Busque sua ‘raiz xamânica’

Por Carminha Levy

Vou convidá-los a duas viagens xamânicas. Os levarei a conhecer sua ancestral memória xamânica, esta estranha realidade hoje tão bem explicada pelos fenômenos da física quântica. Não é necessário que você acredite no xamanismo, mas sim que tenha, junto à sua curiosidade de conhecê-lo, respeito e fé no que vem através de sua ‘imaginação’.

Continua após publicidade

Busque sua ‘raiz xamânica’

Como o que você vai viver não é induzido, não importa que seja ‘imaginação’ ou produto de sua memória xamânica que vai ser acessada nesta primeira viagem, que é ir à Aurora da Humanidade em busca de suas raízes xamânicas.

Focalize um protetor seu: Anjo, Santo, Orixá… sua intenção clara do que deseja e se deixe levar pelas batidas do tambor, o trote do tambor é o seu ‘cavalo’. Prepare um ambiente e marque as 4 direções sagradas; acenda uma vela (leste), um copo com água (sul), uma plantinha (oeste), incenso (norte). Use um CD de tambor ou qualquer música cujo som seja marcado por uma batida. Não use música que você já associe a algo definido e nem que tenha letra. Feche os olhos, comece a relaxar usando a sua técnica preferida, quando se sentir bem enfocado na sua intenção, ligue o som.

Roteiro da viagem para entrar no seu ‘universo xamânico’ ou pedir solução para um problerma pessoal

Continua após publicidade

– Imagine que está nos primórdios da humanidade. As forças da natureza são incontroláveis, há terremotos, tsunamis; você tem que procurar na Mãe Terra raízes e frutos para saciar sua fome. Não sabe o que é a morte, só sabe que a vida sai da barriga da mulher. Mas também a beleza está em toda parte e você é parte dela: o verde das matas, as águas cristalinas, os pássaros, os animais. Já sabe o mistério do fogo, o resto é tudo desconhecido.
– Mergulhe neste universo, veja como numa tela em branco essa realidade, entre no sentimento que ela evoca e clame por uma ajuda.

Ligue o som, deixe-o programado por 15 minutos. Quando o som se desligar, respire fundo e vá voltando do Estado Alterado de consciência xamânico aos poucos. Você pode sair antes do estado alterado de consciência apenas abrindo os olhos, se estiver sentindo-se desconfortável.

Escreva sua experiência. Você foi rever seus primórdios como xamã, que poderia ser por exemplo, um índio americano, um esquimó…, com seus sentimentos naquela época; ou também encontrou a resposta para ajudá-lo a resolver um problema pessoal.

Continua após publicidade

Provavelmente encontrou o arquétipo do primeiro xamã, aquele que em êxtase com o som do tambor saiu do corpo e foi até o chamado plano da alma. Neste plano ele se conectou com o *Arquétipo do Divino e ganhou a consciência. Iniciou o despertar da humanidade, sendo por este feito considerado o **Herói da Consciência.

Esta é a versão científica que propõe que o xamanismo iniciou-se no matriarcado. Você pode também ter encontrado o xamanismo da época dos caçadores.

Existe a visão patriarcal relatada nessa belíssima lenda, citada a seguir, encontrada entre todos os povos nativos americanos, no norte europeu, na África, Ásia e entre os esquimós.

Lenda

Na precariedade em que vivia o ser humano, sem entender os mistérios e castigos da Mãe Natureza, eles pedem a ajuda do Grande Espírito.

Este envia para socorrer os homens a Águia, que tem o poder do conhecimento. Mas os homens a rejeitaram por ser um animal e não entenderem o que ela comunicava. A Águia volta ao Grande Espírito, relata o ocorrido e Ele manda-a de volta com a ordem expressa de entregar este conhecimento à primeira pessoa que encontrasse.

Esta é uma bela mulher que dorme embaixo de uma árvore e que eu, com licença poética, digo que é a Liberdade, pois sem liberdade não há xamanismo, que nos ensina acima de tudo sermos livres para usar com consciência o nosso livre-arbítrio.

O xamã de hoje: o neoxamã e seu ‘animal de poder’

Conhecendo a nossa origem como xamãs ancestrais, vamos agora viajar para nos ver nos dias atuais como neonxamãs e encontrar um velho amigo: seu ‘animal de poder’.

Desde o matriarcado, passando pelo patriarcado, o animal é o grande companheiro do ser humano. Na história dos deuses egípcios, gregos, romanos… ele sempre apareceu dando força e acompanhando os seus senhores. Entre os egípcios, convém notar, eles eram os próprios deuses.

Na visão da psicologia, os animais representam nosso lado instintivo – que é o mais negado no homem. Temos aí a origem de todas neuroses humanas ou o superliberado instinto revelando-se na explosão de agressividade, violência e intolerância que assola o mundo e que leva a atuação de uma mente psicótica-psicopata coletiva.

O instinto harmonizado ao nosso coração, mente e espírito é a mandala humana que vai nos trazer a harmonia de vivermos em paz na terra. E essa é a grande tarefa do retorno do xamã – sacralizar o ‘instintual’. Nada mais importante para esta missão heróica é o conhecimento do nosso aliado, nosso animal de poder.

2ª viagem – Encontre seu ‘animal de poder’

Focalize um protetor seu: Anjo, Santo, Orixá… sua intenção clara do que deseja e se deixe levar pelas batidas do tambor, o trote do tambor é o seu ‘cavalo’.

Prática

Prepare um ambiente e marque as 4 direções sagradas; acenda uma vela (leste), um copo com água (sul), uma plantinha (oeste), incenso (norte). Use um CD de tambor ou qualquer música cujo som seja marcado por uma batida. Não use música que você já associe a algo definido e nem que tenha letra. Feche os olhos, comece a relaxar usando a sua técnica preferida, quando se sentir bem enfocado na sua intenção, ligue o som.

Objetivo ou intenção clara: encontrar seu ‘animal de poder’. Imagine uma floresta dos dias atuais, vá andando por ela até encontrar uma caverna. Não entre na caverna, do lado de fora um animal deve estar a sua espera. Caso não esteja, declare em bom som que você deseja encontrar seu ‘animal de poder’. Quando aparecer um animal, pergunte se ele é seu animal de poder.
Caso responda (telepaticamente) que não, peça-lhe para levá-lo ao seu ‘animal de poder’. Ao encontrar o que diz ser seu ‘animal de poder’, peça que se mostre em quatro posições, ou quatro animais da mesma espécie, ou ainda, o que é mais comum, o animal se jogará amorosamente em você e haverá um grande encontro de velhos conhecidos que não se viam há muito tempo.

Atenção – não escolha um animal de sua preferência. O animal é quem vai lhe escolher – este é o primeiro preceito sagrado xamânico a respeito do animal que deve ser obedecido.

Fale com seu animal de poder sobre você, de seus desejos de viver o xamanismo (se for o caso) e peça-lhe proteção. Pergunte se ele deseja algo de você. Tudo que vem do mundo xamânico é de luz e paz e o que vocês devem trocar tem de obedecer este principio.

Seja bem-vindo ao mundo xamânico e se prepare para viver na sincronicidade o real sentido da sua vida, ou seja, seu Dharma. Axé na Luz!

*Arquétipo do Divino, Up From Edem – Ken Wilber – Ed. Rontled & Regan Paul, Londres)

**História da Origem da Consciência – Erich Newman – Ed. Cultrix – SP (Uma outra visão da saída do Éden e da maçã proibida da árvore do conhecimento)