Atividade física é importante fator para diminuição do risco de AVC

por Ricardo Arida

26 de abril é o Dia Nacional de Combate à Hipertensão Arterial.

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O acidente vascular cerebral (AVC), ou acidente vascular encefálico (AVE), é caracterizado pela interrupção da irrigação sanguínea das estruturas do encéfalo. Ou seja, ocorre quando o sangue que sustenta o cérebro com oxigênio e glicose deixa de atingir a região, ocasionando a perda da funcionalidade dos neurônios.

É uma doença de início súbito, que pode ocorrer por dois motivos: isquemia ou hemorragia.

O primeiro tipo, e o mais comum deles, é devido à falta de irrigação sanguínea num determinado território cerebral, causando morte de tecido cerebral – é o AVC isquêmico. O AVC hemorrágico é menos comum, mas não menos grave, e ocorre pela ruptura de um vaso sangüíneo intracraniano, afetando determinada função cerebral.

Existem muitas evidencias mostrando que o exercício físico regular reduz o risco de doenças cardiovasculares. Entretanto, o efeito protetor do exercício físico no acidente vascular cerebral (AVC) é menos claro e os resultados são inconsistentes. Vários estudos têm encontrado uma relação inversa entre atividade física e risco de AVC (Wannamethee e Shaper, 1992; Hu e col., 2000).

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Análise de 23 estudos

Em 1999, Wannamethee e Shaper publicaram uma revisão de vários estudos verificando a relação entre atividade física e AVC. Observaram que o exercício físico estava associado com uma redução do risco de AVC e que a atividade física moderada pode permitir uma redução significante desse risco. Confirmando esses resultados, uma análise de 23 estudos indicou que um nível elevado de atividade física estava associado a uma redução do risco de AVC hemorrágico e isquêmico (Lee e col., 2003).

Efeito protetor da atividade física: benefícios

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O efeito protetor da atividade física pode parcialmente mediar esses efeitos através de outros fatores de risco do AVC. A atividade física tem um efeito favorável na redução da pressão arterial, perfil lipídico, sensibilidade à insulina, peso corporal, coagulação sanguínea e fibrinólise (Hu e col., 2002). A intervenção do exercício físico pode ser realizada na fase aguda, subaguda e crônica do AVC e inclui atividades aeróbias, exercícios de força, alterações dos hábitos de vida ou outras estratégias.

Um outro aspecto importante do emprego da atividade física após o AVC é a melhora da qualidade de vida desses pacientes. O efeito do exercício na qualidade de vida é muito menos claro que seu efeito no treinamento físico. A avaliação dos benefícios de um programa de exercícios físicos para pessoas que tiveram AVC com tempo superior a seis meses mostrou que, além dos significantes benefícios nas limitações funcionais como resistência, equilíbrio e mobilidade, foi observada também uma melhora na qualidade de vida nos meses iniciais da reabilitação (Duncan e col., 2003).

Em conclusão, os resultados dos diferentes estudos evidenciam que a atividade física é um importante fator para diminuição do risco do AVC. O efeito protetor da atividade física na incidência do AVC precisa de maior destaque na prevenção desse importante problema de saúde pública.

Referências:

Wannamethee G, Shaper AG. Physical activity and stroke in British middle aged men. BMJ 1992; 304: 597–601.

Wannamethee SG, Shaper AG. Physical activity and the prevention of stroke. J Cardiovasc Risk 1999; 6:213–16.

Hu FB, Stampfer MJ, Colditz GA, Ascherio A, Rexrode KM, Willett WC, Manson JE. Physical activity and risk of stroke in women. J Am Med Assoc. 2000; 283: 2961–2967.

Lee CD, Folsom AR, Blair SN. Physical activity and stroke risk: a meta-analysis. Stroke. 2003; 34: 2475–2481.

Hu G, Pekkarinen H, Hanninen O, Yu Z, Guo Z, Tian H. Commuting, leisure-time physical activity, and cardiovascular risk factors in China. Med Sci Sports Exercise. 2002; 34: 234–238.

Duncan P, Studenski S, Richards L Gollub S, Lai SM, Reker D, Perera S, Yates J, Koch V, Rigler S, Johnson D. Randomized clinical trial of therapeutic exercise in subacute stroke. Stroke 2003; 34: 2173–2180.