Reagir às provocações alimenta e torna bullying constante

Da Redação

Nós últimos anos, a questão do bullying entrou em pauta tanto na escola como na mídia.

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Brincadeiras que por gerações foram encaradas como "coisa de criança" e que faziam parte na formação e no amadurecimento dos jovens, tornaram-se um problema crônico em muitos colégios, resultando em agressões e crimes, como há cerca de um ano no "Massacre do Realengo", Rio de Janeiro, no qual um rapaz de 23 anos causou a morte de 12 alunos na escola onde ele estudou.

O bullying se caracteriza por atitudes agressivas ou abusivas, feitas constantemente contra aqueles que são vistos como "diferentes". Físicas ou verbais, essas agressões costumam ter como vítimas aquela criança mais quietinha, aquela acima do peso, aquele que usa óculos. Mas em muitos casos se vê também o preconceito sexual e social, com ofensas àqueles meninos que gostam de brincar apenas com as meninas (e vice-versa), e àqueles que não têm condições de comprar brinquedos e roupas caras ou que são filhos de funcionários do colégio.

O assunto ainda confunde educadores que não estão preparados para lidar com isso. O tema é muito delicado e não raras vezes encontra fatores que estão além da sala de aula. Daí a importância de se trabalhar o conteúdo com as crianças desde cedo e ficar atento quando surgirem as primeiras atitudes discriminatórias.

Fatores extraclasse

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A partir dos três anos de idade, a criança começa a desenvolver seu vocabulário e a construir o seu "mundo", inclusive percebendo as diferenças entre os meninos e as meninas. Aos seis, com mais conceitos formados, começa a formação de pequenos grupos e a consequente inserção da criança em algum deles. Normalmente, é aí que se iniciam as provocações.

Para coibir essas atitudes, é necessário que pais e professores atuem juntos.

Em casa

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Em casa, a criança deve aprender com pais valores éticos e morais, com destaque para o respeito à diversidade e como todos merecem ser respeitados, independente de cor, orientação sexual, condição social ou tipo físico. Com esses conceitos bem cristalizados, a criança (quando tiver idade suficiente) não só terá respeito como vai identificar e tentar coibir ela mesma atitudes em que ela identifique a presença de discriminação.

Na escola

O professor deve, além de reforçar o ensino desses valores, estimular o diálogo e promover atividades pedagógicas que coloquem os estudantes em diversos papéis. Pedir que a criança se coloque no lugar da vítima, poderá ajudá-la a entender como o outro se sente quando é alvo dessas agressões. Ela passa a entender que está errada e quais danos ela pode causar aos seus colegas.

Porém, deve haver cuidado para que a criança não se torne muito dependente da ajuda de adultos ou mesmo de amigos. Ela precisa estar preparada para lidar com os problemas que a vida irá lhe apresentar e, para superá-los, deverá aprender que reagir às provocações não é a melhor alternativa, pelo contrário, geralmente é o que alimenta o bullying e o torna tão constante. Além disso, se esquivar acabará deixando ela isolada e poderá causar outros transtornos.

Homossexualidade, obesidade ou cor da pele, características consideradas diferentes nos colegas não gerarão repúdio se as crianças aprenderem desde cedo a lidar com a diversidade. Elas carregarão isso para toda a vida, evitando que, na adolescência ou na fase adulta, venham a cometer atos de preconceito ou mesmo crimes motivados por ele. É assim que se formam cidadãos preparados para viver em sociedade.

Fonte: Maria Édna Scorcia é diretora pedagógica numa escola