sobre mortalidade de empreendimentos, o que poderia se relacionar com morte de sonhos.

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Afinal, quantas pessoas — amigos e familiares — já não embarcaram nesse sonho de ser “dono do próprio nariz”, fazer fortuna ou história como Mark Zuckerberg (Facebook) e Steve Jobs?

Depois de relutar algum tempo, lembrei de algo muito alvissareiro e realizador para meu pequeno empreendimento – minha consultoria de Desenvolvimento Humano e Organizacional completará 10 anos em Agosto de 2012! Eu sou um sobrevivente e talvez tenha algumas ideias para compartilhar para o lado mais otimista do título do artigo.

O estudo publicado pelo SEBRAE – uma entidade que pode ser definida como um patrono e apoio do pequeno empreendedor – publicado em outubro de 2011, sobre a Sobrevivência de Empresas no Brasil (www.biblioteca.sebrae.com.br/) traz boas e más notícias e, como sempre, a perspectiva depende de qual o ponto de vista adotamos: do copo meio cheio ou do copo meio vazio.

As micro e pequenas empresas no Brasil nascem com uma profusão incrível de um milhão e duzentos mil novos empreendimentos formais por ano e esses geram mais da metade dos empregos formais do Brasil. Me encaixo nesta condição — depois de 27 anos trabalhando como empregado, poder ser um empregador é algo que traz muita realização mais muitas responsabilidades também.

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Segundo aquele estudo acima mencionado, “A sobrevivência desses empreendimentos é condição indispensável para o desenvolvimento econômico do País. E todos os estudos no Brasil e no mundo mostram que os dois primeiros anos de atividade de uma nova empresa são os mais difíceis, o que torna esse período o mais importante em termos de monitoramento da sobrevivência.”

Pelo lado cheio do copo, o estudo do SEBRAE apresenta uma melhoria no índice de sobrevivência de empresas abertas no ano de 2006, comparado com aquelas abertas em 2005, considerando o período até 2009. “…a cada 100 empreendimentos criados, 73 sobrevivem aos primeiros dois anos de atividade.” Este índice é 1 ponto percentual melhor na comparação dos dois anos citados. Parece inexpressivo, mas significa que aproximadamente 12.000 mais empreendimentos sobreviveram no período.

Para quem quiser se aprofundar nas estatísticas, os melhores resultados de sobrevivência se deram nos segmentos de indústria, seguido pelo comércio e serviços, e o pior resultado foi no segmento de construção, com 66% de sobrevivência. Entre as regiões brasileiras, a de melhor índice é o Sudeste com 76,4% e por último a Região Norte com 66% de sobrevivência.

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Pelo lado meio vazio do copo, ou o lado mais sombrio, uma pesquisa apresentada pelo mesmo SEBRAE em agosto de 2010 apontava que em 12 anos de monitoramento da sobrevivência e mortalidade de empresas: “… 27% das empresas paulistas fecham em seu primeiro ano de atividade.” Ou seja, para quem está pensando neste momento em abrir seu negócio, as estatísticas não são animadoras. Por outro lado, quem atravessou esse “portal da mortalidade empreendedora”, operando no escorchante ambiente tributário e de legislação trabalhista arcaica do Brasil, pode se considerar um sobrevivente, com direito a compartilhar algumas ideias e experiências que deram certo e as que fracassaram.

Antes de fazer um depoimento pessoal, abro espaço para as 10 excelentes dicas para a sobrevivência de empresas apresentadas no site do SEBRAE, com as quais concordo integralmente.

Dez excelentes dicas para sua empresa sobreviver:

1ª) Planeje-se sempre;

2ª) Respeite sua capacidade financeira;

3ª) Não misture as finanças da empresa com finanças pessoais;

4ª) Fique de olho na concorrência;

5ª) Prospecte novos fornecedores;

6ª) Tenha controle do seu estoque;

7ª) Marketing não se resume a anúncio, invista em outras estratégias;

8ª) Inove mesmo que seja um produto/serviço de sucesso;

9ª) Invista sempre na formação empresarial;

10ª) Seja fiel aos seus valores e do seu negócio.

Em recente reflexão sobre uma abordagem de como ajudar jovens a escolherem sua carreira acadêmica e profissional, identifiquei que o mesmo pode se aplicar ao empreendedorismo, ou seja, aquela decisão igualmente difícil e crítica de abrir seu próprio negócio, com as perspectivas otimista de ser um dos 70% dos sobreviventes ou estar entre os 30% dos empreendimentos mortos em combate.

Tripé do novo empreendedor

De forma muito simples:

1º) Precisamos trabalhar naquilo que gostamos;

2º) Precisamos trabalhar naquilo em que somos bons;

3º) Precisamos trabalhar naquilo que tem potencial de sucesso no mercado.

Esse é um bom tripé para sustentar o começo de um novo sonho empreendedor e, como sabemos pelas lições básicas da geometria, se descuidamos de um desses três elementos, o plano cai por terra.

Fazer o que gostamos, mas não somos muito bons, ou garantindo estes dois elementos, mas o mercado não é muito favorável ao nosso projeto e pronto, poderemos entrar na lista negra das estatísticas.

O tripé parece simples, mas as respostas àqueles três pontos dele não são tão fáceis quanto as perguntas, começando com:

– O que eu realmente gosto?

– Qual é minha verdadeira vocação?

No próximo artigo te ajudo a refletir sobre como respondê-las.

Até lá!