Violência contra mulher precisa de atendimento integrado

Da Redação

Estudo realizado pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP constatou que as instituições de atendimento às mulheres em situação de violência ainda não atuam em conjunto. Estratégia que deveria ser adotada, segundo as pesquisadoras, para fortalecer o auxílio às mulheres em qualquer tipo de opressão.

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O trabalho realizado pela enfermeira Angelina Lettiere investigou instituições de atendimento às mulheres de um município do interior de São Paulo. O objetivo era compreender como os profissionais que atuam nas áreas psicossociais, de segurança pública e de saúde realizam o acolhimento às mulheres. O estudo analisou também quais eram as relações entre as diferentes instituições que formam a rede de atenção às mulheres em situação de violência.


Instituições de atendimento às mulheres em situação de violência não atuam em conjunto

Essa rede é formada por diversas instituições como Delegacias Especializadas no Atendimento à Mulher (DEAM’s), Polícia Militar e Unidades Móveis de Corpo de Bombeiros, Centros de Referência, Casas Abrigo, Serviços de Saúde, Instituto Médico Legal, Defensorias Públicas e Defensorias Públicas da Mulher, além de programas sociais.

Respostas limitadas

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De acordo com a pesquisadora, para que o atendimento seja eficaz, é necessário que todas as áreas de atendimentos às mulheres trabalhem juntas. Porém, hoje “os processos de trabalhos ainda permanecem centralizados no modelo hierarquizado, o que causa uma consequente divisão da atenção à mulher, assim cada instituição trabalha de forma isolada e as respostas necessárias para superar os problemas delas ficam limitadas”, relata.

Segundo Angelina, para uma rede de atendimento mais fortalecida, é preciso que os profissionais e as instituições, além de atuarem juntos, trabalhem também em conjunto com as mulheres, sem deixar de respeitar o contexto social e as características de cada uma, de forma que a atenção com elas seja integral.

Esses profissionais “não se colocam ou não se veem como parte da rede e reconhecem as lacunas para desenvolver uma atenção com base nos princípios da integralidade e da continuidade da atenção, tanto no trabalho na instituição como no trabalho na rede”, continua a pesquisadora.

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O estudo, contudo, indica que as relações em rede nessas instituições estão em estágio de formação. As instituições, conta a enfermeira, apresentam algumas iniciativas para que o atendimento não seja fragmentado e para que atenda todas as necessidades dessas mulheres.

Os resultados do estudo formam apresentados na tese de doutorado de Angelina A rede de atenção à mulher em situação de violência sob a perspectiva do pensamento complexo, defendida em 2015, com orientação da professora Ana Márcia Spano Nakano.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens  

Mais informações: (16) 3315.3476