Qual é o caminho para se tornar um medalhista?

por Renato Miranda

Primeiro, um pouco de história… E um aviso, este texto foi escrito antes dos Jogos Olímpicos de 2016. Bem, vamos ao texto.

Continua após publicidade

Fundamentalmente a partir da década de 1990, o Brasil através do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Ministério do Esporte, Estado e Município do Rio de Janeiro, luta para que a capital carioca seja sede dos Jogos Olímpicos.

Finalmente o Brasil conseguiu essa expressiva vitória de impacto mundial e dentro de sete anos o Brasil se firmará definitivamente na história do Movimento Olímpico.

Naturalmente em estado de euforia muitos atletas jovens das mais diversas modalidades começam desde já a sonhar com uma medalha olímpica em solo brasileiro. Se por um lado não custa nada sonhar, ao tentar colocar o mesmo em prática devemos ter alguns cuidados.

É notório que o esporte brasileiro, em alguma medida dará um salto espetacular e possivelmente esses Jogos Olímpicos iniciará uma nova fase da cultura esportiva do país. Não somente em relação ao esporte propriamente dito, mas, também em relação ao exercício físico e ao lazer esportivo.

Continua após publicidade

O Brasil se mobilizará para melhorar seu desempenho em todas as modalidades, no entanto, temos que reconhecer que o processo para a formação de um campeão olímpico exige paciência, trabalho competente, investimento em todos os aspectos, formulação de uma boa política de desenvolvimento do esporte e outros, para que tudo isso repercuta em uma tradição olímpica.

O exemplo, que poderia dar sobre esse pensar é o voleibol brasileiro, que ao iniciar um projeto de desenvolvimento na metade da década de 70, começou a colher os frutos em 1984 (com a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles). A partir daí, o voleibol se tornou uma tradição em nosso país e hoje, figura entre as maiores potências do mundo em todas as categorias, tanto no masculino como no feminino.

Em quanto tempo 'forma-se' um medalhista?

Continua após publicidade

Para os Jogos Olímpicos de Sidney em 2000, a Austrália criou um plano de desenvolvimento para seus atletas, que durou dois ciclos olímpicos e meio – o equivalente a 10 anos -, para ter seus atletas aptos a disputarem medalhas naqueles Jogos. Por isso em esportes nos quais o Brasil não tem tradição, principalmente nos esportes individuais, como por exemplo, halterofilismo, saltos ornamentais, etc. a conquista de medalhas não será regra, mas excessão.

Portanto, para se construir uma cultura esportiva de tradição vencedora em algum esporte nós necessitamos de um processo complexo de ações que leva tempo e muita dedicação de alta qualidade.

Aqueles atletas que possuem um grande talento e estão em idade juvenil devem, antes de mais nada, contar com uma boa estrutura de treinamento que entre outras coisas permite promover participações em competições nacionais e internacionais de alto gabarito e realizar treinamentos compatíveis com a exigência de competições de nível olímpico e mundial.

Assim sendo, dedicar-se disciplinadamente, a cada dia, como se fosse o teste final para se competir em nível olímpico, é uma boa dica inicial. Além disso, o atleta não precisa ficar pensando obsessivamente nos Jogos que estão por vir, mas, sobretudo focar em suas tarefas diárias e em tudo aquilo que possa vir a ser incremento em seu desempenho.

Focalizar objetivos intensamente a longo prazo, de um modo geral, gera ansiedade e desânimo. Ademais, não esqueçamos que basta uma lesão para que qualquer sonho se torne um pesadelo. Por outro lado, é oportuno que o jovem atleta verifique de tempos em tempos como está seu desempenho em comparação com os melhores adversários do mundo e em relação a ele mesmo. Uma queda de rendimento frente aos próprios resultados anteriores pode ser indício de necessidade de redirecionamento nos treinamentos ou ainda, demonstração de que algo está errado.

A motivação para participar de Jogos Olímpicos não é tão difícil mobilizar, muito pelo contrário. O desafio é manter-se motivado em regime de treinamento a longo prazo e vivenciar certo isolamento, pois, a rotina de um atleta de alto desempenho não permite relacionamento social como qualquer cidadão não atleta. (veja textos anteriores sobre concentração, motivação e liberdade – clique aqui)
.
Portanto, um recado aos nossos futuros atletas olímpicos e aqueles que já o são e pretender disputar em 2016 um dos Jogos mais belos (assim serão!) da história: há uma grande jornada pela frente e somente aqueles dispostos a desenvolverem sua força psicofísica (clique aqui e leia) é que poderão ao menos concorrer com os melhores do mundo. Se não fosse assim, tão exigente e tenso, os Jogos Olímpicos não teriam graça.

Por fim, preparar para os Jogos Olímpicos e conseguir participar com sucesso é como subir uma difícil montanha: cada passo, desde o primeiro, é fundamental para que o último seja a consagração da vitória pessoal.