História da Wicca e sua conexão com a Mãe Terra – Parte I

por Carminha Levy

A preocupação pela cura da Mãe Terra, o respeito com a natureza e a percepção que os xamãs possuem que tudo está ligado e que fazemos parte de uma grande teia é encontrado não como uma filosofia mas sim como uma religião: Wicca.

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Essa religião assumidamente pagã é também conhecida como Feitiçaria.

Feitiçaria é uma palavra que assusta muita gente e como ressoar do inconsciente coletivo ainda há o clamor que chega até hoje proveniente do massacre da caça às bruxas, o que nunca foi reparado pela igreja católica e do qual cada um de nós sente iconscientemente uma parcela de culpa pelo ocorrido.

Wicca, bruxas e xamanismo

No imaginário popular as bruxas são feiticeiras velhas e feias voando em cabo de vassouras ou praticando ritos satânicos. Faço aqui a minha parte de desmistificar essa crença ignorante e honrar essa religião que está conectada com o Xamanismo Matricial.

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A feitiçaria como é vista pelos seus seguidores é a mais antiga religião existente no Ocidente. Suas origens são anteriores ao cristianismo e ao islamismo. A antiga religião, está mais próxima das tradições nativas ou do xamanismo Ártico. Ela não se baseia em dogmas, conjunto de crenças ou num livro sagrado e sim retira os seus ensinamentos nos movimentos do sol, da lua e das estrelas, no lento crescimento das árvores e no ciclo das estações.

De acordo com as lendas a feitiçaria nasceu há mais de 135 mil anos após o último degelo. Tais como os xamãs pequenos grupos de caçadores enfrentavam os perigos da natureza e possuíam uma profunda conexão com os animais. Um desses talentos que aparecem nos relatos orais do xamanismo, consistia em um ser privilegiado do Clã “convocar” as manadas até um penhasco de onde alguns animais se atiravam provendo muita alimentação nessa época de pouca fartura. Os pedaços dos animais eram guardados nos gelos que provinham da geleiras que se derretiam.

Esse indivíduo era um xamã que entrando em harmonia com a natureza sentia o ritmo vibrante que inspira toda vida: a dança da espiral dupla, o redemoinho para dentro e para fora. E assim surgia a imagem da Deusa Mãe aquela que dava a luz trazendo para a existência toda a vida, e o Deus Galhudo o Senhor da semente caçador e caçado, que eternamente cruza os Portais da Morte para que uma nova vida possa desabrochar.

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Por muito tempo o culto à Grande Deusa e sua mensagem pacificadora e protetora tornou a A Senhora das Coisas Selvagens e o Caçador tornou-se o Senhor dos Grãos que era enterrado no útero da Deusa para renascer na primavera. A Deusa foi pintada nas paredes calcinadas dos santuários quando surgiram as primeiras vilas. Ela sempre aparecia trazendo nos braços um Criança Divina – seu consorte, filho e semente. Na prática ritualística sacerdotisas descalças descobriram que certas pedras aumentavam o fluxo da energia.

Essas foram colocadas em pontos adequados em círculos que marcavam os ciclos do tempo: solstícios e equinócios. Surgiram os rituais e a cada raio de sol e de lua que atingiam essas pedras e também o fogo da fogueira foi formando-se grandes reservatórios de energia sutil, portais entre o mundo do visível e do invisível, que eram venerado pelos iniciados.

Posteriormente surgiram culturas que se dedicaram a arte de guerrear e os Deuses guerreiros expulsaram os povos da Deusa, que se refugiaram para as colinas e montanhas altas onde ficaram conhecidos como Sides, Pictos, Duendes ou Fadas. O ciclo mitológico da Deusa, seu consorte, mãe e criança divina que prevaleceu por 30 mil anos, foi sufocado pelos valores patriarcais vitoriosos. Na Grécia a Deusa em suas várias aparências, “casou-se” com os novos Deuses, resultando no Panteom Olímpico, nas Ilhas Britânicas os celtas vencedores adotaram vários aspectos da antiga religião, incorporando-os aos mistérios druídas.

As “Fadas”, vivendo em cabanas redondas cobertas por turfas, preservaram a antiga religião. As mães dos clãs chamadas de rainhas de Elfame (terra dos Elfos), conduziam os rituais junto com o sacerdote, o rei sagrado o qual personificava o Deus Moribundo e era submetido à ritualização de uma morte simbólica no final do seu mandato. Celebravam-se os festins da Roda com animadas procissões a cavalo, canções e cânticos com o acender dos fogos rituais. Os povos invasores algumas vezes se misturavam às famílias rurais e passavam a ter sangue de fadas. Antigos mistérios foram preservados pelas Escolas de Druidas e as Escolas Poéticas da Irlanda e do País de Gales.

Fonte: STARHAWK A DANÇA CÓSMICA DAS FEITICEIRAS
Guia de Rituais à Grande Deusa Record – Nova Era