Câncer de cólon é curável, se identificado no início

 por Jocelem Salgado

“O desenvolvimento do câncer, principalmente câncer de mama, cólon (intestino grosso) reto, próstata, esôfago e estômago tem sido muito associado aos componentes da alimentação”

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O termo câncer é utilizado genericamente para representar um conjunto de mais de 100 doenças, incluindo tumores malignos de diferentes localizações.

Importante causa de doença e morte no Brasil, desde 2003, as neoplasias malignas constituem-se na segunda causa de morte na população, representando quase 17% dos óbitos de causa conhecida, notificados em 2007 no Sistema de Informações sobre Mortalidade.

Compreender e controlar as doenças malignas requer conhecimentos científicos e experiências que vão desde o conhecimento dos complexos mecanismos de regulação molecular intracelular, às escolhas individuais do estilo de vida. Também se exige uma gestão competente e o melhor uso dos recursos disponíveis para o planejamento, execução e avaliação das estratégias de controle da doença. A prevenção e o controle de câncer estão entre os mais importantes desafios científicos e de saúde pública.

A Política Nacional de Atenção Oncológica incorporada pela Portaria nº 2.048, de 3 de setembro de 2009, define, para o país, abrangente controle do câncer. Essa política considera vários componentes. Desde as ações voltadas à prevenção, até a assistência de alta complexidade integradas em redes de atenção oncológica com o objetivo de reduzir a incidência e a mortalidade por câncer.

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Câncer de cólon

O câncer de cólon (colorretal) na maioria dos seus casos é tratável e curável, quando identificado no início e ainda não tenha sido espalhado para outros órgãos (metástase). Ele ocorre no intestino grosso (o cólon) e reto, iniciando em sua maioria a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso.

Uma prevenção do aparecimento dos tumores seria a detecção e a remoção dos pólipos antes deles se tornarem malignos.

Segundo estimativa do INCA em 2010 ocorreram 28.110 novos casos, sendo 13.310 homens e 14.800 mulheres. O número de mortes foi de 11.322, sendo 5.305 homens e 6.017 mulheres.

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Uma forma de prevenção da doença é uma dieta rica de vegetais e laticínios e pobre em gordura (principalmente a saturada), e não se esqueça de associar isso à atividade física regular. O consumo de carnes vermelhas também deve ser evitado.

Alguns fatores aumentam o risco de desenvolvimento da doença tais como:

– Idade acima de 50 anos;
– História familiar de câncer colorretal;
– História pessoal da doença (já ter tido câncer de ovário, útero ou mama);
– Baixo consumo de cálcio;
– Obesidade;
– Sedentarismo.

Outros fatores de risco de doenças inflamatórias do intestino

– Retocolite ulcerativa crônica;
– Doença de Crohn;
– Doenças hereditárias (como polipose adenomatosa familiar (FAP);
– Câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC).

Sintomas que podem ocorrer em pessoas acima de 50 anos e que podem ser sinais de alerta:

– Anemia de origem indeterminada e que apresentem suspeita de perda crônica de sangue; deve-se fazer endoscopia gastrintestinal superior e inferior;
– Mudança no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre);
– Desconforto abdominal com gases ou cólicas;
– Sangramento nas fezes;
– Sangramento anal;
Sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação.

Pode ocorrer ainda:

Perda de peso sem razão aparente;
Cansaço;
Fezes pastosas de cor escura;
Náuseas;
Vômitos;
Sensação dolorida na região anal, com esforço ineficaz para evacuar.

O tratamento inicial segundo os especialistas é a cirurgia, na qual se retira a parte do intestino afetada e os nódulos linfáticos que são pequenas estruturas que fazem parte do sistema imunológico e que ficam próximos à região. Após isso se aplica a radioterapia, associada ou não à quimioterapia que é utilizada para diminuir a possibilidade de reincidência do tumor.

Mas tudo depende do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas.

Além da hereditariedade o câncer de cólon está também fortemente relacionado à dieta. O professor da Universidade de Medicina do Centro de Câncer e Saúde de Utah, Randall W. Burt, M.D., e também Chefe da Divisão de Gastroenterologia defende que não pode ser ignorado sequer um caso de câncer de cólon na família.

Dr. Burt disse em entrevista na 8ª Conferência Anual de Pesquisa do AICR sobre a Prevenção do Câncer de Cólon que o risco aumenta de duas a três vezes em pessoas que tenham um parente de 1º grau (pais, irmãos) com câncer de cólon. Se tiverem dois parentes de 1º grau com câncer, o risco será ainda maior, de três a seis vezes. Se um parente de 1º grau é diagnosticado com câncer de cólon antes dos 50 anos, o risco aumenta. E se o diagnóstico é feito antes dos 40, o risco é ainda maior. Um parente de 2º grau (tio, tia) ou 3º (avôs, primos) com câncer de cólon, aumenta seu risco em 1 ou ½ vez do risco da população dos EUA, pois foi onde o estudo foi realizado. E para caso de parente mais distante de 3º não há mais risco de câncer.

