Verdadeiro transtorno de pânico não tem relação com estresse

por Eduardo Ferreira Santos

Resposta: O verdadeiro Transtorno do Pânico, por motivos ainda desconhecidos, não tem relação com situações de estresse vividas pela pessoa.

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Simplesmente, “vindo do nada”, ocorrem os episódios de Ataques de Pânico que, efetivamente, têm características de um problema cardíaco e acabam por levar a pessoa ao pronto-socorro por acreditar estar enfartando.

O tratamento simplesmente com medicações ansiolíticas (Alprazolam, Bromazepam, Diazepam) tem efeito imediato e efêmero, tratando apenas da crise aguda de ansiedade que ocorre naquele momento.

O tratamento ideal é aquele que combina os modernos Antidepressivos Duais (que agem tanto na Serotonina quanto na Norepinefrina, duas catecolaminas potentes que agem nas sinapses neuronais) com uso moderado e restrito ao tempo em que perdurarem os sintomas mais críticos com ansiolíticos.

Como TODAS essas drogas são metabolizadas no fígado, há estudos relativamente recentes que mostram uma variação individual surpreendente nesse metabolismo em pessoas diferentes. A explicação parece estar associada a algum fator genético que, por seleção natural, faz com que determinada pessoa produza as enzimas hepáticas que metabolizam tal droga e outras não, produzindo mais efeitos colaterais do que terapêuticos.

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Há, ainda, que se considerar a possibilidade de reações alérgicas individuais a determinados medicamentos, que exigem uma mudança imediata para outro tipo de droga, mas nunca a interrupção abrupta do tratamento adequado.

Hoje em dia, estão ainda em carater experimental, estudos do potencial genético específico para cada medicamento para cada pessoa, mas os resultados ainda não são absolutamente conclusivos.

De qualquer forma, os Ataques de Pânico e seu consequente estado de “medo de vir a sentir os sintomas novamente” (chamado de Agorafobia) exigem um tratamento prolongado, combinando psicoterapia com a medicação de base específica (particularmente os antidepressivos citados).

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Na prática clínica, de fato, encontramos muita dificuldade até achar o “medicamento certo”, mas quando o encontramos o resultado é excelente. Infelizmente, ainda temos que lidar com o método da “tentativa e erro” até achar a solução adequada.

Outro fator a se considerar é que nem todo “Ataque de Pânico” caracteriza um Transtorno do Pânico. Nos quadros de Transtorno de Ansiedade Generalizada é possivel que as pessoas, perante um evento particular, um “gatilho”, desenvolvam uma Crise Aguda de Ansiedade com todos os sintomas físicos e psiquicos de um Ataque de Pânico.

Enfim, não só na Psiquiatria, mas em todas as especialidades médicas, “cada caso é um caso” e deve ser observado e acompanhado a médio ou longo prazo por um profissional especializado que saberá qual a medicação, qual sua dosagem e quais as intervenções que deverão ser feitas ao longo do tratamento.