Infarto: saiba os sinais e o que fazer se estiver sozinho

por Nicole Witek

Você está realmente estressado e perturbado!

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Vamos dizer que são 18h00 e você está dirigindo de volta para casa – sozinho com certeza. Já que estatisticamente, um grande número de pessoas está sozinho quando sofre um ataque do coração.

De repente, começa a sentir uma dor aguda irradiando para os seus braços e subindo até o seu maxilar. Você está apenas a 24 km do hospital mais próximo. Infelizmente você não tem certeza se conseguirá chegar até lá.

O que fazer?

Você recebeu o treinamento em primeiros socorros, mas não lhe ensinaram como aplicar tudo aquilo em você mesmo.

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Aqui estão as dicas publicadas no Jornal no. 240 do Hospital de Rochester (EUA) para quem sofre um infarto sozinho e longe de qualquer socorro.

Guarde bem em sua memória: a pessoa cujo coração está batendo descontrolado e que sente que vai desmaiar, tem apenas 10 segundos antes de perder a consciência.

Mas… como proceder então?

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Mantenha a calma, nada de pânico nessa hora.

Comece a tossir repetida e vigorosamente. Respire profundo antes de cada tosse. A tosse deve ser profunda e prolongada, como se quisesse eliminar catarro do fundo do peito. A respiração e a tosse devem ser repetidas a cada 2 segundos sem interrupções até a chegar ajuda ou até o batimento cardíaco voltar novamente ao normal.

Saiba que:

Respirações profundas levam oxigênio até os pulmões e a movimentos decorrentes da tosse fazem contrair o coração, o que mantém o sangue circulando.

A pressão da contração também ajuda para que o coração volte ao seu ritmo normal. Isso dará tempo à vítima para chegar ao hospital e ser socorrido.

Eu gostaria de comentar pessoalmente essas dicas do Hospital de Rochester:

As doenças coronárias são ligadas ao estilo de vida: particularmente à alimentação e à atividade física.

O acidente coronário parece súbito e violento, mas na maioria dos casos, trata-se das consequências de uma longa doença, instalada silenciosamente, há anos.

Os depósitos de gordura nas paredes das artérias começam pouco depois da adolescência, evoluem silenciosamente, dependendo do modo de vida de cada um. Sua presença se revela de duas formas: através de dores ligadas à insuficiência de oxigênio ou pelo infarto.

Através de milênios houve uma seleção natural dos genes favoráveis às necessidades da vida pré-histórica: incerteza de ter comida disponível e da força física.

A abundância que desfrutamos, os deslocamentos com veículos e as simplificações das tarefas físicas levaram às doenças de “acumulação” e anomalias na regulação como o diabete, que é a incapacidade do organismo de conter a taxa de glicose no sangue abaixo de 1gr/litro.

A frequência das doenças coronárias é tão dramática que passam na frente de todas as outras doenças cardíacas. Uma das causas é o cigarro. Podemos considerar o fumo como uma grande catástrofe da história mundial. Antes de 45 anos, 9 entre 10 infartos decorrem do uso do cigarro.

Os alimentos da era industrial: mais açúcar, mais gordura aliados a uma educação ruim em relação à alimentação, são fatores de doenças coronárias. Em vários países, mais de 1/3 da população tem excesso de peso e a obesidade do jovem foi multiplicada por três em vinte anos.

A mecanização da vida tirou do cotidiano a atividade física, tanto na vida do adulto como na vida do jovem.

E o estresse? O coração paga a conta

O coração paga a conta da atividade frenética do cérebro. A tensão permanente da mente gera uma secreção aumentada de mediadores como a adrenalina, que são aceleradores da frequência dos batimentos cardíacos, mesmo quando a pessoa está parada. Esses mediadores se tornam agressivos se o coração não está protegido por um bom condicionamento físico.

As dificuldades da vida nas cidades e do estresse profissional são fatores importantíssimos.

Hoje sabemos que a oclusão das artérias por uma placa gordurosa gera um mecanismo de inflamação complexo, que leva a dor e mais tarde, até o infarto.

Mesmo que a medicina e a cirurgia moderna tenham recursos para evitar um acidente letal, mesmo que se tenha beneficiado de uma intervenção cirúrgica, cabe a cada um de nós prevenir e proteger seu coração.

Antes que seja tarde demais, cada paciente deve se responsabilizar pelo estado de seu coração e suas artérias.

– parando o cigarro;

– tendo uma boa atividade física;

– adaptando a quantidade de calorias às suas necessidades;

– modificando seus hábitos alimentares.

O estresse influencia diretamente a tensão dos músculos, regulando o calibre das paredes vasculares. O relaxamento profundo é o remédio para completar a medicação prescrita ou para realizar uma prevenção eficiente.

O universo de quem enfartou ou de quem está sofrendo de angina (o encurtamento da respiração é um dos primeiros sinais), está povoado de sensações e sinais ameaçadores. Ao perceber esses sinais, deve-se dar início a uma atitude positiva em relação às mudanças de vida: a busca da serenidade e do bem-estar.

Tudo que pode favorecer a calma, o distanciamento dos problemas e, numa primeira etapa, uma reeducação respiratória, será essencial.

Mesmo que o paciente tenha um tratamento, será imprescindível verificar o estado da respiração, estudar um mínimo de fisiologia para que a respiração fique equilibrada e que o diafragma se torne o aliado do coração.

Lembre-se: respiração boa e equilibrada:

Regula o sistema nervoso autônomo;

Combate os depósitos de placa nas artérias;

Trabalha o diafragma, aliado do coração;

Opera o relaxamento imediato.

Bibliografia :

100.000 battements par jour – PR Jean-Pierre Ollivier Comment réussir son infarctus – André Van Lysebeth

*Dados extraídos da revista Men's Health nº18