Por que os vampiros fascinam tanto?

por Roberto Goldkorn



Vampiros – Muito do fascínio se deve à face ficcional do vampirismo, iniciada por Bram Stocker e seu Drácula e depois realimentada pelo cinema e literatura. Vide o sucesso estrondoso da saga Crepúsculo”

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Há cerca de trinta anos nos meus estudos ocultistas, deparei-me com o tópico “vampirismo”. Além da juventude que é instigante por sua própria natureza, vi nesse tema mais uma oportunidade de penetrar nas profundezas da alma humana.

De tanto estudar e pesquisar acabei me tornando um “especialista”. Assim ao longo dos anos, fui escrevendo alguns artigos e dando entrevistas que ficam orbitando o ciberespaço e volta e meia vêm bater à minha porta, virtual, é claro.

Recebo quase que diariamente mensagens de leitores que leram algumas desses textos, a maioria escrita há mais de cinco anos, pois foi a época em que decidi não mais tocar nesse assunto. Fui inclusive convidado a participar de um “evento de vampiros” numa chácara, onde um punhado de rapazes e moças quase todos vestidos de negro em pleno verão ouviam palestras, conversavam em grupos e afiavam seus dentes.

Deixei de falar sobre o assunto, pois percebi que ele tocava uma párea cinza, limítrofe entre a luz e a escuridão, entre a sanidade e a loucura, e como sou criatura solar isso começou a incomodar. Jovens e não tão jovens me escrevem querendo saber como fazem para se tornar vampiros, ou se é verdade que eles têm vida eterna, se podem mesmo voar e se transformar em animais, etc. Cheguei a me preocupar tanto com alguns desses leitores que mantive contato por um certo tempo na tentativa de evitar que cruzassem definitivamente a linha que separa os dois mundos e que ficassem perdidos para a nossa boa, velha realidade.

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O B. foi um desses casos. Ele dizia que ao dormir era transportado para um mundo transdimencional, onde uma guerra terrível era travada entre os vampiros do bem e os malignos. Ele fora convocado para lutar essa guerra. Aquilo estava cada vez mais ocupando espaço e importância na vida dele, a ponto da sua rotina – de todo jovem – não fazer mais sentido. Uma mulher me achou na Net e revelou que estava tendo uma relação extraconjugal com um homem, cujas características vampirísticas identificou lendo os meus artigos. Ele inclusive bebia um líquido que parecia sangue, era todo misterioso, tinha uma energia sexual inesgotável e a tiranizava. Fiquei preocupado também, pois me pareceu uma mulher madura, séria, que levada pela solidão e pelo desamor de um relacionamento que esfriou, caiu num armadilha.

O mais estranho é que ela sumiu de repente, e a nossa correspondência simplesmente desapareceu do meu Outlook sem deixar vestígios. Ao longo desse tempo não há uma semana em que eu me pergunte: por que esse fascínio com o vampirismo? Uma jovem amiga me disse que promoveu uma festa no Rio cujo tema era justamente esse. Na verdade era uma coisa lúdica, do tipo Halloween. Ela ficou chocada quando percebeu que alguns frequentadores estavam querendo levar a sério e combinando pactos de sangue, rituais de sacrifício e coisas assim. O evento foi cancelado nas suas outras edições. Lembro também de uma entrevista que dei a uma TV por internet sobre os vários tipos de vampiros. Era para durar uma hora e acabou se estendendo por quase quatro horas por causa da participação dos internautas de todo o mundo.

Mística do vampiro

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Acredito que a mística do vampiro seja fascinante, por causa do poder que eles possuem, e em segundo por envolver o sangue/energia. Nada é mais provocador do que a mística do sangue. Tanto psicologicamente quanto espiritualmente, o sangue fora das veias e artérias é um elemento poderoso porque habita simultaneamente os dois mundos primordiais antagônicos: a vida e a morte. Conceitualmente o vampiro é aquele que se alimenta dessa fonte primária de vida, o sangue de outrem. Assim, daí tira seu poder, ao apropriar-se da seiva vital de outro indivíduo, ele teoricamente está se apropriando do próprio indivíduo de sua individualidade fundamental, de seu DNA, e se você acredita no mundo espiritual de sua Alma.

É claro que não é apenas isso, há o fator sexual, a capacidade mítica do vampiro de subjugar as suas vítimas inclusive sexualmente, tornando-as seus escravos sexuais. Muito do fascínio se deve a face ficcional do vampirismo, iniciada por Bram Stocker e seu Drácula e depois realimentada pelo cinema e mais literatura. Vide o sucesso estrondoso da saga *Crepúsculo. Porém, acredito que mesmo os que nem sequer leram Drácula e outros livros do gênero podem se sentir inebriados pela figura do vampiro ou do vampirizado.

Esse é um arquétipo ancestral, universal onde nós seres tão sem poder, vislumbramos a possibilidade de nos tornar super-homens ou supermulheres e exercer esse poder sem nenhum tipo de moralidade que possa limitá-lo.

De minha parte vou continuar respondendo as mensagens dos meus leitores “vampiros” ou não, mas a minha posição hoje é clara: prefiro mais um dia de sol em Ipanema, tomando um sacolé de coco do Claudinho, e olhando as cariocas mergulhar nas ondas mais ou menos limpas do Rio de Janeiro.

*Filme de romance/fantasia de 2008, dirigido por Catherine Hardwicke, adaptado do primeiro livro da série homônima de Stephenie Meyer por Melissa Rosenberg. O filme estrela Kristen Stewart como Isabella Swan, uma garota que se apaixona por Edward Cullen, um vampiro interpretado por

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