Técnicas de yoga para lidar com a síndrome do jaleco branco

por Nicole Witek

Como professora, consultora ou coach em yoga, tento sempre encontrar dentro das práticas de yoga, as que sustentarão minha saúde ou me ajudarão a resolver um problema específico.

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Já usei as técnicas de yoga para os olhos, estresse, saúde da coluna vertebral, etc.

Porém, hoje devo confessar que foi um leitor que levantou a questão e fiquei curiosa de saber como eu resolveria o problema.

Síndrome do jaleco branco ou do casaco branco, você conhece?

Com a vontade de dar respaldo a esse leitor e mostrar uma via a mais para se livrar do problema, comecei a pesquisar.

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Qual é o problema?

No momento em que o paciente entra no consultório médico, modificações fisiológicas aparecem no corpo como o estresse: a respiração se torna superficial e rápida, aumenta a frequência cardíaca acarretando um aumento da pressão arterial. Quando o médico, de casaco branco se aproxima para medir a pressão… ela dispara tornando impossível uma medição exata.

Veja bem, não estou propondo uma consulta online. Estou simplesmente “brincando” com hipóteses.

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Vamos supor que não haja nenhuma patologia declarada, que o coração só dispara em situações fora do comum, de estresse, e só na hora da medição. O paciente sensível, impressionado pelo ambiente hospitalar, começa a sentir uma ansiedade crescente.

Vamos supor que estou com ansiedade, devido à consulta, à espera, ao tempo que fiquei imaginando os piores cenários.

Aqui está o protocolo (técnica) que aplicaria para me livrar dessa síndrome:

EMDR

Eu poderia começar com uma terapia curta do tipo EMDR, Eye movement desensitization and reprocessing, processo no qual o paciente lembra de um evento traumatizante e ao mesmo tempo recebe uma estimulação que faz com que os olhos se movimentem de um lado para outro.

Ou outra terapia curta como PNL, Programação Neurolinguística (1).

Yoga para completar

Uma boa sessão de yoga, feita com bom senso e com a ajuda de um profissional ajudará a baixar todos os ritmos. Gradativamente o sistema nervoso se equilibra e assim se tem mais capacidade para “domar” ou “controlar” o corpo quando esse entrar em pânico.

Sendo assim, eu termino minha sessão num ambiente interno de calma e de tranquilidade, em paz comigo e com o mundo, liberada dos medos que contraem os músculos tanto esqueléticos como esses das artérias, o que poderia ser uma causa para minha pressão aumentar.

As práticas de yoga aquietam meu coração por meio das posturas, das técnicas precisas e de uma respiração desaceleradora.

As técnicas de respiração desaceleram todos os ritmos frenéticos do meu corpo. Neste estado de calma e tranquilidade eu, propositadamente, facilito a produção relaxante de endorfinas que substituem a essa do estresse que contribuem para elevar a pressão.

Sabemos que o relaxamento e mais tarde a meditação levam à:

– diminuição dos fluxos nervosos para os músculos (tensões crônicas);
– diminuição da reatividade muscular às solicitações hormonais como durante a diminuição da produção de adrenalina;
– diminuição das reações vegetativas de estresse: regularização das reações do sistema nervoso autônomo: orto ou parassimpáticos (3).

Como?

Simplesmente: além da imobilidade total e da respiração aquietada, o que me leva a um estado de relaxamento gostoso, eu foco minha atenção sobre uma emoção de gratidão, de amor, para com meu coração ou para com a vida …. ou qualquer assunto que me deixa o peito alagado com ondas de gratidão.

Permaneço assim, cérebro e coração aliados, mente e corpo em harmonia,  durante alguns minutos antes de voltar às minhas atividades do dia.

Praticar uma vez por semana não é suficiente. Deve-se praticar todos os dias ou dia sim, dia não, quando se tem uma situação que queremos mudar, é necessário se disciplinar para quebrar o círculo vicioso dos hábitos errados.

Praticando regularmente, aparecem efeitos colaterais que chamaria de “positivos”.

Uma prática regular:

– Regula as funções equilibradoras do sistema nervoso autônomo;

– Baixa a “velocidade” da via “flight or fight” ou seja de “ fuga ou luta” que nos permite atravessar todos os desafios com energia e garra;

– Reforça a atividade do sistema que “acalma” todas as funções depois do furacão;

– Eu me esforçaria para praticar, no mínimo, duas vezes por semana sabendo que assim encontrarei gradativamente um equilíbrio HA e THA, sol e lua ou yin e yang, se você preferir.

Para completar e me ajudar ainda mais, da mesma forma que existem programas gravados para ajudar na hora do parto [hypnobirthing (2)], existem CDs de relaxamento que podem servir para uma programação mental positiva.

Eu gravaria um relaxamento de 15 minutos que tentaria praticar todos os dias – bem antes do check up do médico.

Escrevendo isso, estou pensando que posso também propor um CD que preparei com essa finalidade “Relaxar é possível” (4) .

(1 ) A Programação Neurolinguística (ou simplesmente PNL) é um conjunto de modelos, estratégias e crenças que seus praticantes utilizam visando principalmente o desenvolvimento pessoal e profissional. É baseada na idéia de que a mente, o corpo e a linguagem interagem para criar a percepção que cada indivíduo tem do mundo, e tal percepção pode ser alterada pela aplicação de uma variedade de técnicas. A fonte que embasa tais técnicas chamada de "modelagem", envolve a reprodução cuidadosa dos comportamentos e crenças daqueles que atingiram o "sucesso". Fonte: Wikipedia

(2) http://www.hypnobirthing.com/howitworks.htm.

(3) Bernard Auriol “Yoga et psychotherapie”.

(4) Nicole Witek, “Relaxar é possível”, CD disponível na FNAC e na Livraria Saraiva pela Internet.