Em estudo realizado nos EUA, verificou-se que 1 em cada 17 pessoas desenvolve câncer de cólon. Porém, muitos dos casos podem ser prevenidos, sendo que até 75% deles podem ser evitados através de uma dieta e vida saudável, outros 20% dos casos podem ser explicados pela hereditariedade. Mesmo se houver na família uma pessoa com a doença, é possível reduzir seu risco.

Há muitas informações sobre alto risco de câncer na família, que sugere ter uma alimentação mais saudável à base de verduras, frutas e grãos e que alie tal dieta a atividades físicas e manutenção do peso. Além dos cuidados com a alimentação, deveria ainda começar uma proteção rigorosa mais cedo, submetendo-se a exames de sangue, entre outros, aos 40 anos, mesmo que o padrão recomendado seja aos 50, diz Burt.

Apesar de cientistas saberem que determinados casos de câncer de cólon na família origina-se de uma mutação severa em um gene específico, por outro lado pesquisadores não descobriram ainda o que está por trás da maioria dos casos de câncer de cólon na família.

Como a alimentação pode ajudar a prevenir a doença:

O desenvolvimento do câncer, principalmente câncer de mama, cólon (intestino grosso) reto, próstata, esôfago e estômago tem sido muito associado aos componentes da alimentação.

Alguns alimentos podem contribuir com o crescimento, multiplicação e disseminação de células cancerosas, se consumidos por um longo período de tempo e regularmente. Fazem parte desse grupo os alimentos ricos em gorduras, tais como leite integral e derivados, carnes vermelhas, molhos com maionese, bacon, frituras, salsichas, mortadelas, linguiças, presuntos, dentre outros.

Estudos demonstram que o desenvolvimento de câncer de cólon e de reto está relacionado a uma alimentação pobre em fibras, com altos teores de gorduras e altos níveis calóricos (como exemplos: bacon, batata frita, hambúrguer, etc.). O intestino humano reduz seu ritmo natural quando a ingestão de fibras é reduzida na alimentação, e com isso favorece uma exposição mais demorada da mucosa aos agentes cancerígenos encontrados no conteúdo intestinal. Lembrando que uma dieta rica em fibras deve ser associada a alta ingestão de água.

Em países desenvolvidos, o risco desse tipo de câncer, segundo estudos epidemiológicos, tem sido maior em função de um maior consumo de alimentos ricos em gorduras, principalmente em países do Ocidente.

Portanto rever hábitos alimentares e realizar mudanças na alimentação pode e muito ajudar a reduzir os riscos de desenvolvermos câncer. Uma alimentação saudável contribui não apenas para a prevenção do câncer, mas também de outras doenças como: cardíacas, obesidade e enfermidades crônicas como, por exemplo, diabetes.

Diante do exposto, devem ser consumidos com frequência e em quantidades adequadas frutas, verduras, legumes e cereais integrais (os quais contêm nutrientes, tais como vitaminas, fibras e outros compostos. Esses alimentos auxiliam as defesas naturais do organismo a destruírem os carcinógenos (substâncias que estimulam o aparecimento de um câncer) e através deles podem ser evitados sérios danos às células e ainda podem bloquear ou reverter estágios iniciais do processo de carcinogênese (câncer).

Forma de preparo dos alimentos

A forma de se preparar os alimentos também pode influenciar no risco de desenvolver o câncer. Reduzir o sal no preparo da comida e aumentar temperos como azeite, cebola, alho, salsa e outras ervas que realcem o sabor. A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de até 5g de sal ou 2g de sódio por dia, ou seja, o equivalente a uma colher de chá.

Temperaturas elevadas para fritar, grelhar ou preparar carnes na brasa, podem favorecer a criação de compostos que aumentam o risco de câncer de estômago e colorretal. Por isso, para uma escolha de temperatura mais saudável para o cozimento dos alimentos usar as temperaturas mais baixas, como ensopado, vapor, cozido, pochê, fervura, assado ou guisado.

Portanto, pode-se afirmar que vem sendo cada vez mais estudada a relação dos alimentos e do seu modo de preparo com a incidência e redução de vários tipos de câncer e o consumo de grãos, frutas e vegetais tem uma relação direta com a redução de risco. Então aproveitem e façam um passeio pela feira ou pelas gôndolas do supermercado. Só isso já é uma alegria, e a alegria como sempre enfatizo é um tempero fundamental para nossa saúde.