Terapia pode curar marido que agrediu ex-companheira?

por Anette Lewin

“Remendar uma relação rompida não é tarefa fácil”

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“Separei de meu marido, pois ele me agredia. Ele está fazendo terapia e se diz arrependido. Já faz dois anos. Não sei o que fazer…”

Resposta: A primeira avaliação a ser feita é sobre como está sua vida nos últimos dois anos, período em que ficou separada de seu ex-marido. Você conheceu outras pessoas? Sente-se bem vivendo sozinha? Sente saudades do convívio com seu ex? Sim, porque o mais importante é entender se você quer voltar a viver com ele. De nada adianta você voltar só por que ele quer. Assim, como primeiro exercício de reflexão, faça uma revisão de seu casamento com ele pesando prós e contras.

Tente entender também o porquê das agressões sofridas por você. Quando isso ocorria? O que detonava essas agressões?

Como percebe sua participação nesses momentos de agressão? Ele bebia e ficava agressivo? Ainda bebe ? Sim, todas essas questões são importantes para você poder decidir se vale a pena voltar ou não. De nada adiantaria tentar de novo, por exemplo, se o que detona a agressividade nele é a bebida e ele não parou de beber. Por mais arrependido que ele esteja, não conseguirá se conter. Da mesma forma que, se algum comportamento seu detonava essas explosões por parte dele e você ainda se comporta da mesma maneira, tentar voltar será inutil. Em pouco tempo a relação voltará exatamente ao ponto em que se rompeu.

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Retomar um relacionamento rompido requer um trabalho de conscientização profundo de ambas as partes. E, certamente, requer uma percepção por parte de ambos que precisam mudar alguns comportamentos se desejam que a relação dê certo. O arrependimento por si só não resolve problemas amorosos. É necessário consciência, responsabilidade, generosidade, tolerância e sobretudo um interesse real na pessoa com quem se pretende conviver.

Se você está dividida e sente alguma vontade de tentar novamente, é aconselhável começar devagar. Você pode propor a ele alguns encontros esporádicos para ver como vocês se entendem nessa nova fase. O ideal é que só voltem a conviver depois que ficar claro que as velhas brigas podem ser evitadas através de novas atitudes de ambas as partes. Muitas vezes as pessoas até querem mudar, mas nem sempre querer é poder. Se ele está fazendo terapia, pode ser que realmente tenha se conscientizado de seus mecanismos internos e consiga controlar melhor seus impulsos. Mas só na prática é que isso poderá ser testado.

Por fim lembre-se que remendar uma relação rompida não é tarefa fácil; as velhas mágoas são como brasas adormecidas que podem despertar a qualquer momento e destruir até as melhores intenções. Mas às vezes, caso haja dúvidas, é melhor tentar. Afinal, como diz o velho ditado, é melhor a pessoa se arrepender do que fez do que arrepender-se do que não fez. E sempre é adequado ir até o fim de uma etapa para poder começar outra sem pendências que impeçam uma entrega total.

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