Prática de yoga combate refluxo gástrico

por Nicole Witek

Escolhi especialmente o tema de hoje para responder as pessoas que tanto se questionam sobre a síndrome do refluxo gastroesofágico. Mesmo tendo feito uma consulta médica as indagações ainda permanecem.

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Percebi, em uma carta que recebi recentemente, que existem restrições médicas ao ler esta frase: “… não posso fazer nada que aperte o abdômen (recomendação médica) por causa do refluxo”.

Existem vários tipos de tratamento, depende dos resultados dos exames e do diagnóstico médico.

Como o meu leitor é uma pessoa curiosa e pró-ativa, já pesquisou as causas dessa síndrome.

Veja bem, existem várias causas:

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Psíquica: o estresse leva a pessoa a funcionar em sobrecarga do sistema simpático. Lembre-se: essa parte do sistema nervoso ajuda você em direção aos desafios, a empuxar (empurrar com energia, com força) seus limites… que quando realmente entra em sobrecarga leva a distúrbios dos mais variados, começando pela perturbação do sistema digestivo;

Postural: o esôfago “corre” por dentro ao longo da coluna vertebral. O desabamento das costas deixa o esôfago e o estômago numa posição antifisiológica. O esôfago fica tão frouxo, que o esfíncter, a válvula que fecha a entrada do estômago onde os alimentos estão banhados em ácido gástrico, torna-se incapaz de reter o conteúdo do estômago, provocando a regurgitação (expelir excesso de alimento) ;

Respiratória: uma respiração antifisiológica.

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Para você acabar com esse sintoma, por favor, siga as informações e prescrições do seu médico, porém ao mesmo tempo comece um “tratamento“ através das práticas de yoga. Se for possível e “religiosamente” duas vezes por semana.

Os tratamentos corriqueiros enfraquecem a válvula. Porém, se ela for estimulada de maneira correta pode voltar a exercer o seu papel e assim acabar com os sintomas.

De fato, praticar exercícios voltados para o sintoma é muito importante para acabar definitivamente com a síndrome de refluxo gástrico e dar tônus novamente à válvula. As práticas para reforçar o seu tônus são ligadas ao funcionamento correto do diafragma. Só vigiando uma respiração fisiológica que o sucesso será garantido.

Já que o diafragma circunda o esôfago e que o movimento do diafragma modifica o diâmetro e a forma de abrir e fechar a válvula, e também pode ser controlado voluntariamente, ele será o meio de se conseguir uma reeducação da válvula.

Reforçar o diafragma quer dizer usar vontade e consciência para encontrar novamente sua respiração diafragmática que foi perturbada ao longo dos anos, das preocupações, das posturas erradas principalmente na escola e no posto de trabalho.

A respiração diafragmática é uma respiração onde se usa o diafragma – músculo maior do corpo em formato de cúpula que separa o aparelho respiratório do aparelho digestivo – como um pistão para atrair o ar no fundo dos pulmões.

– Quando o ar é atraído (por depressão) dentro dos pulmões, chama-se inspiração.

– Quando o pistão sobe, o ar será expulso para fora, chama-se expiração.

Visto de fora, o que parece que acontece:

– Parece que o ventre está inflando na inspiração. Observe para que haja o afastamento das fibras do músculo transverso do abdômen para as laterais do corpo. Evite empuxar o ventre para fora, como é dito pela maioria dos professores, na internet e em alguns livros, por preguiça de explicar e esclarecer, ou simplesmente por ignorância.

É importante estudar um pouco de anatomia para visualizar esses músculos que sustentam e suportam a caixa (melhor: o saco) onde estão contidos os órgãos internos.

– Parece que o ventre está encolhendo na expiração, porém verifique se você não está inflando o peito ao mesmo tempo, o que é totalmente errado. Neste treino o peito fica imóvel, a coluna vertebral também.

De fato

Você está alongando as fibras do transverso do abdômen na horizontal para abrir um espaço dentro do tronco, para o diafragma descer e ter seu papel de pistão que atrai o ar para dentro, para permitir a inspiração.

Você encolherá as fibras desses mesmos músculos horizontalmente para o centro do corpo, para reduzir o espaço e propiciar a subida do diafragma, o que levará o corpo à expiração.

Assim que esta forma de respirar for corretamente feita, o yoga propõe várias técnicas que serão o início de uma nova vida:

Bastrika ou respiração do fôlego – quando inspiração e expiração são dinâmicas e vigorosamente controladas para contrair e relaxar o diafragma alternadamente.

As técnicas propostas no yoga são contraintuitivas e opostas à forma pela qual a maioria das pessoas respira espontaneamente. Geralmente as pessoas respiram sem nenhuma consciência, usando unicamente os músculos torácicos, o que deixa o diafragma inativo, abandonado até perder seu verdadeiro papel de músculo principal da respiração.

A respiração diafragmatica consciente, intencional e forçada no inicio ajudará a sair do condicionamento da respiração toracica, reforçará a atividade da válvula que fecha a entrada do esôfago para o estômago e os movimentos da musculatura interna dos intestinos. Outros efeitos colaterais positivos serão também percebidos, já que toda atividade do sistema digestivo se beneficiará do movimento do diafragma.

Existem outras práticas importantes que vão contribuir a reforçar o diafragma, como as posturas invertidas ou as flexões para frente, como o arado, a vela ou “bananeira”.

Essas práticas devem ser feitas com supervisão de um bom professor e só podem ser executadas quando a respiração já voltou a ser correta e fisiologicamente efetuada.

As posturas citadas reforçam o diafragma e obrigam a válvula a contrair mais fortemente com a pressão e a carga impostas pelas posturas.

Os resultados das sequências resultam em mais força e um funcionamento melhor da válvula nas condições normais de vida, afastando assim, os riscos de refluxo.

As práticas propostas contradizem as recomendações clássicas, porque elas favorecem o desenvolvimento do tônus muscular e de um controle melhor da válvula. O que afasta os riscos de refluxo.

O conjunto de posturas aliado a mudanças no ritmo de vida, mudança no jeito de se alimentar e tratamentos apropriados alopático ou/e com medicina complementar, previne o disfuncionamento gastrointestinal.

As técnicas propostas pelo yoga são simples, eficientes e custam pouco. Com bom acompanhamento e seriedade, posso dizer que contribuem a saúde perfeita do trato gastrointestinal.