Por que potencial olímpico no Brasil sai pelo ralo

por Renato Miranda

Em um período que se fala muito em grandes eventos esportivos no Brasil, principalmente aqueles consagrados mundialmente: Copa do Mundo (2014) e Jogos Olímpicos (2016) é natural que os assuntos relacionados à experiência esportiva juvenil tenham destaque como: revelação de talentos, treinamento, competições, infraeestrutura e outros.

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Em textos anteriores (clique aqui) abordamos várias possibilidades e pré-requisitos para que o Brasil venha a ser uma potência olímpica mundial. Hoje nos dedicaremos ao exemplo prático de como podemos projetar um futuro promissor, e ao mesmo tempo, o quanto é importante investir em recursos humanos e infraeestrutura geral.

Refiro-me a participação do Brasil nos Jogos Sul Americano Escolar (meninos e meninas de 12 a 14 anos), ocorrido na cidade Loja (Equador) no início de dezembro (2009). O Brasil é representado por escolas que venceram competições nacionais nas mais diversas modalidades como, natação, handebol, voleibol, atletismo e judô.

Mesmo o Brasil não organizando seleções das modalidades, nosso país venceu a grande maioria delas, mais do que isso, a qualidade técnica e física de nossos meninos (as) são incomparáveis com os demais países e talvez, a Argentina seja aquele que de fato tenha condições de rivalizar com o Brasil.

Não é eufemismo, é fato: O Brasil pode ampliar seu rendimento olímpico em termos mundiais e deixar de ser uma potência olímpica local para se tornar referencial mundial. No entanto, é necessário organizar ações de formação, treinamento, qualificação excelente e de promoção salarial de recursos humanos. Ademais, investir em equipamentos esportivos e criar um sistema de apoio efetivo aos jovens atletas. Essas são estratégias fundamentais. Isso se explica através da seguinte situação atual: nossos acadêmicos em educação física não se sentem motivados em prolongar estudos e se especializar em esportes, pois o atrativo laboral e salarial é mínimo em função das precárias condições de trabalho e baixos salários.

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É preciso, portanto, fazer com que o trabalho esportivo seja atraente para “nossas mentes jovens e brilhantes”. Por outro lado, o jovem atleta que tem alto potencial esportivo, depois de quatro ou cinco anos se dedicando aos treinamentos e competições, intercalados com muitas viagens desgastantes, chega à conclusão que tem pouco apoio e incentivo e ao chegar à idade universitária prefere abandonar o esporte e se dedicar única e exclusivamente aos estudos. Visto que na universidade de uma maneira geral, o esporte de rendimento historicamente sempre foi menosprezado como atividade, por todos os atores sociais envolvidos (alunos, autoridades, governo e outros).

Temos agora uma boa oportunidade de modificação dessa realidade. O Ministério do Esporte sinaliza que podemos transformar nossa realidade esportiva, embora tenha que aumentar seus recursos para investimento. Por exemplo, em Loja a CBDE (Confederação Brasileira do Desporto Escolar) teve apoio e participação do Ministério que permitiram a brilhante participação brasileira.

Há muito que melhorar, mas ao menos é um sinal concreto de mudança. E se não investirmos nessa meninada?

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Bom, peguemos o exemplo da equipe de handebol masculino do Brasil, representado pelo colégio São José de Itajaí (SC), nessa referida competição internacional: com garotos medindo em média 1,80m (aos 12/14 anos), grande potencial técnico, altamente disciplinados e bem orientados, quando chegarem aos 17/18 anos eles desanimarão e muito deles abandonarão o esporte.

Ao contrário, um país que quer vir a ser potência olímpica precisa investir nessa meninada e na formação de treinadores. É possível transformar esses jovens atletas em grandes atletas olímpicos. De outro modo, aqueles que por um motivo ou por outro não seguirem em suas trajetórias esportivas, poderão fazer dessa experiência esportiva qualificada, um processo de oportunidade para construírem uma personalidade exemplar que repercutirá em qualquer setor de atuação pessoal e profissional.