Sexo, cura e criatividade

por Carminha Levy

Ao tornarmos conhecimento da sacralidade do sexo (ver nossos dois últimos textos), estaremos de posse de uma sabedoria que talvez não toque tanto os jovens, mas que é um caminho de vida para os mais amadurecidos. Esses já devem saber que o fogo do sexo genital vai diminuindo à medida que o tempo passa e nos encaminhamos para um grande paradoxo: a cada dia de vida que ganhamos, o perdemos para a morte! Urge viver bem e plenamente cada dia, pois esses pequenos momentos que se iniciam com o acordar (equivalente ao nascer) tecem pedaços na história da nossa vida que se encerram a cada noite ao dormir (equivalente ao morrer).

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Já vimos que a energia, como metáfora, é um todo que pode ser entendido como um bloco fechado; e que ela irá para onde nós a dirigirmos. Tanto pode ir para a construção de uma vida plena, de autoconhecimento, ou para a desconstrução da mesma vida, quando ela for regida pelo ódio, ressentimento e mágoas.

A energia sexual segue a mesma dinâmica. Como ela se destrói não requer maiores explicações, pois a humanidade, infelizmente, já o explicita: sexo violento, aberrações, subjugações abjetas, crimes hediondos. Vamos sempre enviar uma luz violeta da transmutação sobre essas notícias da mídia e acontecimentos de igual ordem que ocorreram com pessoas queridas e também desconhecidas, para que essa chaga que se abateu sobre a humanidade possa ser diluída e para que o Bem, inerente ao ser humano, prevaleça.

Vamos falar portanto de como combater esse bom combate, para mudarmos esse estado de coisas; e do que podemos construir com a sexualidade voltada para a cura e a criatividade. Vamos fazer essa alquimia também chamada pelos freudianos de sublimação.

A energia sexual é eminentemente bipolar, ou seja, situa-se em dois pólos: o pólo espécie, que tem sua sede nos órgãos genitais e garante a perenidade da raça humana; e o pólo indivíduo, que se localiza no cérebro, sede do “ser” consciente. A harmonização dessa bipolaridade, através da afetividade e do amor, possibilita-nos a graça da sexualidade plena – a saúde do corpo e do espírito. O caminho para alcançar essa graça é a descoberta e a transformação alquímica dos quatro medos básicos: de viver, amar, envelhecer e morrer, todos intimamente interligados.

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O ponto de chegada desse caminho é a fonte poderosa de cura e criatividade: a energia sexual sublimada.

A criatividade expressa-se, principalmente, na arte de viver, que vai sendo aprendida à medida em que nosso autoconhecimento se amplia. Mas também podemos desenvolver um talento específico, ao qual enviaremos nossa energia sexual que, por estagnação ou excesso, esteja nos prejudicando. Isso é bem visível nas somatizações que têm suas origens na agressividade e falta de amor – inclusive sexual – as doenças dos “mal amados”.

A arteterapia é um instrumento potentíssimo para essa cura. Ela nos põe em contato com a força do Divino. Podemos resgatar essa conexão com a prática que se segue, utilizando a energia sexual.

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Prática

Prepare seu recanto sagrado xamânico, como sempre honrando as quatro direções, os quatro elementos e os seus animais. Ao som do tambor, chame o seu animal sexual (provavelmente, um novo que se manifestará) e inicie uma caminhada pelos seus chacras. Vá do coronário ao básico, dando ênfase ao cardíaco – neste surgirão símbolos das camadas mais profundas do seu inconsciente pessoal e do Inconsciente Coletivo – onde jorra a energia sexual e a criativa em estado bruto.

A função dessa prática é trazer para o consciente os símbolos que são para Jung “máquinas transformadoras de energia”, que possuem poder de cura e transmutação. Ao passar esses símbolos para o papel – escrevendo, pintando ou fazendo uma colagem – você estará “coisificando”, materializando esta potente e generosa energia em prazer, alegria e compartilhamento com seus pares.

Axé na Luz!