Comprimido antibarriga funciona, mas exige acompanhamento médico

por Sonia Corazza

Mais uma novidade da área farmacêutica tem o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para ser comercializada no Brasil é o rimonabanto, o comprimido antibarriga. De fato a descoberta é fantástica, mas vamos explicar tudo bem direitinho, a fim de separar os grupos de pacientes que podem fazer uso da medicação e é claro, sempre com acompanhamento médico.

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O rimonabanto é o primeiro representante de uma nova classe terapêutica, os antagonistas dos *receptores CB1, indicado para tratamento de pacientes obesos, com IMC( índice de massa corpórea) maior que 30 kg/m2 com sobrepeso, IMC maior que 27 kg/m2 e fatores de risco associados, tais como o diabetes do tipo 2, dislipidemia e combinado com dieta, mais exercícios físicos. Esqueça se você estava esperando uma pílula mágica e anote bem: dieta e exercícios físicos são fundamentais para equilibrar a saúde de qualquer ser humano, você precisa fazer bem a sua parte.

Testado e aprovado

Os testes realizados com 6.300 pacientes em todo o mundo, onde foi feita a administração diária de 1 comprimido de 20 mg, permitiu reduzir de maneira significativa o peso e a circunferência abdominal, os índices de **hemoglobina glicosilada HbA1c e de triglicérides, além de aumentar as taxas de HDL, conhecido como bom colesterol.

Transmissores e receptores

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No nosso corpo cada ***adipócito possui, na sua parede celular, receptores específicos para os transmissores circulantes no sangue. Esses transmissores irão emitir sinais para o núcleo da célula, que decidirá se a célula gordurosa deverá acumular mais gordura ou “quebrar” a já armazenada. Dentro do adipócito, a principal enzima responsável pela quebra da gordura armazenada é a lípase intracelular.

No entanto, a principal responsável pela lipogênese, ou seja, o estoque de gordura, é a lipoproteína lipase, que fica bastante aumentada em pacientes com dieta rica em açúcares. De uma maneira simplificada, cada adipócito possui na sua membrana celular dois tipos de receptores: beta–1 e alfa–2. Os receptores beta-1 mandam sinais para a quebra da gordura intracelular, ou seja, são os receptores lipolíticos. Já os receptores alfa-2 fazem o contrário: bloqueiam a quebra da gordura, sendo chamados de receptores antilipolíticos e são especialmente abundantes nas células gordurosas de determinadas áreas do corpo das mulheres, como no quadril e na região abaixo do umbigo, nos homens. Isso explica a grande dificuldade de perder a gordura localizada nessas áreas mesmo quando fazemos dieta rígida, com perda de peso global razoável.

Mecanismo de ação do rimonabanto

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O rimonabanto age bloqueando de maneira seletiva os receptores CB1 presentes no cérebro e nos órgãos periféricos que interferem no metabolismo da glicose e lipídios (gorduras), incluindo o tecido adiposo, o fígado, as vias digestivas e os músculos. Ao bloquear os receptores CB1, atua diminuindo a hiperativação do ****sistema endocanabinóide (sistema EC), que é um sistema fisiológico descoberto recentemente, constituído por receptores, como os CB1. Acredita-se que estes receptores desempenham um papel importante na regulação do peso corporal e no equilíbrio energético, bem como no metabolismo da glicose e dos lipídios.

Fantástico! Mas fale com seu médico, só ele pode prescrever a melhor medicação para seu caso.

* Os receptores CB1 são os lipolíticos, ou seja, os responsáveis pela quebra da gordura intercelular

** Hemoglobina glicosilada: indica o nível de açúcar no sangue

*** Adipócitos são células que armazenam lípidos (gorduras)

**** Sistema endocanabinóide (sistema EC) regula a lipogênese ( fabricação de gordura: lipo = gordura, gênese = gerar) e aumenta o metabolismo dos lipídios e dos carboidratos