Sentimento de incerteza torna o trabalho inerente à condição humana

por Flávio Gikovate

“… as pessoas que não têm por que temer em termos de sobrevivência, quase sempre continuam a trabalhar… ”

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No texto anterior (veja aqui), expliquei por que todos nós temos uma condição para nos sentirmos inferiores e inseguros.

Um fator inerente a essa condição é a impermanência e mutabilidade da vida: tudo o que somos e temos hoje, poderemos perder amanhã.

Agora vou falar sobre uma forma simples e eficaz de atenuar essa condição.

É muita difícil que consigamos conviver com essa realidade citada acima sem nos afligirmos e sem sentir medo. No entanto, essa sensação desagradável se atenua quando temos nossa atenção voltada para algum tema concreto, quando estamos ocupados em resolver algum problema objetivo, quando estamos trabalhando.

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Se o trabalho é inerente à condição humana, isso ocorre por duas razões:

– Temos que resolver os nossos problemas de sobrevivência;

– Temos que manter nossa mente ocupada com outras coisas que não a incerteza dessa nossa condição.

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Assim as pessoas que não têm por que temer em termos de sobrevivência, quase sempre continuam a trabalhar pela segunda razão. Quando falamos em sobrevivência, falamos na busca de satisfação das necessidades do corpo.

Enfim, nossa necessidade de ocupação deriva do fato de que experimentamos sensações internas desagradáveis, como incerteza e insegurança, quando usamos os dados acumulados em nossa razão para pensarmos sobre nós, nosso futuro e nossa condição: percebemos-nos como muito fracos, desprotegidos, sem garantias e ameaçados.