Escutar a voz interior faz bem à autoestima

por Roberto Shinyashiki

Tudo em nossa vida tem de começar com o respeito aos nossos valores. Sucesso tem de ser consistente. Pessoas de sucesso superficial me dão pena, pois não conseguiram entender o verdadeiro significado da palavra sucesso.

Continua após publicidade

As pessoas não se dão conta dos estragos que pequenas ações sem respeito aos seus valores fazem em sua vida. Pequenas mentiras, pequenas fofocas, pequenas omissões, quando somadas são como bombas atômicas em nosso caráter.

Muita gente quer ganhar uma partida de futebol de qualquer jeito, mesmo que seja com um gol de mão. As pessoas não imaginam a encrenca que criam em sua vida quando conquistam vitórias desrespeitando as regras ou lesando alguém.

Tenho um exemplo disso no meu trabalho: sempre levo dois livros para as minhas palestras. Muitas vezes dou um dos exemplares para alguém da plateia que teve uma bela participação no evento e guardo o outro para dar a algum amigo que apareça de surpresa. No final da palestra as pessoas costumam vir a mim para pedir autógrafos e a coisa fica meio tumultuada no palco. Quando terminamos, eu volto ao púlpito para pegar meu livro e, surpresa: o livro foi roubado!
Para mim isso não é um grande problema. Não vou ficar nem mais rico nem mais pobre por causa de um livro. Mas fico pensando no efeito que aquele livro roubado causa na vida de quem o pegou. É devastador.

Imagine que essa pessoa coloque o livro em seu escritório. Todos os dias, quando olhar para a estante, o livro vai gritar para ele: você é um ladrão! Essa situação influencia a vida da pessoa e sua alma vai ficando fraca.

Continua após publicidade

Talvez você me pergunte: “E em relação aos políticos ladrões? Como fica a vida deles com tanta desonestidade?”. “Como será que anda a relação desses políticos desonestos com os seus filhos? Como andam seu casamento, sua vida psíquica?”

Se, por exemplo, um dos políticos corruptos se vê em uma situação em que seu filho é algemado e preso, ele pode afirmar que é um engano, que seu filho é inocente. As pessoas podem até acreditar que foi uma injustiça. Mas a alma desse pai vai ficar eternamente ferida, carregando a culpa de ter servido de mau exemplo.

Como fica, por exemplo, a vida do político que, todos os dias, vê nos jornais e na televisão denúncias contra ele e sabe que seus filhos estão assistindo ao mesmo noticiário? Na escola, é provável que os colegas passem a evitá-los em razão dessas denúncias.

Continua após publicidade

Mais tarde, como esse mesmo político vai se sentir quando for chamado às pressas para a delegacia e der de cara com o filho detido por tráfico de drogas ou por agressões gratuitas contra pessoas inocentes? Será que esses não são preços altos demais para pagar por sua desonestidade?

Respeitar nossos valores é fundamental para conseguirmos sucesso e felicidade consistentes, e principalmente paz interior. É melhor a derrota do que uma vitória sem escrúpulos.

Agora, a integridade não diz respeito somente à ética. A integridade depende da sintonia entre valores, sentimentos e ações. Quando uma pessoa perde a integridade, perde também o respeito por si mesma, além de abalar a consideração que os outros têm por ela.

Infelizmente, muitas pessoas abandonam seus valores para agradar os outros. Lembra-se da “Maria-vai-com-as-outras”?

“Maria-vai-com-as-outras” é a pessoa que adota sempre as opiniões alheias, faz tudo o que os amigos fazem e tem mania de deixar de lado os próprios sentimentos, só para não contrariar a turma. Mesmo que isso não esteja de acordo com seus valores, ela acata as atividades propostas pelo grupo para ser aceita e porque lhe faltam forças para dizer não.

Você já compareceu a uma “festa estranha com gente esquisita” — conforme cantava Renato Russo — mesmo sabendo que não se sentiria bem naquele ambiente e teria de lidar com situações com as quais não concorda?

Já comprou alguma coisa que não queria ou vestiu determinado tipo de roupa apenas para se sentir parte da tribo?

Já foi induzido por falsos amigos a tomar um porre ou experimentou alguma droga contra a vontade, convencido de que “uma vez só não faz mal”?

Certas coisas, mesmo quando praticadas uma única vez, fazem mal, sim! Fazem mal porque ferem a integridade e enfraquecem a autoestima.

Ouço frequentemente histórias de pessoas que não deram ouvidos aos seus valores e, no dia seguinte, acordaram com uma gigantesca ressaca moral. Não a moral imposta pela sociedade, e sim a moral interior, que nos cobra coerência e nos faz sentir náusea quando avançamos o farol. Seja sempre fiel àquilo que acredita, independentemente do contexto. Lembre-se: depois da ressaca vem o arrependimento por não ter seguido a voz da consciência.

