Existe um limite para mudarmos? Como vislumbrá-lo?

por Silvia Maria de Carvalho

"É realmente possível mudar velhos hábitos, descartar ideias e pensamentos que não dão em nada? O que fazer quando se sentir incapaz de ir mais adiante?"

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Resposta: Costumo ouvir de meus pacientes: "Até onde posso mudar minha maneira de ser?"

Às vezes a questão vem disfarçada com algum comentário aparentemente ingênuo: "Ouvi dizer que pessoas com distúrbio de atenção nunca concluem uma tarefa." ou, "Minha depressão é crônica, por isso não posso mudar minha vida".

Atualmente as informações estão disponíveis pra todos de forma rápida. Qualquer um de nós pode buscar através da internet os critérios de doenças mentais ou traços de personalidade.

Além disso, nós, humanos, buscamos por caminhos mais fáceis e conhecidos como forma de segurança e proteção. Parece que há a resposta pronta. Sim, parece mais confortável saber, de antemão, até onde podemos ir. Aí buscamos sites ou profissionais que nos deem esse limite.

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É ilusão achar que alguém, fora de nós, tem esse conhecimento. E não se trata do outro saber e sonegar a informação: o outro desconhece. Assim como nós também desconhecemos até tentar. Sábias palavras do poeta espanhol Antônio Machado: "Caminhante, são teus rastos teus caminhos, e nada mais; caminhante, não há caminho, faz-se o caminho ao andar."

Há um ser humano ilimitado dentro de um diagnóstico psiquiátrico. Uma pessoa não "é" necessariamente deprimida, ela pode "estar" deprimida. Da mesma forma que o casado pode estar solteiro e vice-versa. Essa mudança no tempo verbal pode ser a alavanca para você agir na direção da mudança. Assuma a direção da sua vida.

Desde que se comprometa com o processo, desde que saiba que mudar exige persistência, tolerância e aceitação, a estrada está aí para você: seguir.

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Claro que há limites. Até porque as mudanças exigem esforço e têm preço. Mas ninguém pode definir o custo, além de você mesmo.

Mãos à obra.