Pessoas saudáveis precisam de um planeta saudável

por Alex Botsaris

Dia 05 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente.  Aproveito a data para lembrar uma questão de saúde que tem tirado meu sono nos últimos tempos. Não me refiro a ninguém em particular, e sim do nosso belo planeta azul, a Terra. O planeta está ficando doente, e a sua doença é causada por nós seres humanos. E pior, a doença que estamos gerando no planeta, já está nos afetando, e causará muita dor e sofrimento, a menos que seja contida o mais rápido possível. Os dados mais recentes, coletados por ambientalistas, metereólogos, biólogos, oceanólogos, entre outros cientistas, são no mínimo, alarmantes!

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O homem vem continuamente destruindo a natureza, desde que criou as cidades e começou o processo de urbanização. No inicio a destruição da natureza foi muito pequena em relação à quantidade de vida que existe na Terra. Entretanto, a partir do processo de industrialização que o ritmo de destruição começou a se tornar .significativo. Agora estamos chegando a um ponto onde muitos cientistas que estudam o meio ambiente consideram crítico.

Vamos começar pela quantidade de vida que existe na Terra. Num sistema biológico podemos medir a quantidade de vida por dois parâmetros – a biomassa (quantidade de massa total em carbono e hidrogênio dos organismos vivos) e a diversidade das espécies. Usando essa racionalidade, é possível classificar um ecossistema em extremamente rico, rico, mediano, pobre ou muito pobre. Quando o homem começa a ocupar um ecossistema, logo ele se torna pobre, seja pela redução do número de espécies, seja pela redução da biomassa. Mesmo no campo, nas áreas usadas para agricultura e pecuária, há uma redução drástica de espécies e biomassa.

Por isso, nos últimos anos a quantidade de vida reduziu de forma dramática em todo mundo. Mais cedo ou mais tarde, essa escassez de vida chegará as cadeias alimentares que sustentam os seres humanos e poderá haver escassez de comida no mundo. Isso poderá surgir sob a forma de desertificação, redução da fertilidade e riqueza dos solos e redução da produtividade da agricultura e pecuária. É preciso dizer que a atual quantidade de vida sobre a Terra levou cerca de 100 mil anos para ser formada. A cada dia consumimos 27 anos de trabalho da natureza para formar a biomassa da biosfera terrestre, para manter as demandas de consumo da humanidade. Se continuarmos com esse ritmo de destruição, em breve sobrará pouca vida sobre o planeta.

As evidências que os recursos naturais vão se esgotar em alguns poucos anos, não param de aparecer. Em muitos locais, por exemplo, o homem extrai mais água do subsolo em relação ao que as chuvas repõem. A diminuição dos lençóis freáticos pode ainda ser agravada pela poluição. Muitos lençóis e rios, fontes de água limpa, estão gravemente afetados pela poluição. A água pode ser considerada o recurso mais fundamental a vida que se conhece. Se as fontes de água continuarem a diminuir na velocidade atual, em breve faltará água no mundo.

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Sem água limpa não haverá produção de alimentos e com isso as pessoas morrerão de fome. Outro recurso básico e fundamental para a humanidade é a quantidade de terras férteis e cultiváveis. Todo ano mais de 25 bilhões de toneladas de terras férteis e cultiváveis se perdem, carregadas pela erosão (secundário ao desmatamento) ou devido a redução de chuvas com desertificação.

Outro problema sério para o meio ambiente e para a saúde das pessoas em geral, é a contaminação ambiental por produtos químicos, em especial no Brasil, onde não há um controle mais severo do emprego de defensivos agrícolas e outros tóxicos ambientais. O mundo usa dois bilhões de quilos de defensivos agrícolas por ano, sendo que a maior parte desses produtos (que são de degradação lenta) fica no meio ambiente, acumulando-se no solo, nos lençóis freáticos ou contaminando plantas e animais. Segundo um levantamento da Agencia Norte-americana do Meio Ambiente (EPA), feita em 1986, nessa época o homem já havia produzido e lançado na superfície do planeta cerca de 260 bilhões de quilos de substâncias tóxicas. Com certeza esse número nos dias de hoje é significativamente maior.

O meio ambiente consegue reciclar lixo e produtos tóxicos, modificando-os e reincorporando-os em moléculas orgânicas normais, contudo a biosfera tem o seu limite. Os indícios que a humanidade vem excedendo esse limite há muito tempo e que, se nada for feito logo, as pessoas vão começar a adoecer por intoxicação com essas substâncias. Por exemplo, recentemente, foi identificado que há uma redução na fertilidade e na capacidade de reprodução de batráquios (sapos, rãs e pererecas) em todo mundo, mesmo em localidades onde os índices de contaminação ambiental são muito baixos. Apesar de não ter sido identificada a causa desse problema, sabe-se que ele está associado a poluentes ambientais. Caso as substâncias causadoras do problema não sejam identificadas e a contaminação fortemente combatida, os batráquios podem ser eliminados da face do planeta para sempre.

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Há ainda um estudo epidemiológico que afirma, que, caso não haja uma redução e controle de produtos organoclorados e metais pesados nos alimentos, nos próximos anos, em breve a maior parte das crianças nascerá imunodeprimida. Isso porque essas substâncias mesmo em quantidades muito pequenas podem prejudicar as células do sistema imunológico de fetos e bebês, afetando seu desenvolvimento normal. Tudo o que relatei até agora é só uma pequena amostra de todos os problemas detectados. Nem falei de problemas como o aquecimento global, das superbactérias, dos riscos dos organismos geneticamente modificados ou da poluição atmosférica.

Todos precisamos nos conscientizar desses problemas e lutar para que sejam tomadas providências para resolvê-los o quanto antes, seja pelas empresas, seja a nível governamental. Afinal, será que a herança que deixaremos para os nossos filhos será um mundo poluído, sem vida e cheio de doenças?