Escutar a voz interior faz bem à autoestima

por Roberto Shinyashiki

Em geral quando se fala em líder, a tendência é imaginá-lo como aquele personagem carismático que tem ideias brilhantes e arrasta multidões. Mas não é só isso.

Continua após publicidade

Há uma espécie de tripé de competências que sustenta os líderes campeões. E é preciso desenvolver cada uma dessas bases para ser um líder completo. Vamos ver cada uma delas:

O líder tem de ser um inspirador

Aquela pessoa que, com seus sonhos, com sua força, consegue contagiar todos aqueles que estão por perto a fazer as transformações necessárias.

O líder tem de ser um administrador

Continua após publicidade

Ter uma meta, um sonho com hora marcada para se realizar. Mas não apenas a meta. Tem de ter também um plano para chegar ao seu objetivo e a capacidade de administrar matematicamente esse percurso.

O líder tem de saber ser chefe

Saber usar o poder do cargo, da posição, também é importante, em especial nos momentos de crise, nas ocasiões nas quais existem as pressões do tempo.

Continua após publicidade

Imaginemos, por exemplo, um princípio de um incêndio dentro de um cinema. Naquele momento, não há tempo para diálogo, para se reunir e encontrar em grupo a decisão a tomar. Nessa situação, você precisa de uma pessoa com firmeza e coragem. Alguém que não só tenha voz ativa para acalmar as outras pessoas, como também tenha equilíbrio para apontar a saída, direcionar os que estão em desespero, mesmo que isso signifique ficar numa posição de perigo. Ou seja, o chefe tem de entrar em cena.

Na empresa, o líder é aquele que, num momento de crise, quando os negócios estão à beira da falência, tem a coragem de apontar os caminhos, e a força para fazer com que os outros o sigam, apesar do risco, apesar do incêndio.

Nós dizemos em medicina que, se o médico não tem opção, o paciente também não tem opção. Para um médico, que se vê sem saber o que fazer, o que está faltando é a força de comando, característica típica dos chefes.

Um médico quando se depara com uma mulher grávida, cujo bebê está passando por uma situação de sofrimento fetal, não tem tempo de ficar refletindo muito sobre a decisão a ser tomada. O tempo espreme a possibilidade de amadurecer a decisão. Então ele tem de ser centrado para ordenar, aos outros ou a si mesmo: vamos fazer uma cesárea agora, porque, do contrário, a criança poderá morrer. A mãe, depois, poderá até ficar triste porque o sonho dela era ter o parto natural. Mas o sofrimento fetal exige essa tomada de decisão rápida.

Às vezes, a empresa tem um plano de crescimento, de vendas, porém, ocorre uma mudança inesperada de circunstância. Alguém tem de ter presença de espírito para enxergar com clareza o momento de decisão e colocar o barco na nova rota a ser tomada para que ele não naufrague.

O que eu observo é que cada pessoa tem uma tendência para exercer cada um desses papéis de liderança. Há aqueles que são excelentes inspiradores, só que não sabem administrar bem. São incapazes de estabelecer e cumprir os métodos que realizem os objetivos que criaram.

Outras pessoas são grandes inspiradoras, mas, na hora em que é necessário uma tomada de decisão rápida, falham porque não sabem liderar com os instrumentos que têm de ter o chefe, o comandante.

É por isso, que vemos tantos bons gerentes sofrendo. Porque eles são ótimos administradores. Recebem-se uma meta, algumas instruções e as diretrizes de como operar, se saem extraordinariamente bem. Mas esse mesmo gerente que é um bom administrador, às vezes não consegue inspirar sua equipe, ou não é capaz de tomar uma decisão rápida e acertada num momento de crise.

A experiência tem nos mostrado que é comum acontecer o contrário também. Acompanhamos novos empresários que começam com aquele gás, com aquela força, porque têm muita inspiração. Mas, passado um ano ou dois, percebem que precisam de sistemas, processos, métodos. São novos empreendedores que têm de aprender a ser também administradores. Portanto, é importante que as pessoas desenvolvam esses três aspectos do seu perfil.

Infelizmente, como o Brasil foi dominado pela ditadura durante mais de vinte anos, a maior parte dos profissionais que está no mercado hoje foi criada para ser o chefe.

É preciso observar que sempre que ocorre uma crise, é porque houve uma falha no sistema de gestão. O que aconteceu é que essa pessoa, que está acostumada a liderar a equipe no grito, não teve a capacidade de dialogar, que o inspirador tem, e não teve a capacidade de estruturar, que o administrador tem.

Então, o verdadeiro líder é aquele que tem a capacidade não só de usar sua competência, sua força principal, seja ela da administração, do comando ou da inspiração, como também sabe lançar mão de qualquer uma das três no momento necessário.